MORTES NO TRÂNSITO | Notícia

Colisão no Pina: motorista estava embriagado e a quase 100 km/h

A Polícia Civil confirmou que as vítimas fugiam de assaltantes e que, no desespero, o condutor assumiu o volante mesmo estando embriagado

Por Roberta Soares Publicado em 12/09/2024 às 15:15 | Atualizado em 18/09/2024 às 16:43

O motorista que destruiu um veículo Onix contra uma árvore, em julho, na Avenida Boa Viagem, no Pina, na Zona Sul do Recife, provocando a própria morte e a de outros cinco jovens, estava a quase 100 km/h e completamente embriagado. Tinha nada menos do que 20,12 decigramas de álcool por litro de sangue no corpo, muito mais do que o permitido pela Lei Seca, que tem tolerância zero ao consumo e álcool no sangue.

Ou seja, o motorista não tinha a menor condição de assumir o volante de um automóvel, como aconteceu. Além disso, o veículo estava a 97 km/h, segundo a perícia técnica realizada, velocidade desenvolvida numa distância de apenas um quilômetro. Essa seria a distância percorrida pelo condutor antes da violenta colisão contra uma árvore, na Avenida Boa Viagem.

Esses detalhes foram repassados pela Polícia Civil de Pernambuco durante coletiva, na manhã desta quinta-feira (12/9), para apresentar informações sobre a prisão de dois homens que teriam roubado diversos jovens que curtiam um luau à beira-mar na madrugada do dia 22 de julho, quando aconteceu o sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo a ABNT).

VÍTIMAS FUGIAM DOS ASSALTANTES QUE ESTAVAM ROUBANDO OUTROS JOVENS À BEIRA-MAR

As seis vítimas, inclusive, fugiam dos assaltantes quando houve a violenta colisão contra a árvore, matando cinco delas na hora. Os dois homens presos - e um casal que está sendo procurado - vão responder criminalmente pelas mortes, sendo indiciados pelo crime de latrocínio - quando o assalto resulta em morte.

O entendimento da Delegacia de Polícia de Delitos de Trânsito, responsável pela investigação do caso, é de que a violenta colisão de trânsito foi consequência do assalto realizado momentos antes. “Os dois homens presos, de 18 e 31 anos, estavam com um casal, que ainda não foi localizado, roubando o grupo que participava de uma festa à beira-mar. Teriam roubado já diversas vítimas e uma moto. Foi quando as seis vítimas, assustadas, teriam decidido fugir do local para não serem assaltadas. Os seis entraram no veículo e saíram do local em velocidade”, explicou o delegado Derivaldo Falcão, titular da Delegacia de Trânsito.

O condutor do veículo - Bruno Ulisses de Santana, 38 anos - não era o motorista oficial do grupo. “Pelo que apuramos, quem estava responsável por dirigir era um dos jovens que também morreu na colisão, mas que não estaria bebendo, exatamente para conduzir o veículo na volta. Mas, em pânico, o Bruno assumiu o volante e desenvolveu uma velocidade muita alta para um percurso tão pequeno, de apenas um quilômetro. Foi com essa velocidade que houve a colisão contra a árvore”, afirmou o delegado.

Na violenta colisão morreram, além de Bruno Ulisses de Santana, Kauã Vitor Marcelino da Fonseca, de 20 anos, Raquel Chaves Fernandes Bezerra, 21, Artur Felipe Oliveira dos Santos, 20, Gabriel Rodrigues Pereira Carvalho, 22 , Jobson José de Oliveira Silva, 27, e Bruno Ulisses de Santana, 38.

Das seis vítimas, três foram lançadas para fora do veículo porque todos os ocupantes estavam sem cinto de segurança - e apenas um cachorro sobreviveu, também encontrado do lado de fora do carro.

BEBIDA ALCOÓLICA, VELOCIDADE E AUSÊNCIA DE CINTO DE SEGURANÇA

Segundo informações da perícia técnica realizada pelo Instituto de Criminalística (IC) e repassadas à reportagem da TV Jornal, não houve, sequer, tentativa de frenagem por parte do condutor, o que evidencia o excesso de velocidade e a irresponsabilidade ao volante.

A violência da colisão foi tanta que o motor do carro foi arrancado e lançado a mais de 30 metros do local do sinistro de trânsito. O pneu dianteiro foi parar dentro do automóvel. Latas de cerveja foram encontradas no veículo pela perícia.

Outra informação que confirma a imprudência é que, também de acordo com a perícia, havia excesso de passageiros. Três das vítimas ficaram presas às ferragens do Onix e as outras três foram arremessadas para fora.

INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL

Os autores do roubo foram identificados, qualificados e reconhecidos por testemunhas do crime, segundo a Polícia Civil. As prisões foram realizadas na comunidade Vila São Miguel, em Afogados, na Zona Oeste do Recife, pela Delegacia de Polícia de Delitos de Trânsito, com apoio de policiais da Delegacia de Polícia de Roubos e Furtos (DPRF) e da equipe de operações da gestão Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (DEPATRI).

De acordo com a polícia, o local onde a prisão aconteceu é dominado pelo tráfico de drogas e de difícil acesso. Por isso, a necessidade de várias equipes policiais na ação. "A abordagem se deu de maneira cirúrgica sem chance de reação ou fuga. Desse modo, em menos de dois meses, o trabalho investigativo elucidou as circunstâncias do acidente, apontou a autoria do roubo, demonstrou a relação de causa e efeito entre os fatos, e prendeu os autores", afirmou a Polícia Civil em nota.

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