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Covid-19: Contraindicada para idosos na Alemanha, vacina da AstraZeneca segue em público a partir de 85 anos em Pernambuco

Secretário André Longo diz que o Estado vai seguir o plano de vacinação e que não há restrição da Anvisa quanto à questão da faixa etária dos idosos

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Cinthya Leite

Publicado em 29/01/2021 às 12:31 | Atualizado em 29/01/2021 às 15:39
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*Atualizada às 15h34 de 29/01/2021

Após as autoridades sanitárias da Alemanha recomendarem a utilização da vacina contra covid-19 da Oxford/AstraZeneca apenas em pessoas entre 18 e 64 anos, por alegarem falta de dados para comprovar segurança em idosos, Pernambuco diz que mantém esquema de imunização no público a partir dos 85 anos com o imunizante, que é desenvolvido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Vamos seguir o nosso plano de vacinação, com base no nosso comitê técnico estadual. Não há restrição da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quanto à questão da faixa etária. Todas essas vacinas (contra covid-19), todas elas, ainda estão em estudo. Acompanhamos publicações e recomendações da Anvisa, observando ainda o que está ocorrendo no mundo", disse, na quinta-feira (28), em coletiva de imprensa, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Nesta sexta-feira (29), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou a autorização da vacina da AstraZeneca contra a covid-9 para os maiores de 18 anos. É a terceira a obter a aprovação da EMA, depois da Pfizer/BioNTech, em 21 de dezembro do ano passado, e da Moderna, em 6 de janeiro.

Durante a coletiva de imprensa, André Longo acrescentou que a agência reguladora inglesa tem parecer favorável para o uso da vacina Oxford/AstraZeneca. "E nós achamaos fundamental que os maioreis de 80 anos sejam imunuzados com a vacina disponível, eficaz e segura, à luz dos dados que temos hoje. Temos expectativa que haja efeito benéfico, com redução de casos graves e de internamento nessa faixa etária", frisou. Ele acrescentou que, apesar de esse grupo representar uma pequena parcela da população, ele é o que mais adoece de forma grave por covid-19 e apresenta maior mortalidade entre todas as faixas etárias. "Então, é muito importante proteger os idosos à luz das evidências que temos hoje, que indicam priorização dessa faixa etária", destacou Longo.

Europa autoriza vacina

"A EMA recomendou a autorização de fabricação condicional para a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 para pessoas de mais de 18 anos", anunciou o órgão regulador europeu com sede em Amsterdã. Os países da União Europeia aguardavam a decisão do regulador, na dúvida se seguiria o exemplo da comissão de vacinação da Alemanha, que, na quinta-feira (28), não recomendou a vacina da AstraZeneca para os maiores de 65 anos, devido a dados "insuficientes" - uma decisão que os especialistas alemães mantiveram nesta sexta-feira (29), apesar do anúncio da EMA.

O que diz a Fiocruz 

As evidências apresentadas até o momento e publicadas em revistas científicas especializadas, segundo esclarecimento divulgado pela Fiocruz nesta sexta-feira (29), confirmam a segurança e a imunogenicidade (produção de anticorpos) da vacina Oxford/AstraZeneca em idosos. A Fiocruz ressalta que, de acordo com os resultados dos ensaios clínicos de fase 3, não há contraindicações para imunização de idosos com a vacina Oxford/AstraZeneca. "Segundo o fabricante, a vacina é indicada para todas as pessoas com 18 anos ou mais, sem limite superior de idade. No Reino Unido, um comitê consultivo de especialistas independentes que assessora o país sobre imunização, o Joint Committee on Vaccination and Imunization (JCVI), também recomendou o uso desta vacina em adultos a partir de 18 anos, incluindo idosos. A agência regulatória do Reino Unido (MHRA - The Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) autorizou o uso emergencial desta vacina em adultos e idosos de todas as idades", diz o comunicado da Fiocruz. 

No esclarecimento, o instituto frisa ainda que a vacina Oxford/AstraZeneca realizou ensaios clínicos incluindo adultos a partir de 18 anos. "Assim como para outras vacinas, e seguindo procedimentos de rotina, os idosos foram incorporados em um segundo momento nos estudos em andamento. Idosos com 65 anos ou mais foram incluídos nos estudos clínicos com evidências robustas de segurança e imunogenicidade (produção de anticorpos protetores contra covid-19) neste grupo."

A Fiocruz ainda ressalta que o estudo de fase 2 apontou que adultos mais velhos mostraram fortes respostas imunológicas à vacina: 100% das pessoas nesse grupo adquiriram anticorpos específicos após a segunda dose. "Os estudos de fase 3 foram publicados na revista The Lancet, em novembro de 2020. Na época da publicação, esse grupo representava cerca de 8% dos voluntários."

No Brasil, a Anvisa também recomendou o uso emergencial da vacina para pessoas com 18 anos ou mais, sem limite superior de idade. No entanto, a Anvisa apontou que o número de participantes com 65 anos ou mais de idade era ainda pequeno e que dados adicionais deveriam ser fornecidos para complementar essa análise, assim que disponíveis. "Ou seja, assim como para várias outras vacinas já disponíveis e em uso, o número de participantes no estudo neste grupo etário é ainda pequeno, e a estimativa de eficácia não tem ainda significância estatística. De toda forma, para a vacina de Oxford/AstraZeneca, as evidências apresentadas já confirmam a segurança e a imunogenicidade (produção de anticorpos) da vacina para idosos", diz a Fiocruz no comunicado. 

Os estudos de fase 3 seguem em andamento, com inclusão de mais voluntários nessa faixa etária (idosos) e dados adicionais. Mais dados deverão ser disponibilizados em breve, quando se terá número de participantes suficiente para uma estimativa estatística significativa de sua eficácia neste subgrupo de idade.

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