GREVE DE ÔNIBUS: muito transtorno e poucos ganhos. As lições de uma das greves de ônibus mais prolongadas do Grande Recife

A principal lição que tiramos da greve de quase seis dias completos dos motoristas de ônibus da Região Metropolitana do Recife é de que, na prática, o transporte público não tem valor político e os benefícios que ele proporciona à população não são tão relevantes assim. A defesa do transporte público funciona mais no discurso do que na prática.

O resultado das negociações - após três tentativas fracassadas diante da Justiça do Trabalho - comprova essa afirmação. O Grande Recife parou nesses dias, um impacto que foi potencializado na semana passada com a paralisação de 48 horas do Metrô do Recife, fazendo 2 milhões de pessoas sofrerem para ir e vir.

GREVE DE ÔNIBUS: após seis dias, greve de ônibus chega ao fim no Grande Recife

Mas o que vimos foi o movimento ter como atores apenas os envolvidos diretamente: rodoviários, empresários e os passageiros - o lado mais fraco dos três, vale ressaltar. O poder público, como já afirmamos anteriormente, só acompanhou. 

Seis dias de transtorno para milhares de pessoas e uma categoria que sai da greve aceitando um reajuste linear para as cláusulas econômicas de 4%. E mais: comemorando o fato de que não terão os dias de greve descontados dos salários.

Embora o entendimento do Sindicato dos Rodoviários e dos profissionais que validaram o acordo na assembleia realizada em frente ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), o ganho foi pouco.

Como reconheceu o próprio presidente dos rodoviários, Aldo Lima. Foi melhor do que levar o dissídio para julgamento e ficar com os ganhos definidos pela Justiça. Ou levar o movimento para a ilegalidade, caso não chegassem a um acordo ou não acatassem a determinação da Justiça.

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É fato. Mas foi pouco.

Entre os rodoviários, o sentimento é de que a categoria conseguiu realizar um movimento forte, como há muito anos não conseguia. O que é verdade também.

A adesão ao movimento foi grande e a estratégia de deixar os coletivos saírem das garagens para serem bloqueados ao longo do percurso funcionou como pressão na cidade.

Mas também é verdade que a proposta inicial dos empresários era, no máximo, a inflação. E foi o que deram. Saíram de 3% para 4%. Apenas.

Mas, indo além da queda de braço anual das duas categorias, a verdade é que o Grande Recife ficou sem o sistema de ônibus - que transporta mais de 80% dos moradores da região - por seis dias. SEIS DIAS!

Um serviço essencial, que permite à população - principalmente a mais pobre - acessar oportunidades de trabalho, saúde, educação e lazer.

VENDAS DO COMÉRCIO DESPENCARAM COM A GREVE DE ÔNIBUS

Além dos passageiros, um dos setores que mais comemorou o fim da greve dos motoristas de ônibus no Grande Recife foi o comércio. Isso porque, com a paralisação, houve duas repercussões negativas para o setor.

A maior delas foi a ausência de potenciais clientes nas ruas das cidades, principalmente do Centro do Recife, onde 80% do público acessa utilizando o transporte coletivo. De acordo com o presidente da CDL Recife e também do Sindilojas Recife, Fred Leal, sem movimento, as vendas despencaram.

Outro impacto foi o que as cidades viveram em geral: a dificuldade de deslocamento dos funcionários. Em muitos casos, foi necessário o comerciante pagar um transporte alternativo para viabilizar a locomoção de ida e volta dos trabalhadores, o que gerou um custo adicional e não provisionado.

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