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Alzheimer: conheça fases da doença, sintomas e hábitos que aumentam o risco de ter demência

Neurologista do HC da UFPE tira dúvidas sobre a doença, cuja evolução se manifesta em sinais como dificuldade para falar, agitação, insônia, dificuldade para comer, incontinência urinária e fecal

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Cinthya Leite

Publicado em 21/09/2021 às 17:01 | Atualizado em 21/09/2021 às 17:02
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Alterações na memória recente e distúrbios de comportamento, desorientações espaciais e dificuldades na resolução de problemas do dia a dia podem ser os sinais iniciais da doença de Alzheimer, um transtorno neurodegenerativo progressivo mais comum entre pessoas idosas. Neste Dia Mundial da Doença de Alzheimer, o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) traz orientações sobre esse mais comum tipo de demência. O HC é um dos centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado que oferece tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer. 

“No início do quadro, as dificuldades tendem a ser leves e podem passar despercebidas. Com o evoluir da doença, o indivíduo apresenta perda de autonomia, quando terceiros assumem tarefas do dia a dia (como pagamento de contas e administração de medicações)”, relata o professor da UFPE Breno Barbosa, também médico neurologista preceptor do HC.

A evolução da doença se manifesta em sinais como a dificuldade para falar, agitação, insônia, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e, nas fases muito avançadas, deficiência motora progressiva (que pode levar o paciente a ficar acamado) e infecções intercorrentes. Em paralelo, pode vir acompanhada de depressão, ansiedade e apatia.

De acordo com Breno Barbosa, que acompanha e trata pacientes no ambulatório integrado de Neurologia Cognitiva e Psicogeriatria do HC, a causa da doença de Alzheimer é de base neurodegenerativa - ou seja, quando ocorre acúmulo de proteínas anormais no cérebro, sobretudo em áreas importantes para a cognição e o comportamento, como os hipocampos onde se formam novas memórias.

Fatores de risco 

As proteínas envolvidas na doença de Alzheimer, segundo explica Breno, são a beta-amiloide e a tau fosforilada, que levam à disfunção das sinapses (transmissão do impulso nervoso do neurônio para outra célula), morte neuronal e atrofia progressiva do cérebro. O principal fator de risco é o envelhecimento. Existem famílias de maior predisposição genética, mas são a minoria dos casos. "Entre os fatores de risco modificáveis, os principais são a baixa escolaridade (estímulos cerebrais mais complexos retardam o processo da doença), a hipertensão, a diabetes, o tabagismo e consumo excessivo do álcool. Mais recentemente, incluiu-se a poluição das cidades como fator de risco relevante”, destaca o médico.

A identificação de fatores de risco e dos sintomas iniciais da doença de Alzheimer são importantes para um melhor resultado terapêutico. Nesses primeiros sinais, é importante procurar avaliação com o especialista ou serviço de saúde. Pelo SUS, esse acesso é pelas unidades básicas, que podem encaminhar os pacientes para centros especializados, como o HC. “A avaliação médica compreende a entrevista completa sobre os sintomas e perdas funcionais, seguida de aplicação de testes cognitivos que atestam o grau e tipo de perda. São solicitados exames de sangue completos para pesquisa de causas reversíveis de demência (como disfunção de tireoide, sífilis ou hipovitaminoses) e exames de neuroimagem (tomografia e ressonância)”, afirma Breno Barbosa.

Tratamento

A doença de Alzheimer não tem cura, mas tem tratamento. Segundo esclarece Breno Barbosa, nenhuma medicação se mostrou ainda eficaz como um fator modificador da doença, que teria o papel curativo ou de impedir a progressão. “Os tratamentos farmacológicos atuais são voltados a melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar os sintomas da doença, que infelizmente tem um curso progressivo. Existem ainda várias intervenções não farmacológicas que são fundamentais na reabilitação neurológica, como terapia ocupacional, fisioterapia, fonoterapia, estimulação cognitiva, atividades físicas e musicoterapia. No HC, os pacientes são acompanhados pelo ambulatório integrado e encaminhados também para essas terapias de reabilitação”, informa o neurologista. 

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