Na pandemia da covid-19, o governo federal deixou para trás a população brasileira
Passados 14 meses do início da pandemia, ainda não há e dificilmente será estabelecida uma eficiente política de combate à Covid-19. Leia a opinião de Romoaldo de Souza
Entre tantos os absurdos e algumas tantas verdades ditas pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, a médica Mayra Pinheiro, o diálogo dela com a senadora Eliziane Gama (Cidadania - MA) mostra que o Brasil está enfrentando a pandemia da Covid-19 como um barco a deriva.
“quando a gente fala de imunidade, é [falar sobre] as crianças permanecerem indo pra escola, porque o risco de elas adquirirem a doença é 37,5 vezes menor do que o dos adultos”, disse a secretária para espanto da senadora maranhense: “…
mas as crianças não vão para a escola sozinhas, secretária; elas têm todo um corpo docente pra poder funcionar. Elas têm os professores, têm toda uma equipe de funcionalidades e, depois, elas têm que voltar pra casa”.
Em seu brilhante livro Equador, [Companhia das Letras] o escritor português Miguel Sousa Tavares escreveu que “as ilhas são lugares de solidão e nunca isso é tão nítido como quando partem os que apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer”.
O governo federal em conluio com boa parte de governadores e prefeitos simplesmente deixou para trás a população brasileira. Passados 14 meses do início da pandemia e ainda não há e dificilmente será estabelecida uma eficiente política de combate à Covid-19. O país ultrapassou 450 mortes e se alguém parar na rua o ministro da Saúde, secretários estaduais e municipais e perguntar para onde vamos, poucos deles saberão dizer qual é a ação coordenada para interromper a mortandade. O governo nos meteu numa ilha.
E, numa ilha, “é quase sempre mais triste ficar do que partir”, como define o escritor português. O governo está deixando para trás, está esquecendo de propósito a todos nós, numa ilha com poucas doses de vacina.
Pense nisso!