A recomendação médica é para que os remédios de uma casa devem ser mantidos longe do alcance das crianças. No Palácio da Alvorada, quando os inquilinos eram os Bolsonaros o então presidente da República exagerava na dose de medicamentos controlados e acabava perdendo o controle das redes sociais. Em depoimento nesta quarta-feira (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse à Polícia Federal que fez “por equívoco” a publicação de um vídeo contendo informações insinuosas sobre o resultado das eleições.
"Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem. Observo, inclusive, que essa postagem foi feita na sua rede social de menor importância", disse o advogado Paulo Cunha Bueno. "Realmente aquilo ali foi um equívoco na hora de salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente. O presidente, quando saiu de férias, ele tratou a eleição como página virada. Então, em momento algum você vai encontrar alguma declaração dele declinando que a eleição foi fraudada. Em momento algum isso foi falado”, assegurou.
Na tribuna do Congresso Nacional, o líder da Federação Rede/Psol, deputado Guilherme Boulos (SP), chamou o ex-presidente de Chaves, humorista mexicano que tinha como bordão, “Foi sem querer, querendo”, dizia. “Como é que alguém passa quatro anos comando um país tão importante como é o Brasil, questiona o tempo todo as instituições, a Justiça Eleitoral, as urnas eletrônica e na hora [em] que é apanhado com a boca na botija vem dar uma de Chaves. Inacreditável que o ex-presidente é do tipo que quando é arrochado, logo pede arrego”, afirmou. Chaves foi um personagem do artista mexicano Roberto Gómez y Bolaños (1929-2014). Esteve no ar, no SBT por quase quarenta ano e repetia sempre: “foi sem querer, querendo.”
CPMI dá pinta de que vai tirar o sono de muita gente — O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez a leitura do requerimento de partidos de oposição para criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito destinada a investigar os atos de 8 de janeiro deste ano. Agora, a bola foi passada para os líderes dos partidos que terão até a próxima semana, prazo para indicar 16 deputados e 16 senadores titulares e a mesma quantidade de suplentes. A Mesa Diretora do Congresso é que vai fazer os cálculos de proporcionalidade para indicar como será composta a CPMI, indicando quantas cadeiras cada bloco partidário poderá preencher.
A base aliada do governo Lula, inicialmente, não queria a CPMI, mas “agora que é fato consumado” já começa a traçar estratégias. “Ela será uma oportunidade para ampliarmos as investigações, à medida que peixes grandes do governo passado - inclusive ministros - devem ser investigados para que esclareçam os fatos do 8 de janeiro. Eu não tenho dúvidas de que a situação só tende a se complicar para o lado dos bolsonaristas”, aposta o senador Humberto Costa (PT-PE).
Já o deputado Coronel Meira (PL-PE) disse que a oposição não tem medo da CPMI. “A verdade vai ser passada a limpo. Quem tem medo da CPI é Lula, são os ministros deste governo, como Flávio Dino [Justiça] e o ex-ministro o general Gonçalves Dias, que pediu exoneração do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Ainda de acordo com Meira, “O Brasil vai saber, verdadeiramente, quem foram os autores daqueles atos. E, se houver algum bolsonarista envolvido que pague a sua conta, nós da oposição não vamos colocar panos quentes”, assegurou.
Na bolsa de aposta, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) é o nome cotado para comentar a CPMI. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) saiu na frente como possível relator. Na próxima semana, a CPMI dos atos de 8 de janeiro já poderá começar suas atividades que terão prazo de duração de até 180 dias.