Em mais uma tentativa de evitar a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e, consequentemente, a do Metrô do Recife, os metroviários de Pernambuco decidiram decretar estado de greve permanente por 30 dias.
A decisão foi aprovada em assembleia da categoria, realizada na noite de quinta-feira (20/4), véspera do feriado de Tiradentes, na Estação Central do metrô, no bairro de São José, Centro da capital.
Mas, embora os metroviários tenham aprovado o estado de greve por um mês, o Metrô do Recife está funcionando normalmente. Pelo menos por enquanto, nenhum trabalhador irá cruzar os braços.
O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) fez uma grande convocação da categoria e deu a entender que defenderia a deflagração imediata da greve, respeitando apenas o prazo legal de comunicação do movimento com 72h de antecedência.
ESTADO PERMANENTE DE ASSEMBLEIA
Mas, a decisão final foi por um estado de greve por 30 dias, até que a CBTU seja retirada do PND (Programa Nacional de Desestatização). O Sindmetro-PE também aprovou um “estado permanente de assembleia”, ou seja, podendo realizar reuniões setorizadas e, a qualquer momento, deflagrar a greve geral do metrô.
“Temos um metrô que já transportou 400 mil usuários por dia e, hoje, só transporta 170 mil por falta de condições. O atual governo federal tem informado, em reuniões com a direção do sindicato, que vai promover a retomada dos investimentos no sistema, mas ao mesmo tempo não aceitamos o fato de a CBTU não ter sido retirada do PND”, declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.
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A reivindicação da categoria também pede que o Plano de Recuperação do Metrô do Recife, proposto pelo atual governo federal, seja colocado em prática com urgência.
POSSÍVEL PRIVATIZAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE
Mais do que o estado de greve da categoria, o movimento terá o desafio de conseguir reverter uma possível privatização do sistema pernambucano, que parece estar cada vez mais próxima.
Lula se diz contra as privatizações em campanha das Eleições 2022
Principalmente depois que, apesar do discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirou sete empresas do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e do Programa Nacional de Desestatização (PND), mantendo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gere o Metrô do Recife.
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Assim como aconteceu com o Metrô de Belo Horizonte (MG), a possibilidade de privatização aqui no Recife já bate à porta. O sistema mineiro foi concedido ao Grupo Comporte (que atua no transporte rodoviário de Minas Gerais) no fim de 2022 e, mesmo tendo oportunidade de ao menos solicitar o adiamento do leilão - realizado no dia 22 de dezembro de 2022 -, o governo de Lula não interviu.
CUSTO PARA RECUPERAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE
A recuperação imediata do Metrô do Recife custaria R$ 2 bilhões. O déficit do sistema só para custeio é de R$ 300 milhões/ano. O projeto de concessão pública - elaborado pelo governo federal na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, com aval do governo do Estado, estima um investimento de R$ 8 bilhões em 30 anos.
O entendimento do Sindmetro-PE é de que o Metrô do Recife precisa ser público, estatal federal e sua malha recuperada pelo governo federal, recebendo os investimentos e a manutenção necessárias para torná-lo referência, como já foi no passado.
E defende uma tarifa social de R$ 2 - hoje, a passagem do metrô é ainda mais cara que o principal anel dos ônibus: custa R$ 4,25.
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