PANDEMIA

Diante da alta de casos, Cremepe cobra ao governo de Pernambuco medidas mais duras contra a covid-19

A entidade afirma que as medidas recentemente anunciadas pelo governo do Estado são "ineficientes" para conter o avanço da doença

Amanda Azevedo
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Amanda Azevedo
Publicado em 22/12/2020 às 17:51 | Atualizado em 22/12/2020 às 19:41
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Foram 100.158 novos diagnósticos em 24 horas - FOTO: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Diante da nova alta de casos da covid-19 e da possibilidade de um avanço ainda maior nas próximas semanas, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) cobrou ao governo de Pernambuco, nesta terça-feira (22), o endurecimento das medidas de restrição. Ao elencar problemas como "uso indiscriminado de espaços públicos, ampla carga de pessoas circulantes, superlotação de serviços públicos de saúde, superlotação no transporte público e falta de fiscalização adequada do uso obrigatório de máscaras e do distanciamento das pessoas", o órgão afirmou que o Estado deve reajustar o Plano de Convivência para uma fase mais compatível com o cenário e oferecer melhores condições de trabalho aos profissionais de saúde que atuam na linha de frente.

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"O Cremepe propõe que medidas drásticas de enfrentamento devam ser adotadas de imediato: ajustamento do Plano de Convivência com o novo cronavírus para uma fase mais compatível com a expectativa do aumento de casos que se vislumbra e proteção efetiva e respeito aos médicos e demais profissionais de saúde que trabalham no combate à pandemia. Haja vista ser clara a insatisfação e indignação das equipes que atendem a pacientes da covid-19, pela falta absoluta de condições de trabalho – contratos precários, sem o devido amparo legal, falta de materiais de proteção individual e insumos – fato corriqueiro em unidades das esferas municipais", diz trecho da nota.

Na avaliação do Cremepe, as medidas recentemente anunciadas pelo governo do Estado são "ineficientes" para conter o avanço da doença.

"Conforme dados epidemiológicos disponíveis, do conhecimento do governo do Estado, há claro apontamento para um crescimento expressivo de infectados e mortes, nas próximas semanas. Desta forma, tornamos cientes à toda a população pernambucana, em especial aos nossos médicos que: consideramos, até o momento, ineficientes as medidas recentemente anunciadas pelo Governo do Estado de Pernambuco. Consideramos inadmissível, com a evidente alteração da tendência das médias móveis de infectados e óbitos, que ainda seja permitido o uso indiscriminado de espaços públicos; a ampla carga de pessoas circulantes; a superlotação de serviços públicos de saúde – ambulatórios, emergências e salas de exames -; a superlotação no transporte público e a falta de fiscalização adequada do uso obrigatório de máscaras e do distanciamento das pessoas. Consideramos ainda, incompreensível a permissão para reuniões, comemorações, festividades, bem como a frequência de bares e restaurantes, com elevado número de pessoas, propiciando as inevitáveis aglomerações", relata o Cremepe em outro trecho do texto.

Leia a íntegra da nota do Cremepe

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, no uso de suas atribuições institucionais e preocupado com o desproporcional aumento de casos de Covid-19 no país e em especial em nosso estado, vem tornar pública conclusões tomadas em Plenária Geral Extraordinária deste Conselho, realizada em 21/12/2020, que contou com a presença de cientistas do LIKA e do IRRD, que prestam assessoria ao governo do estado de Pernambuco.

Estamos verdadeiramente diante de um gravíssimo problema de saúde pública de âmbito mundial. Nunca foi tão difícil fazer chegar à população a verdadeira dimensão da pandemia que nos assola. Uma campanha massiva envolvendo as instituições civis organizadas, deve ser viabilizada de imediato. Mais do que nunca os meios de comunicação devem ser alimentados com dados baseados em trabalhos científicos robustos, de fontes confiáveis, combatendo o “negacionismo” e as “fake news” que em nada contribuem para o bem da sociedade.

Conforme dados epidemiológicos disponíveis, do conhecimento do governo do Estado, há claro apontamento para um crescimento expressivo de infectados e mortes, nas próximas semanas. Desta forma, tornamos cientes à toda a população pernambucana, em especial aos nossos médicos que:

1. Consideramos, até o momento, ineficientes as medidas recentemente anunciadas pelo Governo do Estado de Pernambuco.

2. Consideramos inadmissível, com a evidente alteração da tendência das médias móveis de infectados e óbitos, que ainda seja permitido o uso indiscriminado de espaços públicos; a ampla carga de pessoas circulantes; a superlotação de serviços públicos de saúde – ambulatórios, emergências e salas de exames -; a superlotação no transporte público e a falta de fiscalização adequada do uso obrigatório de máscaras e do distanciamento das pessoas.

