FEMINICÍDIO NO TRÂNSITO: em depoimento, filha do casal disse acreditar na inocência do pai

Defesa do representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos tenta desqualificar o crime de feminicídio no trânsito para homicídio culposo no trânsito
Filipe Farias
Publicado em 11/04/2023 às 21:47
Segundo dia de julgamento do representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos, acusado de usar o carro para matar a esposa Patrícia Cristina Araújo Santos Foto: JC Imagem


Com informações da repórter Priscilla Cavalcanti, da TV Jornal

O segundo dia de julgamento do representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos, acusado de usar o próprio carro para matar a esposa - jogou o veículo contra uma árvore -, a engenheira de computação Patrícia Cristina Araújo Santos, se encerrou nesta terça-feira (11), na 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum do Recife, na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife.

Pela manhã foi ouvida a última testemunha de acusação, a deputada estadual Danielle Portela, que era amiga da vítima. Após o depoimento, a juíza Fernanda Moura de Carvalho interrompeu a sessão e retornou à tarde, por volta das 15h, para ouvir as testemunhas arroladas pela defesa.

A primeira a ser chamada foi a filha do casal, de 16 anos, e que foi depor na condição de informante. Como era de se esperar, o depoimento foi muito emocionante, com a garota chorando bastante, principalmente em dois momentos em que tanto a defesa, quanto o Ministério Público, a questionaram sobre a sua convivência com a mãe.

Em toda sua fala, que durou certa de duas horas, a filha do casal disse acreditar na inocência do pai, que não estava no plenário durante o depoimento.

Logo em seguida foi a vez de a juíza de direito Ana Flávia de Carvalho, testemunha de defesa. Em seu depoimento, ela afirmou que conheceu o casal desde o início do relacionamento e que presenciou os dois fazendo planos de casar e construir uma família.

A sessão foi encerrada por volta das 17h e será retomada nesta quarta-feira (12), a partir das 9h, quando serão ouvidas mais três testemunhas de defesa, outros três peritos criminais que participaram da investigação, além do segundo informante que é o filho do casal, de 18 anos.

Após encerramento do segundo dia de julgamento 

Os advogados de defesa do representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos não quiseram falar com a imprensa após o encerramento do segundo dia de julgamento.

Já a promotora de justiça, Dalva Cabral, falou sobre o segundo dia de julgamento. "O que a gente percebe é que nada foi informado do fato ocorrido no dia 4 de novembro de 2018 sem filtros. Ali foi contada a versão sustentada pela defesa, mas o que podemos dizer e é elogiável... Foi que a família da mãe, cuja a guarda dos filhos está com a avó materna, tem preservado os meninos de qualquer tipo de alienação. Eles têm muito respeito pelo pai e a filha mostrou isso aqui hoje. Mas a Patrícia infelizmente morreu e o que a gente pretende é buscar justiça para ela", contou Dalva Cabral.

ESTRATÉGIA DA DEFESA É DESQUALIFICAR O CRIME

O depoimento dos filhos da vítima e do réu é uma estratégia da defesa para tentar desqualificar o crime para homicídio culposo no trânsito, o que livraria o representante farmacêutico de continuar preso.

Guilherme José Lira dos Santos foi indiciado e denunciado pelo crime de feminicídio no trânsito. De jogar o carro que dirigia contra uma árvore e matar na hora a mulher e mãe de seus filhos. Patrícia recebeu o impacto de uma tonelada de ferro sobre o corpo.

Confira a história da morte de Patrícia Cristina no especial #UMAPORUMA

As imagens de um circuito de monitoramento dos edifícios confirmaram a violência: o veículo passando em alta velocidade e chocando-se, brutalmente, contra a árvore. A destruição foi tanta que os bombeiros não conseguiram tirar Patrícia pela porta do passageiro. O corpo foi retirado pela porta traseira. O marido não teve qualquer ferimento.

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