A oferta de transporte público de graça nas Eleições 2022 virou um sucesso nacional, principalmente para o segundo turno. Levantamento de entidades que lutam pela prática como política de inclusão social - muito além das estratégias eleitorais - aponta que já são 335 cidades que não cobrarão a tarifa dos passageiros neste domingo (30/10).
A expectativa é de que 98,2 milhões de pessoas sejam beneficiadas. E, o que é mais gratificante sob a ótica da desigualdade social, todas as 27 capitais do País aderiram ao movimento. Até mesmo São Paulo, que resistiu à medida o quanto pôde, cedeu. E incluiu, além dos ônibus, o transporte sobre trilhos. Os metrôs e trens, vale ressaltar, não tiveram a mesma adesão que os sistemas de ônibus.
As exceções foram São Paulo, Distrito Federal e Ceará, onde as gestões são estaduais. Nenhum dos metrôs geridos pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), assim como a Trensurb (Porto Alegre), aderiram ao Passe Livre porque a gestão é federal.
PASSE LIVRE ELEIÇÕES: oportunismo eleitoral ou inclusão social?
Em Pernambuco, por exemplo, a resistência da CBTU em aderir à gratuidade deverá penalizar os passageiros que fazem a integração ônibus e metrô.
A discussão, agora, será ampliar a política da gratuidade no transporte público para outras datas. “É muito positivo o movimento que vem ocorrendo de cidades adotando o Passe Livre nas eleições. E ele tem dois impactos importantes: o primeiro é facilitar que pessoas possam votar e incentivar o direito ao voto”, defende Rafael Calabria, coordenador de mobilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).
“Em segundo lugar, gerar uma experiência muito importante de acesso de milhões de pessoas ao transporte gratuito, para elas verem que essa política é possível”, reforça. O IDEC é uma das entidades que vem acompanhando o movimento pelo Passe Livre nas Eleições 2022.
Considerando as 43 cidades que já praticam a Tarifa Zero o ano todo, são 377 cidades oferecendo o Passe Livre no domingo de segundo turno. Levantamento do IDEC aponta que, até a sexta-feira (28/10), ás 12h30, 152 cidades tinha feito publicação oficial sobre a gratuidade, com expectativa de atender 81,1 milhões de pessoas.
Outras 52 cidades tinham feito a divulgação na imprensa (41 municipais e 11 metropolitanas), com 7,2 milhões de pessoas alcançadas. Além de 131 cidades atendidas apenas por sistemas metropolitanos de Passe Livre (CE, ES, MA, PB, RN, SP), com 9,9 milhões de pessoas beneficiadas.
As entidades que defendem o movimento da gratuidade nas Eleições 2022 apresentaram um dado curioso e que fortalece a importância social da medida. A multa pela ausência no dia da votação é menor do que o preço de uma única passagem, ou seja, é menos oneroso limitar o acesso ao voto do que garantir o exercício do mesmo.
Mais uma discrepância que torna a mobilidade gratuita necessária. No Rio de Janeiro, por exemplo, a multa por não comparecimento é de apenas R$3,51, enquanto a passagem de ida e volta custa R$8,10. Em Pernambuco acontece o mesmo: a passagem mais barata dos ônibus da Região Metropolitana do Recife custa R$ 4, 10. A do metrô, por exemplo, que não aderiu ao Passe Livre, é R$ 4,25.
Para saber quais cidades têm passe livre acesse www.passelivrepelademocracia.org.