ESTUDO

Após vacinar 100% da população, Fernando de Noronha inicia testes de imunidade contra a covid-19

A ilha foi a primeira localidade pernambucana a vacinar toda a população acima de 18 anos com a primeira dose do imunizante, e possui alto nível de exposição à doença por ser um destino turístico

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Katarina Moraes

Publicado em 14/07/2021 às 9:45 | Atualizado em 14/07/2021 às 10:12
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Os cerca de 3 mil moradores do arquipélago de Fernando de Noronha começarão a ter a imunidade contra o novo coronavírus testada nesta quarta-feira (14), em primeira etapa da nova fase do estudo "Incidência e prevalência da COVID-19 no Arquipélago de Fernando de Noronha", em pesquisa aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), do Conselho Nacional de Saúde. A ilha foi a primeira localidade pernambucana a vacinar 100% da população acima de 18 anos com a primeira dose do imunizante, e possui alto nível de exposição à doença por ser um destino turístico. 

O exame será feito através de coleta de sangue com análise do IgG por sorologia (de sangue) com medição quantitativa dos anticorpos contra o domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína spike do SARS-COV-2. O estudo acontecerá em três etapas. A primeira se inicia nesta quarta. A segunda coleta ocorrerá em setembro, 28 dias após a segunda dose da vacina. A última vai ser em fevereiro de 2022, seis meses após a segunda dose.

Todo material colhido em Noronha será enviado para processamento na Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), no Recife. Os kits para a realização dos testes foram disponibilizados pela Fiocruz e estão aguardando apenas a coleta do sangue da população para a pesquisa começar a ser, de fato, realizada.

Para fazer parte do estudo, o morador acima de 18 anos deve comparecer ao hospital de campanha do arquipélago, localizado no bairro da Floresta Velha (ao lado da Escola Arquipélago), fazer o cadastro e, em seguida, a coleta do sangue. O atendimento, que vai durar dez dias, será das 9h às 12h e 14h às 17h, durante a semana. Aos sábados, o atendimento começa às 8h e vai até às 12h. Os novecentos participantes da pesquisa realizada ao longo de 2020, que encerrou em maio passado, vão continuar também neste novo estudo, segundo a administração da ilha.

“Esse novo estudo é uma oportunidade ímpar para podermos avaliar o impacto dessa vacinação em massa do ponto de vista da imunologia humoral e celular. Será importante para sabermos se houve algum caso de adoecimento (casos graves ou leves) ou não, mesmo após a vacina, e comparar com os níveis e os índices da presença dos anticorpos e da imunidade nas pessoas”, diz Mozart Sales, especialista da Secretaria Estadual de Saúde e coordenador do Termo de Cooperação entre a Secretaria e a Organização Pan-Americana da Saúde.

Mozart reforça que os testes dessa nova fase serão ainda mais completos, porque vão incorporar também a imunidade celular, e que os resultados podem trazer resposta ao Brasil e ao mundo sobre quais medidas sanitárias devem ser adotadas.

"A partir desse acompanhamento casado entre imunologia e epidemiologia populacional, será possível ter com mais precisão a verificação do adoecimento por Covid mesmo depois da aplicação da vacina e as condições em que isso se deu, percebendo se os anticorpos caem ou não ao longo do tempo e com isso tentarmos entender o que deve ser feito do ponto de vista da prevenção ao risco de adoecimento em pessoas vacinadas", explica.

KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA
Para fazer parte do estudo, o morador acima de 18 anos deve comparecer ao hospital de campanha do arquipélago, localizado no Bairro da Floresta Velha - KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA
KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA
Para fazer parte do estudo, o morador acima de 18 anos deve comparecer ao hospital de campanha do arquipélago, localizado no Bairro da Floresta Velha - KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA
KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA
Para fazer parte do estudo, o morador acima de 18 anos deve comparecer ao hospital de campanha do arquipélago, localizado no Bairro da Floresta Velha - KAROL VIEIRA/DIVULGAÇÃO/FERNANDO DE NORONHA

Fernando Magalhães, superintendente de Saúde da ilha, diz que além de ser um tipo de teste moderno e de difícil acesso em laboratórios particulares, por conta justamente da medição da imunidade humoral e celular, vai garantir a possibilidade da população noronhense verificar o atendimento do protocolo de entrada com o teste de IgG.

“A participação da população no estudo é importantíssima. Como vão ser três fases, esse período de extensão vai dar praticamente essa comprovação sobre a titulação do IgG para a população até meados de março do próximo ano, evitando que toda vez que o morador saia para o continente, tenha que fazer o teste RT-PCR. O nosso protocolo vai passar por algumas alterações de entrada na ilha. Mas, para quem tem o IgG, vai permanecer a mesma coisa”, destaca o superintendente.

Para Guilherme Rocha, administrador da ilha, a realização desse tipo de estudo em Noronha é uma forma de garantir que tanto a população, quanto os turistas que visitam Noronha tenham mais tranquilidade, sabendo que estão em um local onde a doença está controlada.

“Desde o início da pandemia, com todas as medidas que tomamos de prevenção para combater o coronavírus, a nossa preocupação sempre foi com a saúde e a vida das pessoas. Agora, depois de conseguir vacinar toda a população, continuamos com o mesmo pensamento de proteção ao ilhéu e também aos turistas, porque a pandemia ainda não acabou. O estudo, além de proporcionar respostas científicas importantes, nos possibilitará novas perspectivas para o acompanhamento das atividades turísticas, o funcionamento das atividades econômicas e para o dia a dia dos noronhenses, além de sermos exemplos para outros lugares que estão no combate à pandemia”.

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