Ponte Iputinga-Monteiro: Prefeitura do Recife libera nova ponte ligando as Zonas Norte e Oeste da capital após 12 anos de paralisações e obras

Nova ligação é fundamental para a composição da rede viária da capital pernambucana e esperada por muito tempo. Investimentos foram de R$ 45 mihões

Publicado em 24/08/2024 às 11:43 | Atualizado em 24/08/2024 às 13:06

Foram 12 anos de espera, entre obras iniciadas, paralisadas, alterações de projeto e retomada da construção. Mas, enfim, as Zonas Oeste e Norte do Recife têm uma ligação direta sobre o Rio Capibaribe, com a liberação ao tráfego de veículos, ciclistas e pedestres, neste sábado (24/8), da Ponte Iputinga-Monteiro, agora batizada de Ponte Professor Jaime Gusmão, numa homenagem ao engenheiro e professor da UFPE, que comandou a URB (Autarquia de Urbanização do Recife) e foi um dos criadores do Programa de Gerenciamento dos Morros, que serve de base até hoje para políticas do Ministério das Cidades.

A nova ligação, fundamental para a composição da rede viária da capital pernambucana e esperada por muito tempo, vai reduzir em mais da metade o tempo de deslocamento que antes precisava ser feito por corredores de transporte já saturados da cidade, como a BR-101 - no contorno que a rodovia federal faz do Grande Recife e que recebe um tráfego pesado e intenso -, e as vias de conexão entre as duas regiões, também extremamente saturadas.

Agora, a ligação está liberada entre os bairros da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, e do Monteiro, na Zona Norte, sobre o Rio Capibaribe. A nova ponte tem quatro faixas de rolamento, duas em cada sentido, uma ciclofaixa e calçadas. Tem 170 metros de extensão, 20 metros de largura e 12 metros de altura.

São R$ 44,9 milhões em investimentos da gestão municipal, que beneficiará 60 mil pessoas, entre motoristas, ciclistas, pedestres e passageiros. A ponte faz conexão com um novo sistema viário que ainda está sendo implantado - vale destacar - nos bairros da Iputinga e do Monteiro.

Está em andamento a requalificação de 16 ruas da região da Iputinga, totalizando 4,5 km, e a implantação de um binário de 700 metros, formado pelas ruas Rezende/ Dom Diamantino Costa e Pereira Coutinho Filho/ Maria de Fátima Soares, que fará a ligação entre a ponte e a Avenida Maurício de Nassau, conhecida como Paralela da Caxangá. O sistema também vai se conectar com a Estrada do Barbalho, de onde se chega à Avenida Caxangá e à BR-101.

CONFIRA OS GANHOS PARA A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS

A Ponte Iputinga-Monteiro vai melhorar a circulação viária de veículos entre os dois bairros, desafogando alguns corredores com tráfego intenso na cidade, como a BR-101, por exemplo. A gestão municipal lembra que a nova passagem irá suprir uma necessidade antiga de ligação entre as duas margens, já que não existe nenhuma ponte para veículos num trecho de quase 5 km do rio.

Atualmente, as pontes mais próximas ao longo do Capibaribe nesta região são a ponte da BR-101 e a ponte-viaduto Governador Cordeiro de Farias, que liga os bairros da Torre e Parnamirim.

Com a nova ligação, a distância entre o Parque de Exposições do Cordeiro e a Praça de Casa Forte passará dos atuais 6,7 km (via Torre-Parnamirim) e 8 km (via BR-101) para apenas 4,39 km. Motoristas indo do Parque do Caiara para o Parque Santana hoje precisam percorrer 5,1 km (via Torre-Parnamirim) ou 7,7 km (pela BR-101), distância que cairá para 3,82 km com a nova ponte.

CICLISTAS E PEDESTRES

Como obrigado por lei - é importante dizer isso, já que a Lei da Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012) determina -, a Ponte Iputinga-Monteiro tem uma ciclofaixa unidirecional (sentido único) em cada pista (leste e oeste), além das calçadas e guarda-corpo.

