IMPUNIDADE

Processo de advogado morto por choque elétrico no Recife está parado na Justiça

Morte de Davi Lima Santiago Filho ocorreu há quase 8 anos. Sentença de juiz pode condenar um gestor da Celpe por homicídio culposo

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Raphael Guerra

Publicado em 07/05/2021 às 7:00
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A revoltante morte do advogado e músico Davi Lima Santiago Filho, de 37 anos, que foi eletrocutado ao encostar em um fio de alta tensão desencapado na Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Setúbal, Zona Sul do Recife, em junho de 2013, continua impune. Desde dezembro de 2019, o processo está parado na Oitava Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O que falta? Apenas a sentença do juiz responsável, que vai decidir se condena ou não um gestor da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) - réu por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Para quem não se recorda, a morte do advogado ocorreu na noite chuvosa do dia 11 de junho de 2013. Davi, que era integrante da banda "Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis", caminhava com o cachorro quando foi vítima do choque elétrico. A vítima caiu no local. O animal ficou latindo ao lado do dono, chamando a atenção. Minutos depois, outra mulher que passava pela via também sofreu o choque, mas conseguiu sobreviver. Na ocasião, moradores da área denunciaram ter acionado a Celpe, dias antes, para resolver o problema do fio solto. 

Em abril de 2014, o delegado Erivaldo Guerra, então titular da Delegacia de Boa Viagem, decidiu indiciar um gestor da Celpe e outro da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), órgão ligado à Prefeitura do Recife. Na conclusão, com 350 páginas, o delegado explicou que a perícia comprovou que o fio elétrico pertencia à Emlurb, mas cabia à Celpe a fiscalização, por isso ambas tiveram diretores responsabilizados pela suposta negligência. Os funcionários foram indiciados pelo homicídio culposo e por lesão corporal culposa (este último referente à mulher que também levou choque). 

A Celpe também foi multada em R$ 174 mil pela Agência Estadual de Regulação (Arpe), meses após a morte do advogado. Segundo relatório da Arpe, houve deficiência na manutenção da rede de energia da companhia.

O Ministério Público chegou a pedir mais diligências em relação ao inquérito por ter discordado do resultado. Acabou denunciando à Justiça apenas o gestor da Celpe, em julho de 2015. Desde então, o processo seguiu na Justiça, com audiências de instrução e julgamento - para ouvida de testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu - e também coleta de outras provas pedidas pelas partes envolvidas. 

MOROSIDADE

Só que o tempo passou, todas as fases do processo foram concluídas há um ano e cinco meses. E nada da sentença. A coluna Ronda JC entrou em contato com a assessoria do TJPE na quarta-feira (06), mas até o final da noite dessa quinta-feira (06), não teve resposta sobre essa demora. A assessoria informou apenas que estava "em processo de apuração junto à unidade judiciária". 

 

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