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Pais de Beatriz chegam ao Recife após caminharem 720 km durante 24 dias

Além de pedir justiça, os pais de Beatriz, Sandro Romildo e Lucinha Mota, querem uma reunião com o governador para insistir o pedido de federalização do caso

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Raphael Guerra, Marcelo Aprígio

Publicado em 28/12/2021 às 9:40 | Atualizado em 28/12/2021 às 14:34
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Os pais de Beatriz Mota, menina que foi assassinada com mais de 40 facadas há seis anos em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, chegaram no Recife na manhã desta terça-feira (28), após caminharem cerca de 720 km em busca de justiça. Ele saíram de Petrolina no último dia 5 de dezembro, passando por diversas cidades em uma verdadeira cruzada por respostas sobre o caso da filha.

Além de pedir por justiça, os pais de Beatriz querem uma reunião com o governador Paulo Câmara para insistir o pedido de federalização do caso. Para eles, diante de denúncias de irregularidades nas investigações, o ideal é que a Polícia Federal assuma o caso.

"Eu quero que o governador (Paulo Câmara) me receba com um parecer que ele me prometeu em 2019, assumindo a importância da federalização, porque só assim Beatriz vai ter o direito de ter um inquérito justo e imparcial", afirmou Lucinha.

Por isso, a expectativa agora é que os pais da garota sejam recebidos, ainda nesta terça-feira (28), por Paulo Câmara. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, o governador admitiu que o trabalho da Polícia Civil "não atingiu o êxito" esperado.

"A gente sempre esteve muito atento a este caso da Beatriz, inclusive eu estive com a mãe dela aqui no Palácio (do Campo das Princesas) e em outras oportunidades em Petrolina, mais de uma vez. Desde o início, nós solicitamos uma apuração rigorosa com relação a isso. Infelizmente o trabalho da polícia não atingiu o êxito que nós gostaríamos de ter atingido, que era justamente chegar a autoria e a responsabilidade. Mas estamos à disposição como sempre estivemos", afirmou Câmara.

"Essa questão da federação nunca foi um tabu para Pernambuco. Outros casos de repercussões foram federalizados. Inclusive, a sua grande maioria chega aos mesmos resultados da nossa polícia. Mas se for para realmente contribuir não vamos nos opor. Esse assunto da federação já tinha chegado a nós. Agora, nós temos que respeitar os ritos e a legislação. Não podemos fazer mais ou além do que esteja dentro das nossas possibilidades. E a polícia entendeu que produziu o que poderia se produzir até hoje, em termos de resultados", disse o governador Paulo Câmara.

"Agora qualquer fato novo, qualquer ação que possa ser inserida, nós vamos ser os primeiros a querer que isso seja apurado. Nós queremos também, tanto quanto a mãe, que isso seja apurado, porque é o conforto que ela está esperando e realmente diante de uma perda que não tem volta. A questão da autoria e da prisão é o que a mãe tem dito, que é o grande objetivo dela. Sempre que houver um fato novo e relevante nós vamos utilizar forças para tentar de todas as formas chegar a uma resultado final desse processo", completou.

Apoio

No trajeto até o Recife, os pais de Beatriz, Sandro Romildo e Lucinha Mota, receberam o apoio e companhia de Mirtes Renata, mãe do menino Miguel, de 5 anos, que morreu ao cair do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife após ser deixado sozinho dentro de um elevador pela patroa da mãe. Além de Mirtes, familiares do soldado Joanilson da Silva, da PM da Bahia, morto por engano em ação da Polícia Civil de Pernambuco, também estão ao lado de Sandro e Lucinha na caminhada.

O caso

No dia 10 de dezembro de 2015, em Petrolina, Beatriz Mota, de 7 anos, foi assassinada com 42 facadas em uma sala desativada do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde estudava, quando acontecia a formatura da irmã mais velha.

Beatriz havia se afastado para beber água e não voltou mais. O corpo dela foi encontrado 30 minutos após.

Atualmente, uma força-tarefa de delegados acompanha o caso. O inquérito, com 24 volumes, foi remetido ao Ministério Público no começo deste mês. Há, ao todo, 442 depoimentos, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas.

Em 2017, polícia divulgou a imagem de um suspeito que possivelmente entrou no colégio durante a festa. Uma câmera flagrou o rapaz do lado de fora, mas nenhuma imagem do lado de dentro teria registrado. Foi oferecida recompensa de R$ 10 mil, mas o criminoso não foi encontrado.

Testemunhas contaram à polícia, na época, que o suspeito teria sido visto tentando se aproximar de outras crianças antes de chegar até Beatriz. Mas ninguém desconfiou.

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