Na véspera do feriado de Tiradentes, os metroviários do Recife decidiram decretar estado de greve permanente diante da situação precária do metrô da capital pernambucana. A categoria deliberou sobre o assunto em assembleia geral realizada, na noite desta quinta-feira (20), na Estação Central do Recife, no bairro de São José.
Os metroviários também aprovaram na assembleia que o estado de greve permanecerá por 30 dias, até que a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) seja retirada do PND (Programa Nacional de Desestatização). O Sindmetro-PE (Sindicato os Metroviários de Pernambuco) também aprovou um “estado permanente de assembleia”, ou seja, podendo realizar reuniões setorizadas e, a qualquer momento, deflagrar a greve geral do metrô.
“Temos um Metrô que já transportou 400 mil usuários por dia e, hoje, só transporta 170 mil por falta de condições. O atual governo federal tem informado, em reuniões com a direção do sindicato, que vai promover a retomada dos investimentos no sistema, mas ao mesmo tempo não aceitamos o fato de a CBTU não ter sido retirada do PND”, declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE.
A reivindicação da categoria também pede que o Plano de Recuperação do Metrô do Recife, proposto pelo atual governo federal, seja colocado em prática com urgência, já que de acordo com o Sindmetro-PE, não é só os metroviários que estão sofrendo com a precariedade do metrô, mas principalmente a população, que depende diariamente do transporte público.
Mais do que o estado de greve da categoria, o movimento terá o desafio de conseguir reverter uma possível privatização do sistema pernambucano, que parece estar cada vez mais próxima.
Principalmente depois que, apesar do discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirou sete empresas do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e do Programa Nacional de Desestatização (PND), mantendo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gere o Metrô do Recife.
Assim como aconteceu com o Metrô de Belo Horizonte (MG), a possibilidade de privatização aqui no Recife já bate à porta. O sistema mineiro foi concedido ao Grupo Comporte (que atua no transporte rodoviário de Minas Gerais) no fim de 2022 e, mesmo tendo oportunidade de ao menos solicitar o adiamento do leilão - realizado no dia 22 de dezembro de 2022 -, o governo de Lula não interviu.
A recuperação imediata do Metrô do Recife custaria R$ 2 bilhões. O déficit do sistema só para custeio é de R$ 300 milhões/ano. O projeto de concessão pública - elaborado pelo governo federal na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, com aval do governo do Estado, estima um investimento de R$ 8 bilhões em 30 anos.
O entendimento do Sindmetro-PE é de que o Metrô do Recife precisa ser público, estatal federal e sua malha recuperada pelo governo federal, recebendo os investimentos e a manutenção necessárias para torná-lo referência, como já foi no passado.
E defende uma tarifa social de R$ 2 - hoje, a passagem do metrô é ainda mais cara que o principal anel dos ônibus: custa R$ 4,25.