Greve de ônibus: Sindicato dos Rodoviários denuncia ameaças às vésperas da greve dos motoristas no Grande Recife

As intimidações estariam acontecendo pelas redes sociais da entidade, que garante que a greve de ônibus está mantida para esta segunda-feira (12/8)

Publicado em 11/08/2024 às 17:15 | Atualizado em 11/08/2024 às 17:42

Neste domingo, véspera da greve programada pelos motoristas de ônibus na Região Metropolitana do Recife para esta segunda-feira (12/8), o Sindicato dos Rodoviários denunciou estar sofrendo ameaças para que o movimento não aconteça ou, pelo menos, seja realizado sem a força esperada.

As mensagens teriam um teor violento e se agravado nos últimos dias, chegando a falar em assassinato. Estariam acontecendo pelas redes sociais e sendo direcionadas ao presidente do sindicato, Aldo Lima, e a diretores da entidade. “São mensagens que afirmam que haverá sangue no sindicato caso a greve da categoria seja iniciada”, afirmam os rodoviários.

Segundo a categoria, as ameaças começaram a surgir ao longo da semana passada, quando mais de mil motoristas aprovaram, em assembleias volantes, a deflagração do movimento. E estariam sendo feitas por meio de perfis falsos nas redes sociais.

AMEAÇAS FALAM EM "TIROS NAS COSTAS", SEGUNDO OS RODOVIÁRIOS

“As ameaças, que passaram a surgir ao longo da última semana através de perfis fakes, ganharam ainda mais gravidade nos últimos dias, quando passaram a ser dirigidas para a pessoa de Aldo Lima, presidente da entidade. Segundo as ameaças Aldo Lima será baleado nas costas, caso os ônibus parem neste dia 12”, relata o sindicato.

A entidade afirmou que tem o apoio da categoria e que repudia as ameaças, garantido que o movimento está mantido para começar nesta segunda. “A greve é um direito e ele será exercido pela categoria! Não nos intimidaremos perante tais ameaças. De toda forma, tomaremos as devidas providências junto às autoridades legais de Pernambuco”, diz o comunicado dos rodoviários.

JAILTON JR./JC IMAGEM
O Estado quer que seja mantida a oferta de 70% da frota de ônibus nos horários de pico (das 5h às 9h) e de 50% no restante dos horários - JAILTON JR./JC IMAGEM

A entidade voltou a cobrar a participação do governo do Estado no processo, como única forma de evitar a paralisação, que vai prejudicar diretamente 1,6 milhão de passageiros. “A greve está mantida para começar neste dia 12 e só quem pode evitá-la é a Urbana-PE e a governadora Raquel Lyra, apresentando uma proposta que atenda de forma digna as nossas reivindicações”.

REIVINDICAÇÕES DOS RODOVIÁRIOS

A greve foi confirmada pelo Sindicato dos Rodoviários após a categoria recusar a proposta do setor empresarial, durante assembleias volantes que foram realizadas por uma semana.

Na prática, as operadoras teriam oferecido um aumento de 4,2% - ganho real de 0,5% acima da inflação, que está em 3,7% -, o reajuste do vale-alimentação de R$ 366,40 para R$ 400 e o aumento do adicional pela dupla função dos motoristas de R$ 150 para R$ 180. A categoria reivindica 5% de aumento real, que o valor do vale duplique e que a dupla função suba para R$ 500.

Dois pontos, segundo os rodoviários, são fundamentais para evitar a greve e não foram aceitas nas negociações: o fim da jornada de trabalho pelo GPS e a implantação de um plano de saúde para a categoria.

EMPRESÁRIOS DEVERÃO ACIONAR A JUSTIÇA DO TRABALHO

Os empresários de ônibus não confirmam, mas é esperado que recorram à Justiça do Trabalho em breve para tentar resolver o mais rápido possível a greve que os motoristas de ônibus anunciaram a partir da próxima segunda-feira. Por nota, a Urbana-PE - o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco - confirmou apenas que está avaliando a possibilidade.

“A Urbana-PE está monitorando a operação e avaliará ao longo dos próximos dias quais providências deverão ser tomadas. Se mantida a greve anunciada pelos rodoviários, a Urbana-PE tomará todas as medidas possíveis para minimizar os transtornos à população, o que inclui acionar a justiça do trabalho com expectativa de breve julgamento para cessar os prejuízos sistematicamente causados pelas lideranças rodoviárias”, disse.

Nos bastidores, entretanto, a provocação à Justiça trabalhista é certa, como aconteceu em muitas das paralisações de motoristas de ônibus. A aposta é que, diante da falta de acordo, é preferível pedir o julgamento do dissídio no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6).

DENÚNCIA DE USO POLÍTICO DO MOVIMENTO EM PERNAMBUCO

Em nota enviada à imprensa, a Urbana-PE esclareceu que desde o início do mês de julho vem tratando das negociações coletivas da categoria, mas que o uso político do sindicato tem prejudicado o avanço de um possível acordo.

“A Urbana-PE reitera que desde o início do mês de julho tratou com o Sindicato dos Rodoviários sobre as negociações coletivas da categoria. A Urbana-PE se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria.

Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da Região Metropolitana do Recife (RMR). Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos.

É inaceitável que a nossa população e a mobilidade da RMR sejam penalizadas para servir aos interesses de determinados grupos. Apenas em 2024 a RMR já sofreu com 29 paralisações ilegais promovidas pelas lideranças rodoviárias, que parecem ter sido estendidas para coincidirem com o período eleitoral. Assim, diante da greve, a Urbana-PE assegura que se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local”.

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