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Coronavírus: "Claramente o Agreste puxa a taxa de contágio de Pernambuco para cima", diz secretário de Saúde de Pernambuco

Preocupado com o crescimento de novas infecções e óbitos em cidades do interior, André Longo informou que está previsto para esta terça-feira (23) anúncio de medidas em relação aos próximos passos para o Agreste

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 22/06/2020 às 23:33 | Atualizado em 22/06/2020 às 23:38
HÉLIA SCHEPPA/SEI
ANDRÉ LONGO "Processo de aquisição foi absolutamente regular" - FOTO: HÉLIA SCHEPPA/SEI

A taxa de contágio da covid-19, utilizada para apontar o risco de transmissão do novo coronavírus, manteve-se em 0.9 em Pernambuco por cerca de 20 dias seguidos. Neste momento de continuidade da retomada das atividades econômicas e sociais na maior parte do Estado, esse índice volta a ficar acima de 1, segundo levantamentos distintos feitos pelo Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco, da Universidade Federal Rural de Pernambuco; pela Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres; e pelo grupo Covid-19 Analytics, da Pontifícia Universidade Católica do Rio. Para o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, a curva epidêmica da covid-19 no Agreste contribui com a elevação desse indicador, que considera variáveis como o número de casos confirmados diariamente, o volume de pacientes recuperados e os casos em tratamento.

“Claramente o Agreste está puxando a taxa de transmissão do Estado para cima, enquanto a Região Metropolitana do Recife tem um índice ainda fruto do processo de isolamento”, frisou Longo, em entrevista coletiva transmitida pela internet nesta segunda-feira (22). Preocupado com o crescimento de novas infecções e óbitos em cidades que fazem parte da 4ª Regional de Saúde, que tem Caruaru como sede, o secretário informou que está previsto para esta terça-feira (23) o anúncio de medidas, a partir da avaliação do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, em relação aos próximos passos para o Agreste. “Nosso grande esforço tem que ser para reduzir o número de doentes graves, que, quando chega à UTI (unidade de terapia intensiva), tem mortalidade alta. Para isso, precisamos reduzir a transmissão da doença. Infelizmente temos visto o funcionamento de áreas do comércio que não eram para estar em atividade. Há uma preocupação com o funcionamento desordenado da Feira da Sulanca (em Caruaru). Precisamos, enquanto Estado, adotar medidas junto com o município”, acrescentou.

Na segunda-feira (22), mesmo proibida de funcionar devido às medidas restritivas para conter o avanço da epidemia, a Feira da Sulanca amanheceu lotada. Pessoas, algumas sem máscara, circulavam normalmente no Parque 18 de Maio. Com lojas de varejo fechadas, a comercialização de produtos ocorre nas calçadas e em malas de carros. Atualmente Caruaru acumula 1.615 pessoas que já foram infectadas pelo novo coronavírus, além de 111 mortes provocadas por complicações da doença. Na cidade, o Hospital Mestre Vitalino, referência no acompanhamento de pacientes com sintomas de covid-19, já contabiliza 164 pacientes com diagnóstico confirmado, além de outros que têm quadro sugestivo da infecção e ainda aguardam resultados de teste laboratorial. Vinte e quatro deles estão em leitos de UTI e são moradores de Caruaru e de cidades próximas.

“Esse cenário repercute, inclusive, nos hospitais do Grande Recife, que tem atualmente Caruaru como o segundo município com mais residentes internados em unidades da Região Metropolitana. Isso é preocupante”, sinalizou Longo, que deu destaque para o fato de não se considerar a taxa de contágio da covid-19 como homogênea no Estado. “São totalmente díspares os movimentos do Recife e do maior município do Agreste, que é Caruaru. São movimentos antagônicos. O Recife faz uma curva virtuosa, e Caruaru faz uma curva preocupante do ponto de vista da evolução dos números da taxa de crescimento da doença. Precisamos separar isso de forma clara para orientar a intervenção”, complementou Longo.

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