"Podemos considerar essa ponte como uma grande obra voltada para o viário da nossa cidade", disse Taciana Ferreira, presidente da CTTU. "Primeiro pela conexão importante de duas áreas, o que possibilita o encurtamento desse caminho e um menor tempo de deslocamento", continuou. A gestora ainda ressaltou a importância do trecho para todos os usuários, indo além dos condutores de veículos. "A idealização dessa ponte foi olhar para a mobilidade das pessoas, por isso ela vem com equipamentos tão importantes, como a ciclofaixa e a qualificação das calçadas", enfatizou.

SISTEMA VIÁRIO AINDA EM AMPLIAÇÃO

Segundo a PCR, o sistema viário principal, que liga a ponte ao solo, já foi concluído. Na região, foram realizados assentamento de meio-fio, asfaltamento de vias, passeios em concreto, drenagem das ruas principais, terra armada dos dois lados da ponte e pintura da ciclovia. No Monteiro, também foi realizada a reforma da praça do bairro, que ganhou cara nova, com decks em madeira, novos bancos, acessibilidade e travessias elevadas.

O sistema viário secundário, que também de acordo com a PCR já está em andamento, inclui a implantação de mais 2,7 km de ciclovias e ciclofaixas, 14 novos abrigos de ônibus; requalificação de vias, praças e passeios; criação de um binário; melhorias na drenagem; novas áreas de convívio e lazer; e melhorias na acessibilidade. O paisagismo será incrementado com o plantio de árvores e a iluminação ganhará 35 novos postes com luminárias em LED. Em ambos sistemas - principal e secundário - serão investidos R$ 46,7 milhões.

Confira a circulação prevista: 

Circulac?a?o - Ponte Iputinga... by Roberta Soares 

RECIFE ESPEROU 20 ANOS PARA TER UMA NOVA PONTE, DESTACA PREFEITURA

"Após mais de 20 anos, a população da capital pernambucana vai passar a contar com mais um equipamento considerado um marco na mobilidade urbana: a Ponte Engenheiro Jaime Gusmão", afirmou a prefeitura, em nota.

O mesmo argumento foi destacado por Marília Dantas, secretária de Infraestrutura do Recife, que definiu a inauguração da ponte como algo que tem um significado muito maior que o de uma obra finalizada. "É um símbolo de progresso para a cidade, porque vinte anos depois o Recife ganha uma nova ponte", falou. "Além disso, vai promover a integração entre os bairros, entre comunidades. A sua conclusão é uma vitória coletiva", comemorou.

PONTE IPUTINGA-MONTEIRO VIROU QUASE UMA LENDA URBANA NO RECIFE

A obra da Ponte Iputinga-Monteiro foi iniciada em 2012, no final da gestão do ex-prefeito João da Costa (PT), deveria ter sido entregue em 2014, já na administração do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB), mas foi paralisada e seguiu assim até o prefeito João Campos retomá-la.

Esse mérito é da gestão João Campos, não há como negar. A obra que se arrastou por anos e já estava quase esquecida pela população, mesmo com os esqueletos do início da construção à vista, foi viabilizada por ele e sua equipe.
A reconstrução da ponte, entretanto, também enfrentou problemas com as desapropriações de residências do lado do bairro do Monteiro, que afetou comunidades da área. Era para ter sido entregue ainda em janeiro de 2024, como prometido pelo prefeito nas redes sociais, na época. Depois, o prazo foi abril e, em seguida, junho, para ser entregue neste sábado (24).

PONTE NÃO É A TERCEIRA PERIMETRAL. NOVA PONTE PODERÁ SER CONSTRUÍDA PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

A nova Ponte Iputinga-Monteiro poderá ser utilizada pelo transporte público, mas os ônibus não terão prioridade nela, com um corredor ou faixa exclusiva, por exemplo. A informação apurada anteriormente pela Coluna Mobilidade é que uma outra ponte seria construída pelo prefeito João Campos na mesma região e que, essa sim, teria prioridade para o transporte público.

Seria, inclusive, a ligação que daria continuidade à chamada terceira perimetral da Região Metropolitana do Recife, projetada desde a década de 1980 como infraestrutura fundamental para o Sistema Estrutural Integrado (SEI), a integração dos ônibus e metrô do Grande Recife.

 

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