SAÚDE

Grande Recife registrou três mortes por coronavírus nessa segunda; concentração de casos ficou no interior de Pernambuco

Boletim dessa segunda-feira mostrou que 68,7% dos registros de infectados foram residentes de cidades do interior do Estado, enquanto 31,3% foram em seis cidades do Grande Recife

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 29/09/2020 às 12:55 | Atualizado em 29/09/2020 às 15:44
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Primeiro dia da reabertura parcial do comércio na Região Metropolitana de Recife. - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Matéria atualizada às 15:39

Dados do Ministério da Saúde divulgados nessa segunda-feira (28) junto com o boletim nacional mostraram uma queda de novos casos da covid-19 em Pernambuco em -37% na média móvel, que é balanço dos últimos sete dias e que é considerado como o melhor meio de medir o avanço da enfermidade em um local. Além disso, os números afirmam também que toda a Região Metropolitana do Recife - formada por 15 cidades - registrou três de 16 mortes, e que 68,7% dos registros de infectados foram residentes de cidades do interior do Estado, enquanto 31,3% foram em seis cidades do Grande Recife: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Abreu e Lima, Goiana e Cabo de Santo Agostinho.

É importante salientar, no entanto, que geralmente ocorre um represamento de notificações nos fins de semana, já que o boletim apresentado é da segunda-feira e traz dados até o domingo (27). Prova disso é que, nesta terça-feira (29), 1.229 casos foram registrados no Estado, enquanto na segunda foram 80. É por isso que a média móvel é a melhor forma de fazer um retrato da semana, já que ela soma os números de casos de um dia com os dos seis dias anteriores, dividindo o resultado por sete. O resultado reúne a influência de todos os dias da semana e pode ser atualizado diariamente.

A Região Metropolitana do Recife, que teve 26 novos casos registrados nessa segunda, é composta por 15 cidades e têm população somada em 4 milhões de habitantes, segundo estimativa de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto isso, todo o interior de Pernambuco, que confirmou mais 57 casos, contando Sertão, Agreste e Zona da Mata, tem 5 milhões de habitantes, de acordo com estimativa para 2019. (Confira gráfico abaixo)

Assim, em todo o estado, foram descobertos mais 83 casos, ainda que no boletim oficial traga apenas 80. Isso aconteceu porque, segundo os dados do Ministério da Saúde, três casos de Carnaíba, Igarassu e Surubim, apresentados em boletins anteriores, foram retirados da contagem total.

Pernambuco também apresentou poucos casos graves, em comparação percentual. No Grande Recife, entre os 26 casos totais, apenas 4 pacientes (15,38%) tiveram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), enquanto os outros 22 (84,6%) apresentaram sintomas leves. Já no interior, foram 11 casos graves (19,2%) e 46 leves (80,7%). (Confira gráfico abaixo)

Nessa segunda, foram divulgados, ao todo, 16 óbitos em Pernambuco. Desses, dois aconteceram em Goiana e um em Igarassu, cidades da RMR. As outras 13 pessoas que morreram residiam nos municípios de Água Preta, Araripina, Bezerros, Caruaru, Custódia,Jupi, Limoeiro, Palmares, Salgueiro, São José da Coroa Grande, São José do Egito, Serra Talhada e Toritama.

A tendência de queda nos dados nas áreas centrais do Estado, conforme afirma a infectologista Andrezza de Vasconcelos, já é observada desde maio de 2020. "Está no interior há muito tempo, desde maio vemos muitos casos. É o fluxo natural da doença. No começou, acometeu as pessoas que viajavam, depois foi se espalhando nas cidades maiores - nas capitais -, e depois, com o fluxo das pessoas, chegou ao interior. É a evolução natural da doença. Não acho que agora tenha tido um novo padrão", disse.

Todavia, a especialista alerta que, pelo desconhecimento da ciência sobre muitos aspectos do novo coronavírus, é possível que alta de casos volte a acontecer no Grande Recife. "A gente viu recentemente que na Europa está tendo novos casos e mais graves. Antes, se pensava que a segunda onda existiria, mas não com tantos pacientes, nem com pacientes tão graves. A gente tem visto, agora, que está acontecendo o contrário. É um vírus que tem um comportamento diferente do que a gente esperava".

O que dizem as prefeituras?

