Opinião

Exoneração de diretor citado em denúncia de propina mostra que Governo Bolsonaro reconhece que tem algo suspeito no ar

Até a semana passada, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), enchia os pulmões de ar para bradar que no governo dele não havia corrupção. Leia a opinião de Romoaldo de Souza

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Romoaldo de Souza

Publicado em 30/06/2021 às 8:06 | Atualizado em 30/06/2021 às 8:51
Análise
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Brasília está em chamas, e nem estou falando daquele meme do veículo da Volkswagen pegando fogo, não. A capital do país despertou atônita, embasbacada com as reportagens das últimas horas, sobre corrupção no Ministério da Saúde. A última delas veio com uma denúncia de que o diretor de logística da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria cobrado US$ 1 [R$ 4,96] de propina para cada dose de vacina com comprasse. O Diário Oficial de hoje, publicou sua demissão.

Mas por que ainda causam espantos nas pessoas, notícias de superfaturamento de compras em órgãos públicos em Brasília? Porque até a semana passada, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), enchia os pulmões de ar para bradar que no governo dele não havia corrupção. “Nós botamos um freio na roubalheira”, disse Bolsonaro em Chapecó (SC), na última sexta-feira (25).

Voltando um pouco mais no tempo. Há semana, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, ameaçou investigar o servidor público Luis Ricardo,“por denunciação caluniosa”, por ele ter contado ao chefe do ministro que o contrato de compra da vacina indiana, Covaxin, tinha algo de errado. Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a suspensão do contrato. Lorenzoni chamou-se ao silêncio.

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Com a publicação do Diário Oficial desta quarta-feira, no mínimo o governo federal reconhece que tem algo suspeito no ar após o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, contar à Folha de São Paulo que Roberto Ferreira Dias teria negociado propina para a compra de vacinas contra a covid-19. Em um dos trechos da entrevista, Dominguetti contou: “Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele [Dias] falou: ‘Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo’. E eu falei: ‘Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?’”.

Hoje, a CPI da Covid pega fogo no Senado Federal.

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