Apesar de serem proibidos, celulares continuam sendo encontrados com facilidade nas unidades prisionais. Foto: Seres/Arquivo
Apesar das constantes denúncias sobre o uso de celulares e outros eletrônicos em presídios de Pernambuco, a Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres) não consegue dar um basta ao problema. E isso é possível comprovar, inclusive, nas revistas realizadas nas unidades prisionais. Sempre é encontrada uma grande quantidade de aparelhos escondidos. Nesse domingo (07), repercutiu nas redes sociais a denúncia de que o comerciante Edvan Luiz da Silva, de 32 anos, acusado de estuprar e assassinar a fisioterapeuta Tássia Mirella, 28, em Boa Viagem, pode ter usado as redes sociais no Presídio de Igarassu. A denúncia foi publicada com exclusividade pelo
Ronda JC. A Seres acredita que as postagens foram feitas em um perfil falso, mas disse que vai encaminhar o caso para investigação da Polícia Civil. Mas não é de hoje que acusados de crimes de repercussão no Estado usam celulares e até computadores em presídios, como já foi denunciado aqui mesmo neste blog.
Em julho de 2016, veio à tona a denúncia de que os empresários presos na
Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal naquele ano, usaram computadores e telefones fixos dentro do Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, onde estavam sob força de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça Federal. Um detento da unidade prisional, onde estão os quatro suspeitos desde o último dia 21, teria facilitado o uso dos aparelhos, cujo acesso é restrito apenas aos agentes penitenciários e outros funcionários autorizados pela direção.
O uso dos computadores e telefones aconteceu na mesma noite em que João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira e Arthur Roberto Lapa Rosal foram presos na Operação Turbulência. Segundo agentes penitenciários, os presos teriam aproveitado a oportunidade para realizar até transferências bancárias. Várias ligações também foram feitas para parentes e outros contatos dos empresários. Tudo dentro do setor de saúde da unidade prisional e sem qualquer vigilância.
Após a descoberta, o detento responsável, identificado apenas como Marcos, foi isolado dos demais. Já os empresários foram encaminhados de volta às celas especiais. Eles tiveram o benefício porque alegaram, à época, ter diploma de ensino superior. Nenhum deles sofreu punição. Todos já estão soltos. Na época, após denúncia do
Ronda JC, a Seres informou que "tomou as devidas providências com relação ao fato, inclusive com o encaminhamento de um reeducando concessionado (que trabalha) ao conselho disciplinar".
Relembre o caso
Médico também usou celular
Cirurgião Cláudio Amaro é apontado pela polícia como o mandante do assassinato de Artur Eugênio. Foto: JC Imagem
Outro caso polêmico foi registrado em 2015. O médico Cláudio Amaro Gomes, acusado de ser mandante do assassinato do médico Artur Eugênio de Azevedo, em maio de 2014, e o filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, já condenado pelo crime,
teriam usado celulares diferentes para fazer ligações de dentro do Cotel. Consta nos autos do processo judicial que pai e filho teriam telefonado para testemunhas do caso e as coagido.
A prova foi uma das que serviu de base à juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, da 1ª Vara do Júri de Jaboatão dos Guararapes, na época, para decidir pela permanência dos acusados na prisão. Segundo a magistrada, as ligações de dentro do presídio, coagindo testemunhas, "deixa claro a infringência das normas do sistema carcerário, além de, indiretamente, está inibindo as testemunhas e, claramente, interferindo nas investigações".
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