Enquanto o Brasil chegava a 439.050 mortes em função da covid-19, o Parlamento debatia o voto impresso
Nos tempos atuais, com toda a tecnologia a serviço dos candidatos e dos eleitores, parlamentares bolsonaristas estão gastando o dinheiro do contribuinte com a análise do projeto do voto impresso. É o voto de cabresto nos dias de hoje. Leia a opinião de Romoaldo de Souza
Caso eu chegasse aqui dizendo que já trabalhei com telex, certamente boa parte dos nosso leitores iria recorrer ao dicionário para saber do que se trata. O [tele]fax também não é um equipamento de trabalho atual e o voto de papel faz 25 anos que vem sendo abolido gradativamente, substituído pela urna eletrônica.
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Ocorre que assim, de repente, chego na Câmara dos Deputados e eis que está sendo instalada a comissão para analisar o projeto que torna obrigatório o voto impresso no país. Achei até que fosse brincadeira! Um 1º de abril [Dia da Mentira] fora de época. Mas não. O Parlamento brasileiro está discutindo o voto impresso, numa iniciativa de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que mesmo sem apresentar um argumento sequer, ameaça, costumeiramente, não reconhecer o resultado das eleições presidenciais de 2022, caso o voto impresso não seja estabelecido.
No passado, não muito distante, o Brasil vivia a era do “voto de cabresto”. Os “coronéis” controlavam o voto popular, distribuíam benesses aos eleitores e ainda exigiam um comprovante de que de fato o voto foi dado ao candidato indicado.
Nos tempos atuais, com toda a tecnologia a serviço dos candidatos e dos eleitores, parlamentares bolsonaristas estão gastando o dinheiro do contribuinte com a análise do projeto do voto impresso. É o voto de cabresto nos dias de hoje. Enquanto isso, do outro lado da rua, o Ministério da Saúde apontava que o Brasil chegava a 439.050 mortes em função da Covid-19 e, pasme, o Parlamento debatendo o voto impresso.
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Não será surpresa se em vez de discutirem a necessidade da internet nas escolas públicas para receber estudantes e educadores, os bolsonaristas aprovem um projeto de instalação de um orelhão na salas de aula.
Pense nisso!