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Vai ter ou não aumento das passagens de ônibus? Como em todos os anos, assunto volta à discussão

Fala-se em reajustes de 11% (algo próximo à inflação atual) e, até, chegando aos 50%, como já alardeado pelos empresários do setor

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Roberta Soares

Publicado em 07/12/2021 às 8:00 | Atualizado em 07/12/2021 às 12:13
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Como acontece historicamente, sempre que o fim do ano chega, o aumento das passagens de ônibus volta a ser o fantasma da vez. Pelo menos para o passageiro que usa o transporte público. No País, e também na Região Metropolitana do Recife. Basta chegar o mês de dezembro que o assunto volta à discussão. E, este ano, a impressão é de que um realinhamento - mesmo com todo o estrago promovido na economia por mais um ano de pandemia de covid-19 - está em maior evidência. Fala-se em reajustes de 11% (algo próximo à inflação atual) e, até, chegando aos 50%, como já alardeado pelos empresários do setor.

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FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
A drástica redução do número de passageiros no transporte público no Brasil tornou irreversível a discussão de subsídios diretos ao setor. A situação está tão crítica e, o que é pior, sem perspectiva, que a reação tem sido nacional - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Nem mesmo as eleições de 2022 - que afetam diretamente os sistemas de ônibus metropolitanos geridos por governos estaduais, como é o caso do transporte da Região Metropolitana do Recife - parece que irão conseguir evitar um aumento. A situação está tão crítica e, o que é pior, sem perspectiva, que a reação tem sido nacional. Nesta quarta-feira (8/12), prefeitos brasileiros vão em bloco bater na porta do Congresso Nacional para pedir socorro e, principalmente, que o governo federal pare de ignorá-los.

Para quem não lembra, o governo do presidente Jair Bolsonaro fez pouco caso dos apelos do setor de transporte público coletivo (por ônibus e sobre trilhos), que imploram por ajuda desde o primeiro ano da pandemia. Na época, o socorro era de R$ 4 bilhões. O Ministério da Economia, inclusive, fez o setor de bobo quando ensaiou uma análise de ajuda oficial e depois abandonou tudo.

SITUAÇÃO DE PERNAMBUCO

Em Pernambuco, a situação é tão crítica quanto. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana), Fernando Bandeira, já defendeu um reajuste tarifário “que a população possa pagar”, casado com uma ajuda extra tarifária. “O aumento da tarifa é inviável devido à perda de receita e ao aumento dos custos. Por isso o pedido do socorro ao governo federal. Já tivemos aumentos do diesel de 60% neste ano. Lembrando que o diesel é o segundo insumo que mais impacta no setor de transporte. Representa 26% do custo, ficando atrás apenas do gasto com pessoal, que representa 45%. Para se ter ideia, somente o aumento de 60% do diesel já trouxe um impacto de 15% no setor. Fora os aumentos de outros insumos, como veículos. O ônibus, por exemplo, passou de R$ 300 mil para R$ 480 mil. O pneu aumentou mais de 100%. Isso está levando o setor a uma situação periclitante”, afirmou.

A ida dos prefeitos a Brasília é vista como um ato de apelo importante. O entendimento do empresário é o mesmo de quem vivencia o setor: o Brasil precisa entender de uma vez por todas que o transporte público não pode ser financiado apenas pela tarifa paga pelo passageiro. É preciso um financiamento público, subsidiado por cobranças extra tarifárias, que viriam de fontes diferentes, como a taxação dos aplicativos de transporte individual - como Uber e 99 -, estacionamentos rotativos, IPVA e gasolina, por exemplo. Por tudo isso, a União é vista como a tábua de salvação do setor, principalmente para evitar o desgaste político de um aumento das passagens em plena crise econômica.

“A insensibilidade do governo federal é muito grande. Por isso a ida a Brasília. Além da crise, perdemos passageiros. A queda de demanda chegou a 75% e, mesmo agora, seguimos transportando apenas 75% do que transportávamos antes da pandemia. Só a tarifa não cobre os custos do setor. É necessário colocar receitas extra tarifárias. Que a União pelo menos cubra a gratuidade do idoso, que ele autorizou em todo o País. Em 2020, ano de eleições municipais, o transporte público da RMR não teve aumento. Já em 2021, o reajuste foi de 8%.

PRESSÃO EM BRASÍLIA

A ida de prefeitos e prefeitas a Brasília está sendo chamada de “Dia D”. O objetivo é mobilizar o Congresso Nacional e o governo Federal a avançarem nas pautas prioritárias de médias e grandes cidades. A iniciativa é resultado da 81ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), realizada nos dias 25 e 26 de novembro em Aracaju/SE. Entre outros temas, o financiamento do transporte público coletivo urbano. Os governantes afirmaram que os municípios pedem "socorro” e que a medida se faz necessária para que o setor não entre em colapso.

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