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A dengue deixou de existir na pandemia? Para 31% dos brasileiros, sim. E isso é preocupante

Cerca de metade das pessoas ouvidas em pesquisa, coordenada pela Sociedade Brasileira de Infectologia, considera que os cuidados com a dengue diminuíram no cenário da pandemia de covid-19

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 17/03/2022 às 17:54
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Imóveis são visitados por agentes das prefeituras, a fim de eliminar os criadouros do mosquito - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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A pandemia de covid-19 contribuiu para a redução de cuidados com as arboviroses e até mesmo para mudar a percepção sobre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a dengueÉ o que mostra uma pesquisa inédita realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), a pedido da biofarmacêutica Takeda e com coordenação científica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). O estudo avaliou a percepção de 2 mil brasileiros sobre a dengue e mostrou que, apesar de amplamente divulgada, várias informações básicas sobre a doença ainda não são de pleno conhecimento da população. 

Nesse contexto, 31% acreditam que a doença deixou de existir durante a pandemia e, mesmo que a maioria (53%) avalie que o risco de contágio da dengue se manteve na pandemia, 22% acreditam que o risco diminuiu. Entre as razões, 28% afirmaram não ter ouvido mais falar em dengue e 22% dizem que “toda doença agora é covid-19” e não há casos de dengue. 

De acordo com o Ministério da Saúde, nas seis primeiras semanas deste ano, foram registrados 70.555 casos prováveis de dengue no Brasil - um aumento de 43,5%, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2021, houve uma queda no registro de casos e mortes em relação a 2020. Foram 544.460 casos prováveis de dengue, enquanto em 2020 os registros chegaram a 1 milhão no País. A subnotificação por causa da pandemia pode ser uma das explicações para a queda.

O fato de os brasileiros considerarem que a dengue deixou de existir durante a pandemia pode levar ao relaxamento das ações de controle ao vetor, aumentando o risco de infecção pelo vírus. Cerca de metade dos entrevistados considera que os cuidados com a dengue diminuíram no cenário da pandemia.

"Essa realidade revelada pela pesquisa é preocupante. Com a urgência da pandemia de covid-19, muitas doenças infecciosas, como as arboviroses (dengue), foram colocadas em segundo plano e até esquecidas. Precisamos retomar a discussão e os cuidados com a dengue, focando em disseminar informações e campanhas de conscientização que estimulem a prevenção", afirma o médico infectologista Alberto Chebabo, presidente da SBI.

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