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Com cobradores nos ônibus, passagens aumentariam 10% a mais no Grande Recife, diz Estado

O governo de Pernambuco foi questionado sobre o real impacto da retirada dos cobradores dos coletivos. Somando o percentual dado e o previsto, anel A subiria para R$ 4,50

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Roberta Soares

Publicado em 22/02/2022 às 14:43 | Atualizado em 22/02/2022 às 14:43
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O aumento das passagens de ônibus da Região Metropolitana do Recife - de 9,69% e que ainda está sendo digerido pela população - poderia ter sido ainda maior caso os cobradores permanecessem nos ônibus. Seria de quase 20%, o que elevaria o anel A - o mais utilizado pelos passageiros (80%) - de R$ 3,75 para R$ 4,50 e, não, para R$ 4,10, como foi aprovado com folga pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), no dia 11/2/2022.

O argumento é do governo de Pernambuco, gestor do sistema de transporte por ônibus no Grande Recife, quando questionado sobre qual o real impacto da retirada dos cobradores de praticamente toda a frota do serviço. O questionamento foi feito em debate na Rádio Jornal.

Retirada de cobradores e dupla função de motoristas se consolidam nos ônibus do Grande Recife: menos de 5% das linhas ainda operam com o profissional

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Antes da pandemia, o processo já estava em plena execução, mas o ritmo era menor e havia critérios técnicos. As linhas tinham que ter baixo número de pagamento em dinheiro por viagem - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Na verdade, como explicou Tomé Franca, secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh) e presidente do CSTM, seria necessário dar um reajuste de 19,69%, sendo 9,69% do aumento sugerido e mais 10% referente ao custo dos cobradores. Na prática, o anel A subiria para R$ 4,488375, o que deveria ser arredondado pela Arpe para R$ 4,50.

“A planilha de custo apresentada pelo governo do Estado na reunião do Conselho não seria de um reajuste de quase 20%. Seria de 25,32%. Ou seja, o Estado teria que dar um aumento maior ou absorver um percentual maior dos custos”, explicou Tomé Franca.

O governo do Estado absorveu um pouco mais de 10% desse custo com o aumento de 9,69% das tarifas. Sem contar o custo alegado com a manutenção dos cobradores.


Guga Matos/JC Imagem
Nem mesmo o fato de que apenas 18 linhas de ônibus têm cobradores atualmente foi suficiente para evitar o aumento das passagens - Guga Matos/JC Imagem

RETIRADA DOS COBRADORES

O processo começou em 2015, foi interrompido pessoalmente pelo governador Paulo Câmara pela falta de planejamento e pouca oferta de canais para a compra digital dos créditos eletrônicos, para ser completamente liberado em 2020, no auge da primeira onda da pandemia de covid-19.

Apenas 18 das 380 linhas em operação, ou seja, o equivalente a 5% da oferta, operam com o cobrador. Todo o resto, segundo dados oficiais do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), está sem o profissional e tem o motorista atuando na dupla função.

SINISTROS COM ÔNIBUS E DESGASTE

A categoria rodoviária é unânime em afirmar que a retirada dos cobradores do sistema, sem a oferta fácil e sem custo para a compra dos créditos eletrônicos, tem colocado os motoristas em apuros na operação diária.

Denunciam, inclusive, que o estresse e a sobrecarga de tensão que é conduzir um veículo grande ao mesmo tempo em que recebe dinheiro e passa troco - algo ainda comum em muitas linhas e horários de pico - tem provocado um aumento de sinistros de trânsito envolvendo ônibus (não é mais acidente de trânsito que se diz. Entenda).

DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
Colisão entre ônibus no Ibura que deixou 17 pessoas feridas - DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
Colisão entre ônibus no Ibura que deixou 17 pessoas feridas - DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
Colisão entre ônibus no Ibura que deixou 17 pessoas feridas - DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários
Colisão entre ônibus no Ibura que deixou 17 pessoas feridas - DIVULGAÇÃO/Sindicato dos Rodoviários

Uma forte colisão entre dois coletivos ocorrida na manhã desta segunda-feira (21/2), no Ibura, bairro da periferia da Zona Sul do Recife, e que deixou 17 pessoas feridas, foi citada como exemplo dessa pressão sobre os profissionais.

“Mais uma consequência da dupla função: colisão grave entre ônibus da Metropolitana e Vera Cruz no bairro Ibura. Não temos dúvidas: o estresse, a sobrecarga de trabalho, o cansaço físico e mental ocasionado pela dupla função geram vários acidentes. Até quando? Até um acidente fatal? Chega! acabar com a dupla função com o retorno imediato dos cobradores e cobradoras”, foi o posicionamento do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco nas redes sociais.

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