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AstraZeneca suspende testes da vacina contra covid-19 após voluntário apresentar reações adversas

Vacina da AstraZeneca, no Brasil, é testada em parceria com a Fiocruz

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 08/09/2020 às 19:42 | Atualizado em 08/09/2020 às 23:02
GOVERNO DE SÃO PAULO
No Brasil, testes da vacina são feitos em parceria com a Fiocruz - FOTO: GOVERNO DE SÃO PAULO

Atualizada às 23h02

A AstraZeneca, empresa responsável por desenvolver uma vacina contra a covid-19, em parceria com a Universidade de Oxford, anunciou suspensão dos testes com o imunizante na tarde desta terça-feira (8). Segundo a AstraZeneca, reações adversas foram apresentadas por um dos voluntários no Reino Unido que receberam a dose da vacina. Esse quadro levou a empresa a parar os testes em larga escala, na chamada fase 3, em que se analisam a segurança e a eficácia da vacina em seres humanos. No Brasil, os testes do imunizante são feitos em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da Saúde. Horas depois do anúncio da suspensão dos testes, a Anvisa informou que que recebeu o comunicado do laboratório britânico sobre a decisão de paralisar os testes.

>> AstraZeneca comunica Anvisa sobre interrupção de estudos para vacina contra o coronavírus

“Esta é uma ação de rotina que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada em um dos ensaios, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos ensaios. Em grandes ensaios, as doenças acontecerão por acaso, mas devem ser revisadas independentemente para verificar isso com cuidado”, disse a empresa em comunicado. 

O anúncio da AstraZeneca vem justamente no dia em que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a previsão é começar a vacinar a população brasileira contra covid-19 em janeiro de 2021. Em reunião ministerial no Palácio do Planalto, Pazuello respondeu a pergunta da youtuber mirim Esther, escalada pelo presidente Jair Bolsonaro para questionar seus auxiliares, em tom de descontração, durante parte do encontro.

"Vai ter vacina para todo mundo e remédio, ou não vai?", questionou a menina, repetindo pergunta ditada pelo presidente. "Esse é o plano. A gente está fazendo os contatos com quem fabrica a vacina e a previsão é que chegue para a gente em janeiro. Janeiro a gente comece a vacinar todo mundo", respondeu Pazuello.
Para a vacina desenvolvida por Oxford com a AstraZeneca, o governo federal acertou um protocolo de intenções que prevê a disponibilização de 30 milhões de doses até o fim do ano e está concluindo as negociações para o pagamento e a assinatura de um acordo final que incluirá também a transferência de tecnologia para produção nacional, que deverá ser conduzida pela Fiocruz.

Na reunião no Planalto, a garantia de uma vacina em janeiro foi citada ainda por Marcelo Álvaro Antônio, chefe da pasta do Turismo. "A expectativa é que o próximo verão, com a vacina, seja o maior volume de turismo da história do turismo doméstico", declarou. Segundo ele, o setor "vai voltar forte".

A Fiocruz, do Ministério da Saúde, e a AstraZeneca assinaram no dia 31 de julho um documento para dar base ao acordo entre os laboratórios sobre a transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19, caso seja comprovada a sua eficácia e segurança. 

A intenção é que a vacina produzida por Bio-Manguinhos seja distribuída pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que atende o Sistema Único de Saúde (SUS). O acordo com a AstraZeneca permitirá, além da incorporação tecnológica da vacina, o domínio de uma plataforma para desenvolvimento de vacinas para prevenção de outras enfermidades, como a malária.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que recebeu comunicado da AstraZeneca sobre a interrupção de estudos, que envolvem a Fiocruz, para desenvolver a vacina, que é a aposta do governo Jair Bolsonaro (sem partido) para imunizar a população. A agência disse também que aguarda mais informações da AstraZeneca para se pronunciar oficialmente sobre a interrupção dos estudos, que envolvem diversos países e, segundo integrante do governo ouvido pelo Estadão, serão interrompidos também no Brasil. O governo federal abriu crédito de cerca de R$ 2 bilhões para a Fiocruz receber, processar, distribuir e passar a fabricar sozinha a vacina.

De acordo com fonte da Anvisa, o laboratório apenas enviou um comunicado à agência sobre a interrupção, sem detalhar que tipo de efeito colateral foi notado em participante do estudo, por exemplo, que levou a travar os trabalhos. Técnicos da Anvisa, agora, buscam mais informações da AstraZeneca.

"A decisão de interromper os estudos foi do laboratório, que comunicou os países participantes. A Anvisa já recebeu a mensagem e vai aguardar o envio de mais informações para se pronunciar oficialmente", disse a Anvisa em nota.

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