Apesar de a mobilidade sustentável fazer parte do discurso de muitos políticos, ela não se confirma na prática. Principalmente quanto o recorte é sobre a destinação de recursos para o transporte público, por exemplo, que responde por 80% dos deslocamentos da população no Brasil.
O estudo “Financiamento da operação dos sistemas de transporte público coletivo nas cidades brasileiras”, realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), comprovou essa verdade.
O estudo, que teve como foco a indicação de oito fontes diferentes para custear socialmente o transporte público, constatou que o montante de recursos necessários para ajudar os sistemas não é parte tão relevante dos orçamentos públicos.
MAIS DESAFIOS:
Para isso, analisou os casos das cidades de São Paulo e Brasília e chegou a um percentual de, no máximo, menos de 5%. No caso de São Paulo, o comprometimento do orçamento público para um subsídio de 33,8% do custo dos serviços foi de 4,8%.
No caso de Brasília, para um subsídio médio de 49,9% do custo total, o comprometimento médio do orçamento foi de 1,7%.
Com base nos dados reais das duas cidades, o estudo simulou o comprometimento dos orçamentos públicos com o custeio parcial dos sistemas de transporte público nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba.
OUTROS DESAFIOS:
Considerando um subsídio fixo de 47,1% do custo total dos serviços nessas cidades, o
comprometimento dos orçamentos ficou em 4,4% para Belo Horizonte, 6,6% para o Rio
de Janeiro e 6,3% para Curitiba.
Em Pernambuco, subsídios representam R$ 200 milhões por ano. Não cobrem nem 10% do custo operacional. Quem ainda banca é a tarifa paga pelo passageiro.
Ou seja, o transporte público segue sem prioridade orçamentária. É prioritário apenas nos discursos.