Os idosos são o grupo populacional mais afetado pela pandemia de covid-19. Não falo apenas de número absoluto de casos, mas também de implicações socioeconômicas e culturais que vemos refletirem nesse grupo etário. Essa situação nos leva a refletir que os cuidados com as pessoas idosas, na luta contra o coronavírus, não devem ser negligenciados pelas autoridades de Saúde e pelas famílias.
Se fizermos uma fotografia epidemiológica da epidemia em Pernambuco, observamos que a população a partir dos 60 anos adoece com menor frequência do que os grupos etários mais jovens. Por outro lado, quando os idosos adoecem, eles estão mais sujeitos a ter mais complicações, não resistirem à infecção e irem a óbito, em comparação com os adultos jovens.
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No Estado, a partir de dados coletados até a sexta-feira (1º), informamos que, entre 1.356 casos graves de covid-19 confirmados na população a partir de 60 anos, houve 439 mortes. Ou seja, a letalidade em Pernambuco, nesse grupo etário, está 32% - taxa superior à da população (com quadro grave) com menos de 60 anos no Estado (letalidade de 5%).
Outro detalhe é que essa letalidade do novo coronavírus, nos idosos, em Pernambuco, é muito superior à da população geral no Estado que adoece e evolui de forma grave por covid-19 (13%). E mais: a taxa ainda progride conforme vamos detalhando o retrato por faixa etária. Entre os idosos infectados com idade entre 60 e 69 anos, 29% morreram. A letalidade foi de 31% para quem tinha entra 70 e 79 anos e de 37% para pacientes com mais de 80 anos.
Por que, no caso da covid-19, esse número de mortes sobre todos os doentes aumenta com o avançar da idade? Como a medicina explica? De forma geral, em comparação com os adultos jovens, os idosos têm maior chance de apresentar evolução ruim da infecção por três principais motivos. “O primeiro está relacionado à imunossenescência (alterações do sistema imunológico provocadas pelo envelhecimento). O segundo fator é que os idosos têm mais doenças crônicas, como insuficiência cardíaca (apenas para citar um entre vários problemas de saúde), que podem ser descompensadas pela covid-19”, explica o geriatra Daniel Gomes, que faz parte da Comissão Emergencial de Covid-19 da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
O idoso com covid-19, da mesma forma quando tem outras doenças infecciosas, pode manifestar um quadro de delirium, caracterizado por um estado confusional agudo. Ele pode ficar inquieto, agitado, agressivo ou o contrário: letárgico, desatento e sonolento demais. Família e cuidadores devem estar atentos a esses comportamentosDaniel Gomes, médico geriatra
O terceiro motivo, segundo o médico, é que o envelhecimento é acompanhado por uma menor reserva orgânica. Estamos falando agora do fato de o idoso ter uma menor capacidade de lidar com fatores estressores – que, nesse cenário, é a infecção pelo novo coronavírus, responsável por desestabilizar a saúde.
“Também é preciso a família e os cuidadores ficarem atentos à possibilidade de qualquer doença, no idoso, ter manifestação atípica. A covid-19 não foge dessa característica. A febre, por exemplo, frequente na infecção pelo coronavírus pode não se apresentar nas pessoas idosas com o vírus. Além disso, elas também podem ter como sintoma da covid-19 um quadro de confusão mental, que aparece como a ponta do iceberg, sendo apenas uma parcela de algo maior, como um quadro grave da enfermidade”, ressalta Daniel Gomes.
Tudo isso fazer abrir os nossos olhos para a necessidade de apoiarmos ainda mais os longevos nesta crise sanitária. O isolamento social continua valioso para todos. Especialmente para as pessoas idosas, esse distanciamento não deve ser confundido com abandono. Ligações e chamadas de vídeo servem mais do que um “oi, tudo bem?”. São atitudes que dão a sensação de atravessarmos a tela para encontrar o riso, dar carinho, segurança e proteção aos nossos idosos.
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O idoso com covid-19, da mesma forma quando tem outras doenças infecciosas, pode manifestar um quadro de delirium, caracterizado por um estado confusional agudo. Ele pode ficar inquieto, agitado, agressivo ou o contrário: letárgico, d
Daniel Gomes, médico geriatra
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