Romoaldo de Souza

Redação do Enem: como esses milhões de invisíveis não votam, ninguém dá a mínima para eles

Certamente, a saída seria um pacto no Judiciário com os cartórios, fazer um mutirão e registrar cerca de 4 milhões de brasileiros que, legalmente, não existem. Não têm registro de nascimento, carteira de identidade, cartão do SUS e o título de eleitor

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Romoaldo de Souza

Publicado em 23/11/2021 às 6:54
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O tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, me fez lembrar outra pendência do Estado brasileiro que é com relação à população carcerária. Todo mundo, do Poder Executivo ao Judiciário, do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) ao presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, toda essa gente tem chutes. Eles estimam, mas não têm um número exato da quantidade de presos, nem o motivo pelo qual eles estão atrás das grades.

Voltando à redação do Enem, ao desenvolver esse tema, o aluno mais perspicaz deveria apresentar uma proposta para dar voz aos invisíveis. Certamente, a saída seria um pacto no Judiciário com os cartórios, fazer um mutirão e registrar cerca de 4 milhões de brasileiros que, legalmente, não existem. Não existem, não têm registro de nascimento, carteira de identidade, cartão do SUS e o título de eleitor. E é aqui que eu quero concluir.

Como esses milhões de invisíveis não votam, ninguém dá a mínima para eles. São cidadãos que não respondem às pesquisas de opinião, não têm documento para influenciar nas eleições. Vão continuar invisíveis. A não ser que o ministro Fux tome o rumo da conversa, provocado pelas redações do fim de semana, e convoque um mutirão, registrando essa população para que tenha acesso aos programas sociais, ao SUS e que ajudem a mudar o rumo do país, nas próximas eleições.

Pense nisso!

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