Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil
O julgamento da pastora e ex-deputada Flordelis, acusada de ser a mandante do assassinato do seu marido, Anderson do Carmo, começou nesta segunda-feira (7), no Tribunal do Júri de Niterói, no Rio de Janeiro.
Anderson do Carmo foi executado a tiros na residência da família, no bairro de Pendotiba, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, no dia 16 de junho de 2019.
O histórico da relação de Flordelis com Anderson é complicado. Em meados dos anos 90, quando ainda era um adolescente, Anderson frequentava a casa que ela morava, na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro.
Nessa época, o então adolescente conviveu com os três filhos biológicos do primeiro casamento da mulher e também com outras quatro crianças adotadas que, segundo a polícia, foram adotadas de forma ilegal. No caso, sem autorização da Justiça.
Com o convívio, Anderson acabou "assumindo a posição" de filho de criação de Flordelis. Certo tempo depois, em 1993, se tornou genro dela, pois começou a namorar com Simone dos Santos Rodrigues, uma das filhas biológicas do primeiro casamento da ex-deputada.
Um tempo depois, Anderson do Carmo e Flordelis começaram um relacionamento, que só terminou com o assassinato dele, em 2019.
Segundo a delegada Bárbara Lomba, que foi a primeira responsável pela investigação do homicídio de Anderson do Carmo, os dois se uniram quando Anderson tinha 17 anos, no ano de 1994 (Flordelis tinha 33), quando conseguiram uma autorização para que o casamento acontecesse.
Já segundo a defesa, o casamento entre Anderson e Flordelis aconteceu no ano de 1998, quando ele tinha 21 anos, e ela, 37.
Anderson era um 'gerente' da família e da vida pública de Flordelis. Ele cuidava do dinheiro obtido na carreira de cantora, no cargo de deputada e também do gerenciamento das igrejas em que a esposa era pastora. Ele também cuidava das relações intrafamiliares e se tornou pastor junto da ex-parlamentar.
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O JULGAMENTO DE FLORDELIS
Flordelis responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Além dela, mais quatro pessoas também estão sendo julgadas com as seguintes acusações:
- Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva de Flordelis - homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada;
- Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis - homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada;
- Rayane dos Santos Oliveira, filha de Simone e neta de Flordelis - acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada;
- André Luiz de Oliveira, filho adotivo de Flordelis - acusado de uso de documento falso e associação criminosa armada.
O júri deve durar até a próxima quinta-feira (10/11).
Série sobre o caso Flordelis
Todo o caso da história de Flordelis e o assassinato de Anderson do Carmo é contado na docussérie (série documental) do Globoplay, lançada no último dia 04 de novembro.
Em abril deste ano, o Tribunal do Júri de Niterói condenou quatro réus do caso. Adriano dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, foi condenado a quatro anos, seis meses e 20 dias de prisão, inicialmente em regime semiaberto, por uso de documento falso e associação criminosa armada.
O ex-policial militar Marcos Siqueira Costa pegou cinco anos e 20 dias de reclusão em regime fechado. Sua esposa, Andrea Santos Maia, foi condenada a quatro anos, três meses e dez dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto. O filho afetivo Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi condenado, pelo crime de associação criminosa armada, a dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão em regime semiaberto.
Em novembro do ano passado, o Tribunal do Júri de Niterói condenou outro filho biológico da ex-deputada, Flávio dos Santos Rodrigues, a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa armada. Ele foi o autor dos disparos.
Também foi condenado, na mesma sessão, Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, por homicídio triplamente qualificado a nove anos de prisão em regime fechado. Ele foi o responsável por adquirir a arma usada no crime.