COLUNA MOBILIDADE
MOTOCICLETAS: produção de MOTOS tem melhor mês de outubro dos últimos 8 anos
O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (10/11), pela Abraciclo, entidade que representa as montadoras de motocicletas instaladas no polo industrial de Manaus (AM)
Com informações da Agência Estado
A produção de motocicletas voltou a bater recorde no Brasil. No maior volume para o mês em oito anos, a produção alcançou 137,3 mil unidades em outubro, marcando alta de 26,6% em relação ao número do mesmo período de 2021. Na comparação com setembro, que foi o segundo melhor mês do setor no ano, houve leve recuo de 1,6% na produção.
O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (10/11), pela Abraciclo, entidade que representa as montadoras de motocicletas instaladas no polo industrial de Manaus (AM). Não se via produção tão alta em outubro desde 2014, quando a indústria fabricou 144,6 mil motos no mesmo mês.
A previsão da Abraciclo, revista para cima no mês passado, é de crescimento de 18,8% da produção neste ano, o que, se confirmada, significará 1,4 milhão de motocicletas fabricadas nos doze meses. O setor se beneficia dos altos preços de carros e combustíveis, que estimulam a migração do consumidor a veículos mais baratos e econômicos, além da expansão dos serviços de entrega (delivery) na pandemia.
Apesar do crescimento da produção, a direção da Abraciclo informa que ainda existem filas de espera por scooters e motos de baixa cilindrada nas concessionárias. Em outubro, as vendas, de 120,3 mil motos, ficaram 24% acima do mesmo mês do ano passado.
Desde janeiro, 1,2 milhão de motos foram produzidas em Manaus, onde está concentrada quase toda a produção do País, um volume 19,3% superior ao registrado no mesmo período de 2021. Também é o melhor resultado para os dez primeiros meses do ano desde 2014.
O PERIGO DAS MOTOCICLETAS
Embora o aumento da produção de motocicletas seja comemorado economicamente, razões não faltam para preocupações sob a ótica do impacto no trânsito. Relatório de Segurança Viária do Recife, por exemplo, apontou que 81% dos sinistros de trânsito com vítimas em 2021 envolveram motociclistas. O relatório foi produzido pela Prefeitura do Recife em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.
Entre 2020 e 2021, o Recife registrou um aumento de 5% no número de ocorrências com motociclistas. Ainda assim, garante a CTTU, o número de vítimas fatais reduziu em 25%, o que representa uma diminuição das gravidades das ocorrências.
Nacionalmente, o cenário também crítico. As mortes de ocupantes de motocicletas saltaram de 13,5% em 2000 para 41,7% em 2019. Isso em todo País. Elas respondem por 40% das ocupações de leitos nas unidades de saúde pública destinadas às vítimas do trânsito - em média 60% dos hospitais.
A vítima da motocicleta geralmente sofre politraumatismos e, por isso, fica mais tempo internada. Podem ser meses e meses. E geralmente são. Enquanto as colisões de trânsito duplicaram no Brasil entre 1996 e 2017, as que envolveram motos aumentaram 16 vezes.
Os dados são do estudo Impactos Socioeconômicos dos Acidentes de Transporte no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), da ONU. E os feridos, muitos deles mutilados, custam caro para o País. Muito caro. Foram gastos R$ 1,5 trilhão em onze anos, o que representa uma despesa anual de R$ 132 bilhões.
FAIXA AZUL PARA MOTOS
Recife e Pernambuco ainda não têm, mas a experiência das faixas exclusivas para circulação de motos tem dado resultados positivos em São Paulo, onde um projeto piloto vem sendo testado nacionalmente e já está sendo ampliado.
Desde janeiro de 2022, a Avenida 23 de Maio, um dos mais importantes corredores da capital, que liga a Zona Sul ao Centro da cidade, ganhou uma Faixa Azul para motociclistas e obteve bons resultados.
Desde janeiro de 2022, a Avenida 23 de Maio, um dos mais importantes corredores da capital, que liga a Zona Sul ao Centro da cidade, ganhou uma Faixa Azul para motociclistas e obteve bons resultados.
Segundo a CET, a Faixa Azul passou a ser utilizada por 86% dos motociclistas, sem que houvesse óbitos ou sinistros graves no equipamento. Fora do espaço, com índice de uso de 14% dos motociclistas, teria ocorrido, praticamente, o dobro de sinistros.
Também segundo a CET, a lentidão média da Avenida 23 de Maio reduziu 6,6% na comparação com os mesmos períodos em 2019, quando não havia a faixa. Devido aos bons resultados, a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) autorizou a CET a inserir o equipamento em mais três locais da capital paulista, em caráter experimental, por um ano.