SAÚDE

Um dia após anunciar quarentena rígida, Pernambuco tem maior confirmação de casos e mortes por covid-19 de 2021

São mais 2.482 infectados e 60 óbitos pela doença no Estado

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Margarida Azevedo

Publicado em 16/03/2021 às 11:54 | Atualizado em 16/03/2021 às 22:03
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Às vésperas do início de uma nova quarentena, mais um recorde negativo relacionado à pandemia de covid-19 em Pernambuco foi observado nesta terça-feira (16). O boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria Estadual de Saúde mostrou o maior número de confirmações de casos e mortes relacionados ao novo coronavírus deste ano. Foram 2.482 pessoas infectadas e 60 óbitos. Com isso, o Estado soma 320.931 doentes e 11.471 mortes provocadas pelo vírus. A boa notícia é que nesta terça também chegaram de São Paulo mais 198.600 vacinas contra a covid-19 da Sinovac/Butantan, o suficiente para avançar na imunização de trabalhadores de saúde e de idosos.

Em relação aos casos somados em um só boletim, esse total perde apenas para o computado em 30 de dezembro de 2020, quando foram 2.512 pessoas contaminadas. Até o último domingo, durante cinco dias seguidos, houve outro recorde: o internamento diário de mais de cem pacientes graves em leitos de UTI na rede pública de saúde do Estado.

Para Rafael Moreira, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco e professor do curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), esse números são reflexo do final de 2020, entre novembro e dezembro e o início deste ano. "Houve ausência de medidas mais rígidas de circulação. A fiscalização foi branda na realização de eventos e na obrigatoriedade do uso de máscaras nos espaços públicos. E acho que houve liberação precoce para realização de atividades não essenciais", diz Rafael.

"Isso se deve também à falta de um planejamento de âmbito nacional no processo de imunização da população. E narrativas de desconstrução da ciência, atitudes negacionistas que não geram exemplos numa conduta correta em relação às medidas sanitárias", complementa o epidemiologista da Fiocruz.

O Estado começa na quinta-feira (18) uma quarentena com medidas mais rígidas que vai durar 11 dias, até 28 de março. Serviços não essenciais como bares, lanchonetes, salões de beleza e shoppings não poderão abrir. O funcionamento será liberado apenas para atividades essenciais como farmácias, supermercados e padarias.

O professor da UFPE acha que esse lockdown deveria ter sido decretado antes. E que o tempo de duração deveria ser maior. "Vem de forma tardia, era necessário que tivesse sido feita no início deste ano, após o que observou nas festas de Natal e Ano Novo. Para gerar impacto nas taxas de mortalidade, de incidência da doença e de ocupação de leitos de UTI deveria ser de no mínimo 20 dias", observa Rafael Moreira.

"A quarentena de 11 dias gera a consciência nas pessoas sobre a gravidade da covid-19 e pode provocar o início do desafogamento da taxa de assistência hospitalar. Contudo se a gente não tiver uma mudança comportamental em relação às medidas de proteção não vai adiantar. É preciso também haver a oferta, por parte do governo, de auxílio emergencial. Para a população ficar isolada necessita de meios de sobrevivência. Não adianta o decreto se não for acompanaho de medidas auxiliares", destaca.

O epidemiologista defende ainda que junto com a quarentena é importante a testagem em massa das pessoas assintomáticas e seus contactantes. "Com a ausência de uma vacinação num ritmo mais acelerado, corre-se o risco de haver um movimento sanfona. O que isso significa? Há o lockdown, os indicadores podem até baixar, mas aí as pessoas relaxam novamente e os índices voltam a crescer, sendo necessário uma nova quarentena. O que realmente importa neste momento é mais vacina", afirma.

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