Após três meses com taxa de ocupação acima de 80%, atingindo pico com mais de 300 pacientes em fila de espera no mês de maio, as vagas de unidades de terapia intensiva (UTI) voltadas para casos suspeitos e confirmados de covid-19 em Pernambuco atingiram a ocupação média de 77% – taxa que não era alcançada desde o dia 5 de abril. O dado está no boletim epidemiológico, divulgado nesta segunda-feira (29), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
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Segundo o governo, desde o início de junho, as solicitações ativas para vagas de UTI de pacientes com a doença têm disponibilização imediata de leito, já que a oferta é maior que a demanda. Ao todo, neste momento, de acordo com dados da Central de Regulação de Leitos, que é responsável pelo encaminhamento de pacientes aos estabelecimentos de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), há mais de 200 leitos de UTI vagos na rede, e a lista de espera está zerada.
"Esses números confirmam a tendência de estabilização da covid-19 em Pernambuco, mas também deixam claro que ainda não é o momento de relaxarmos e comemorarmos, além de não podermos nos precipitar. Algumas regiões, como o Agreste, ainda apresentam dados discrepantes e, se houver descuidado, nada impede uma segunda onda de contaminação. Por isso, os pernambucanos têm um papel determinante e precisamos manter distanciamento social, assim como as medidas de higiene, uso de máscara e o maior isolamento social possível", destacou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.
"A UTI não é a salvação", alerta pesquisador sobre aparente sensação de segurança da queda de internações
Pesquisador da Fiocruz Pernambuco e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o epidemiologista Rafael Moreira coordena um projeto cujo objetivo é identificar fatores sociodemográficos e econômicos associados ao óbito por covid-19, assim como o uso de medicamentos e as doenças preexistentes que podem estar relacionados à mortalidade pela infecção. Além disso, o trabalho vai avaliar como a resposta assistencial das UTIs pode ter ligação com o óbito. Em entrevista publicada, nesta coluna, no dia 21 de junho, ele frisou que a queda na ocupação dos leitos não deve ser vista como um passaporte para se sair de casa sem necessidade.
Ele destacou que a aparente estabilização de casos de covid-19 que observamos atualmente em Pernambuco, dá uma aparente sensação de segurança e tranquilidade. "Parece que, ao ouvirem que os hospitais voltaram a ter vagas de UTI (unidade de terapia intensiva), pessoas acreditam que podem sair tranquilamente de casa porque, se pegarem covid-19, terão um leito à espera. Veja só que pensamento grave e que nos faz ver o quanto pode ter mudado os nossos parâmetros de severidade. Antes da pandemia, ninguém ficava feliz em ser internado numa UTI, ninguém ficava feliz por saber que tem uma UTI disponível. Hoje em dia, pode surgir até uma sensação de conforto por ter a chance de poder ser internado. Mas a UTI não é a salvação. A gente tem que prevenir a morte por coronavírus, prevenir a infecção por coronavírus, e não expandir a resposta (capacidade instalada de oferta de leitos) sem cuidar da causa", disse Rafael Moreira.
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