Joana [nome fictício] estava presa havia dois anos condenada por assalto a mão armada. Bem comportada, a cozinheira acabou prestando serviços na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia. Moradora da cidade de Ceilândia (DF), ela cumpria pena em regime semiaberto. Trabalhava durante o dia em um restaurante e voltava à noite para dormir na cadeia.
Nesta segunda-feira (16), toca telefone e Joana já foi logo pensando, “Ih, deu m*”. Era uma ligação da Colmeia. Ela atendeu e do outro lado da linha a diretora disse que ela tinha uma hora para desocupar a cela onde dormia. “Se quiser alguma explicação, corra pra aqui”, disse a chefe da carceragem.
Joana pegou um transporte de aplicativo, gastou todas as economias que tinha recebido na diária e correu para a Colmeia. Pegou a roupa, o shampoo e creme rinse, escovas de cabelo e de dente, a pasta e foi embora dormir com as crianças. “Desde o Natal que eu não [as] vejo”, contou.
A caminho da Colmeia, Joana tomou conhecimento de uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), acatando um pedido da Defensoria Pública, mandando liberar 85 presas da Colmeia.
“A medida do ministro do Supremo é para abrir espaço para mulheres que participaram dos atos terroristas no último 8 de janeiro”, disse o repórter, na rádio do Uber que transportava Joana. Ela sorriu com a liberdade provisória. “Agora eu tomo jeito”, prometeu.
Os atos que resultaram em quebra-quebra no Congresso Nacional, STF e no Palácio do Planalto, já levaram à prisão, 1.382 pessoas. Sendo que 894 são homens e 488 mulheres. Para a Justiça é prioridade deixar os “terroristas” atrás das grades até que se concluam as investigações. Para Joana é uma oportunidade que ela não quer desperdiçar.
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