Opinião

Apesar de ter assinado o pedido de impeachment, PT não tem interesse imediato no afastamento de Bolsonaro

De Joice Hasselmann (PSL-SP) a Alexandre Frota (PSDB-SP), passando por representantes de movimentos sociais, igrejas e sindicatos, grupo apresentou relação com mais de 20 crimes supostamente cometidos pelo presidente

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Romoaldo de Souza

Publicado em 01/07/2021 às 7:13 | Atualizado em 01/07/2021 às 7:25
Análise
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O que é a política, minha gente!

Quem chegasse ontem no salão verde, o principal ponto de concentração de jornalistas, lobistas, transeuntes e, claro, deputados, ia se surpreender com a presença de manifestantes protocolando mais um pedido de “impeachment” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De Joice Hasselmann (PSL-SP) a Alexandre Frota (PSDB-SP), passando por representantes de movimentos sociais, igrejas e sindicatos, eles apresentaram uma relação com mais de 20 crimes supostamente cometidos pelo presidente.

O presidente da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Mauro de Azevedo Menezes, resumiu assim o ato público desta quarta-feira: “Esse chamado superpedido de “impeachment” é resultado de um esforço plural de sistematização e de aglutinação de forças políticas e sociais de diversas matizes e o resultado disso é em relação àquilo que foi feito desde início do mandato do presidente da República”.

São denúncias de que o presidente teria participado de manifestações públicas defendendo o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, praticado crimes de violação de direitos, ignorado denúncia de superfaturamento na compra de vacinas e imunizantes, entre outros.

Ocorre que, se de um lado você tem parlamentares que chegaram à Câmara dos Deputados embalados pelo efeito da votação de Bolsonaro, em 2018, por outro, ainda que tenham assinado o pedido de “impeachment”, partidos como o PT não têm interesse imediato na instalação do processo de afastamento do presidente, porque isso poderia enfraquecer a pré-candidatura de Luis Inácio Lula da Silva.

E nunca é demais lembrar a frase do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, quando estava em curso o processo de “impeachment” para tirar a então presidente Dilma Rousseff do cargo. “Um presidente que não tem um mínimo de 1/3 de apoio na Câmara não reúne condições de governar o país.” Bolsonaro tem hoje mais de 1/3 dos votos na Câmara.

Com o pedido de ontem, já são 125 requerimentos contra o presidente Jair Bolsonaro, mas a palavra final para abertura de processo é do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), eleito com o apoio de Bolsonaro. Resta saber se Lira seguirá o mesmo caminho de Joice Hasselmann e Alexandre Frota.

Pense nisso!!!

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