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CASO BEATRIZ

Com manobra da defesa, nova audiência do Caso Beatriz é marcada para dezembro

Advogado do acusado pela morte da menina, em Petrolina, insiste no depoimento de um morador de rua que não foi encontrado pela Justiça

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 23/11/2022 às 19:10 | Atualizado em 23/11/2022 às 20:40
RENATA ARAÚJO/TV JORNAL
Pais de Beatriz colam cartazes, no Fórum de Petrolina, com foto do acusado de matar menina - FOTO: RENATA ARAÚJO/TV JORNAL
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Uma manobra da defesa do acusado de assassinar a menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, vai atrasar o andamento do processo. Prevista para ser concluída nesta quarta-feira (23), a audiência da instrução e julgamento que pode levar Marcelo da Silva, 40, a júri popular, só deve ser finalizada no dia 15 de dezembro.

A nova data foi marcada pela Justiça porque uma das oito testemunhas de defesa - um morador de rua - não compareceu ao Fórum de Petrolina. O advogado Rafael Nunes, que defende o acusado, insistiu na ouvida, mas a testemunha não foi encontrada.

Por causa disso, haverá nova tentativa de intimação para que ela compareça à audiência a partir das 9h na data marcada. O interrogatório do réu confesso, que precisa ocorrer após a ouvida de todas as testemunhas, também foi adiado. Lembrando que ele tem direito a permanecer em silêncio. 

Após essa fase ser finalizada, o representante do Ministério Público e o advogado de defesa do réu vão apresentar as alegações finais. Por fim, a juíza Elane Brandão decidirá se Marcelo irá a júri popular.

Nesta quarta-feira foram ouvidas duas testemunhas de acusação e mais seis de defesa (a sétima que estava presente foi dispensada pelo próprio advogado de Marcelo). Os depoimentos duraram cerca de dez horas - tempo próximo ao gasto na terça-feira, quando seis testemunhas de acusação foram ouvidas sobre a morte de Beatriz. 

A imprensa não foi autorizada pela Justiça a acompanhar os depoimentos.

Em frente ao fórum, pela manhã, houve uma mobilização comandada pela mãe de Beatriz, Lucinha Mota, que colou cartazes com a foto de Marcelo da Silva e com a palavra "assassino" em destaque.

Em entrevista à TV Jornal, na noite desta quarta-feira, pai de Beatriz, Sandro Romilton, afirmou que considerou a audiência bastante produtiva. Como não estava na condição de testemunhas, ele tem direito a acompanhar todos os depoimentos.

"Saio cansado, mas satisfeito. Todos os depoimentos foram muito importantes. Acredito que a testemunha que a defesa insiste em ouvir não vai acrescentar muito. É mais uma estratégia da defesa para ganhar tempo. Vamos aguardar esperançosos", disse. 

O QUE DIZ A MÃE DE BEATRIZ

Na saída do fórum, na terça-feira, a mãe de Beatriz reforçou não ter dúvidas de que Marcelo da Silva é o culpado pelo crime, que aconteceu em Petrolina, Sertão de Pernambuco, em 10 de dezembro de 2015.

"Ele é o assassino. Eu jamais permitiria que um inocente pagasse pelo crime. A confissão dele foi espontânea, ele não foi forçado a nada. Ele é um covarde, tirou a vida da minha princesa. Há muitas provas, não temos dúvidas. A defesa não tem como contestar nada", afirmou Lucinha à imprensa.

A mãe de Beatriz teve acesso à íntegra do inquérito policial, que contou com 5.831 páginas.

A defesa do réu confesso alegou que Marcelo não estava no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora no momento do crime. Ao ser questionado por repórteres onde o acusado estaria, o advogado Rafael Nunes se negou a falar. "Isso será alvo do interrogatório."

RELEMBRE O CASO BEATRIZ

Beatriz foi morta a facadas no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. O autor do crime só foi descoberto em janeiro deste ano.

Marcelo da Silva responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima).

O acusado foi reconhecido por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime. Depois disso, a polícia foi até o presídio onde Marcelo estava, no Agreste de Pernambuco, e ele confessou o assassinato.

Em depoimento gravado em vídeo, Marcelo contou que havia entrado no colégio, onde ocorria uma festa de formatura, para conseguir dinheiro.

Beatriz, que havia saído da quadra esportiva para beber água, teria começado a gritar ao perceber a presença do acusado próximo a ela. Ele, então, teria levado a menina até uma sala isolada, onde praticou o crime. Ele contou que fez isso para que ela parasse de gritar.

A descoberta do assassino ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, para cobrar justiça. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime.

Além da ouvida do acusado, outras provas, como uma reprodução simulada na instituição de ensino, foram produzidas para a conclusão das investigações.

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