3. Consideramos ainda, incompreensível a permissão para reuniões, comemorações, festividades, bem como a frequência de bares e restaurantes, com elevado número de pessoas, propiciando as inevitáveis aglomerações.

O grau de insatisfação e revolta das exauridas equipes médicas que atendem a pacientes da Covid-19 é imensurável; é de fundamental importância, separar os sintomáticos respiratórios dos demais pacientes. Se faz necessário portas de entrada e centros isolados, com todos os pré-requisitos necessários ao atendimento dos pacientes vítimas da pandemia.

É nosso entendimento que no enfrentamento do Novo Coronavírus, não bastam apenas “abertura de novos leitos de UTI e Enfermarias”, se faz necessária uma abordagem baseada em um modelo que vise minimizar de forma efetiva a circulação do vírus até a plena imunização populacional.

Diante do exposto o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco – CREMEPE propõe que medidas drásticas de enfrentamento devam ser adotadas de imediato:

1. Ajustamento do plano de convivência com o Novo Coronavírus, para uma fase mais compatível com a expectativa do aumento de casos que se vislumbra.

2. Proteção efetiva e respeito aos médicos e demais profissionais de saúde que trabalham no combate à pandemia. Haja vista ser clara a insatisfação e indignação das equipes que atendem a pacientes da Covid-19, pela falta absoluta de condições de trabalho – contratos precários, sem o devido amparo legal, falta de materiais de proteção individual e insumos – fato corriqueiro em unidades das esferas municipais.

Finalizando, respaldado no compromisso que tem esta Autarquia Federal de zelar pela saúde da população, conclamamos a um diálogo e debate aberto; governo estadual e sociedade civil organizada; unidos no enfrentamento conjunto e responsável da pandemia.

Recife, 22 de dezembro de 2020

Resposta do governo de Pernambuco

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) afirmou que o governo do Estado tem "atuado com total transparência e todas as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus têm sido tomadas com base em dados epidemiológicos, evidências científicas e indicadores da doença".

Leia a íntegra da nota da Secretaria Estadual de Saúde

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) esclarece que, desde o início da pandemia, o Governo de Pernambuco tem atuado com total transparência e todas as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus têm sido tomadas com base em dados epidemiológicos, evidências científicas e indicadores da doença. Assim, o Estado tem procurado adotar medidas proporcionais ao cenário epidemiológico por meio das verificações diárias dos indicadores.

Nas últimas semanas, o Governo de Pernambuco anunciou a proibição de shows, festas e similares e, na avaliação da última semana epidemiológica, a decisão foi por intensificar os processos de fiscalização. Com isso, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 do Governo do Estado enviou recomendação para que os municípios pernambucanos intensifiquem e ampliem a fiscalização no cumprimento dos protocolos do Plano de Convivência com a doença a fim de coibir as situações de descumprimento dos protocolos e também para conscientizar a população. O foco da medida são locais públicos como parques, praças, praias, que vêm registrando seguidamente aglomerações sem a observação do uso de máscaras e a manutenção do distanciamento social, além de bares, restaurantes e casas noturnas.

A SES-PE informa, ainda, que, mesmo antes dos primeiros casos do novo coronavírus no Estado, o Governo de Pernambuco trabalhou para preparar a rede de saúde para os possíveis casos suspeitos da Covid-19. É oportuno lembrar que a SES-PE elaborou, junto às unidades de saúde da rede, um conjunto de ações para auxiliar os profissionais sobre o fluxo de atendimento para casos suspeitos da doença, seguindo todos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde. Desta forma, as unidades criaram áreas destinadas ao atendimento exclusivo de pacientes suspeitos da Covid-19 em suas emergências e enfermarias, com o objetivo de evitar o contato entre os pacientes suspeitos e não suspeitos, além de proteger os profissionais de saúde que atuam nesses casos.

A Secretaria Estadual de Saúde também tem monitorado permanentemente o abastecimento e os estoques de equipamentos de proteção individual (EPIs) das unidades da rede estadual de saúde de todo o Estado e deflagrado ações para garantir a compra de itens de acordo com as especificações técnicas recomendadas pelos órgãos de controle, visando garantir a segurança do profissional de saúde e dos pacientes.

Por fim, a Secretaria Estadual de Saúde ressalta que o monitoramento do cenário epidemiológico e dos indicadores da Covid-19 continua sendo feito diariamente e o Governo de Pernambuco não exitará em tomar qualquer medida mais restritiva, caso seja necessário, diante dos indicadores.

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