Caso Beatriz

'Eu parei quando não vi mais ninguém gritando', diz suspeito do Caso Beatriz em depoimento à polícia

Na gravação, o homem afirma ter esfaqueado a criança após ela se desesperar ao vê-lo com uma faca

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JC

Publicado em 15/02/2022 às 16:50 | Atualizado em 15/02/2022 às 17:02
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A TV Jornal exibiu com exclusividade, nesta terça-feira (15), trechos do depoimento prestado à Polícia Civil por Marcelo da Silva, de 40 anos, suspeito ter matado a facadas a menina Beatriz Angélica mota, numa escola particular na cidade de Petrolina, Sertão de Pernambuco, em 2015.

Na gravação, o homem afirma ter esfaqueado a criança após ela se desesperar ao vê-lo com uma faca. "Ela olhou para a minha perna, eu estava sentado, ela olhou e disse 'você está armado aí, é uma faca', ela ficou com medo, se intimidou. Eu disse desse jeito: cala a boca, fique caladinha, não saia enquanto vou embora, fique bem quietinha. Ela começou a gritar, eu descontrolado, eu não sei nem onde é que estavam acontecendo as perfurações, o quarto era todo escuro".

A mãe da criança, Lucinha Mota, já rebateu essa declaração de Marcelo. Ela diz não acreditar que a garota tenha sido morta de forma aleatória, simplesmente por ter encontrado o homem e que ela não teria noção de que estava em perigo para reagir como o suspeito afirmou.

Questionado sobre em que momento parou de esfaquear a criança ele responde: ''Parei quando não vi mais ninguém gritando''.

Reprodução

Na última sexta-feira (11), as testemunhas que participaram da reprodução simulada do assassinato de Beatriz reconheceram o suspeito como autor do crime, segundo o advogado dos pais de Beatriz, Jaime Badeca.

A defesa de Marcelo expressou descontentamento com o reconhecimento e alegou que irá solicitar impugnação. “Iremos judicializar o ato, porque uma situação de extrema estranheza aconteceu. Todo mundo sabe que há mais de um mês vem ventilando a foto do Marcelo trajando uma camiseta amarela. Curiosamente Marcelo me aparece na hora do reconhecimento com uma camiseta amarela. Isso é tendencioso. Vamos judicializar e certamente essa perícia será invalidada”, destacou o advogado Rafael Nunes.

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Marcelo não compareceu à escola para a reprodução por orientação de seu advogado. “Ele não irá participar de qualquer perícia ou reprodução simulada, apenas de reconhecimento de pessoas. Ele não vai porque não vai produzir provas contra ele mesmo, [não vai] simular uma coisa que ele não fez”, disse Rafael Nunes à TV Jornal.

O suspeito seguiu para Petrolina e passou por procedimento de reconhecimento de pessoas na Delegacia para, em seguida, retornar a Igarassu, no Grande Recife.

A presença do suspeito na reprodução havia sido requerida pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e concedida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Mesmo sem a presença do suspeito, o advogado da família de Beatriz, Lécio Rodrigues, afirmou que não há problema ao andamento do inquérito.

“A reprodução simulada não é uma prova indispensável para o inquérito policial. Pode haver indiciamento e denúncia independentemente disso. Já existem provas colacionadas ao inquérito policial que indicam efetivamente a participação de Marcelo no crime. Temos o laudo pericial de confrontação genética. Tivemos informações do delegado que testemunhas confirmaram a presença dele no local do crime e como autor do fato, e temos o reconhecimento de pessoas, que vem acontecendo na Delegacia de Petrolina”, afirmou.

Inquérito

Na última semana, a Secretaria de Defesa Social informou que a força-tarefa designada está em fase final de investigação, com a realização de diligências e perícias complementares, para concluir os trabalhos e remeter o inquérito ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Por fim, disse não estar passando informações sobre o que tem acontecido na reprodução devido ao inquérito do Caso Beatriz estar sob segredo de Justiça.

O homem de 40 anos se tornou o principal suspeito do assassinato de Beatriz em janeiro de 2022, seis anos após a morte da menina. Ele foi apontado como autor do crime pela polícia após exames de DNA, colhidos na faca, apontarem material genético dele na arma do crime. Ele chegou a confessar, mas sua nova defesa apresentou uma carta, que teria sido assinada por ele, na qual ele teria voltado atrás e se declarado inocente. 

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