O JC entrou em contato com as prefeituras das seis cidades do Grande Recife que registraram novos casos nessa segunda-feira. Até a última atualização dessa reportagem, apenas as de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Goiana, Recife e Cabo de Santo Agostinho responderam aos questionamentos. As gestões destacaram que as ações de combate a pandemia foram cruciais para a diminuição dos casos. A nota de Abreu e Lima será inclusa assim que for recebida.

A Prefeitura do Recife informou que, devido às características da cidade, a capital pernambucana se encontra mais suscetível a atingir níveis altos de transmissão. A gestão municipal destaca que se antecipou para realizar medidas precoces de prevenção através do isolamento social e da montagem de hospitais de campanha, com a construção de 7 hospitais em 45 dias que disponibilizaram, juntos, cerca de 1000 leitos e mais de 340 leitos de UTI.

O secretário da Saúde do município, Jailson Correia, destacou que, tendo como base dados científicos que apontavam uma explosão de casos no início do mês de maio, a cidade realizou uma quarentena rígida através do lockdown, chegando a liderar entre as capitais brasileiras com o maior isolamento social. Jaílson afirma que a cidade vem obtendo uma queda sustentada no número de casos graves e de óbitos. A secretária municipal de saúde também aponta o aumento da testagem como fator para a alta no número de casos leves.

A Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho afirmou que vem fez testes gratuitos na população no Centro de Triagem e Testagem para Covid-19, em Pontezinha, mas que desmontou a estrutura devido a diminuição de procura. Entretanto, a oferta de testes permanece acontecendo nas Unidades de Saúde da Família (USF) e hospitais municipais, indicados para pessoas e pacientes após avaliação médica.

Algumas das ações adotadas pelo município foram: orientação à população, ações de saúde pública (distribuição de máscaras, implantação de pias móveis para higienização das mãos, sanitização de ambientes públicos, hospital de campanha, plano de convivência, etc.) e oferta de tratamento médico.

A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes garante que a oferta de testes rápidos nas 30 unidades básicas de saúde foi ampliada nas últimas semanas. Destacou ainda que a oferta começou a ser disponibilizada logo no início da pandemia, junto a grupos de risco e pessoas em situação de vulnerabilidades econômica e social, como moradores de rua, idosos assistidos por instituições de longa permanência, profissionais das áreas da saúde, educação e segurança, por exemplo.

"Em paralelo, continuamos com medidas de prevenção, como a distribuição de máscaras de tecido à população; entrega de kits para higienização de veículos a categorias como taxistas, mototaxistas, motoristas e cobradores do sistema de transporte complementar; campanhas informativas sobre práticas de higiene e de distanciamento social, entre outras", disse, em nota.

A Prefeitura de Olinda expôs que são disponibilizados testes gratuitos para a população com sintomas gripais (febre, tosse, dor de garganta, coriza e dificuldade para respirar) no Centro de Referência Covid-19 Casos Leves, localizado na Policlínica Barros Barreto, no Carmo. 

Além disso, elencou algumas ações da gestão durante a situação de emergência na saúde, como o trabalho da Vigilância Sanitária em estabelecimentos comerciais; a blitz educativa para motociclistas, feita pela Secretaria de Transportes e Trânsito e da Secretaria de Saúde; a fiscalização da Secretaria de Segurança Urbana sobre o cumprimento de protocolos sanitários na orla da cidade, testagens da população de rua e trabalho educativo, através do Consultório de Rua, da Secretaria de Saúde do Município; a criação de dois centros de higienização para população de rua e higienização em pontos de ônibus e grandes corredores da cidade.

Já a Prefeitura de Goiana não especificou se testagens continuam sendo feitas em massa, mas disse ter desencadeado ações de prevenção e restrição da mobilidade no município antes do primeiro caso de coronavírus. "com decretos que promoveram a redução da mobilidade, proteção dos grupos vulneráveis, fiscalização da dinâmica urbana, atenção oportuna à população, abertura de serviços próprios a esse atendimento, atenção os sete dias da semana entre outros. Do ponto de vista da informação, a Vigilância Epidemiológica do município atuou e atua de forma permanente, garantindo informações diárias à população e produziu um dos boletins epidemiológicos detalhados mais completos à disposição da população e da gestão para tomada de decisões", disse, por nota.

A gestão afirma ter percebido queda "vertiginosa" no número de casos e óbitos a partir do final de agosto, quando "os casos foram escasseando cada vez mais ao ponto do município ter registrado menos de 40 casos, do mês de agosto até o momento."

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