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MPPE determina pronunciamento do HR após desabamento de parte do teto

Desabamento de placas de gesso do teto aconteceu na tarde desta segunda (2). Direção do Hospital da Restauração precisará se manifestar em até 24h

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Katarina Moraes, Cinthya Leite

Publicado em 02/05/2022 às 17:13 | Atualizado em 02/05/2022 às 17:31
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) determinou que o Hospital da Restauração (HR) se pronuncie sobre a queda de parte do teto da unidade de trauma (emergência). O caso aconteceu por volta das 14h desta segunda-feira (2), e, segundo assessoria do HR, foi causado pelo rompimento de uma tubulação de água.

Por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital, foi instaurada uma Notícia de Fato com remessa de ofício à direção do hospital, para que "se pronuncie sobre as imagens e as providências adotadas para garantir a assistência aos pacientes desse setor". O diretor, o cirurgião Miguel Arcanjo, terá até 24h para se manifestar.

 

Ao todo, 86 pacientes estão internados na área atingida pelo rompimento. Eles precisaram ser transferidos para o setor amarelo e o corredor até que a situação fosse estabilizada. Para tentar controlar o problema, as visitas dos parentes, que deveriam ocorrer às 14h, foram suspensas.

Segundo o HR, a equipe de manutenção foi para o local, consertou a ruptura do tubo e está retirando as placas, que serão recolocadas.

O diretor da unidade hospitalar contou que, com o rompimento da tubulação de água, extravasou água para a ala laranja. "Terminou indo também para a ala vermelha. Os pacientes (nesses setores) foram levados para outra área do hospital. Em seguida, contivemos o vazamento e limpamos toda a área."

Depois, retornaram às salas. "Todos os pacientes estão de volta, e graças a Deus não ocorreu nada demais. Está tudo sob controle", acrescentou o diretor do HR. Ele assegurou ainda que, apesar de pacientes terem sido atingidos pela água que desceu do teto, eles não foram machucados pelo gesso.

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QUEDA // TETO // HR. Parte do forro de gesso da emergência do Hospital da Restauração desabou na tarde de hoje (02/05/2022). - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Familiares ficaram mais de uma hora sem ter informações sobre os parentes internados no Hospital da Restauração (HR) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Familiares ficaram mais de uma hora sem ter informações sobre os parentes internados no Hospital da Restauração (HR) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Problemas estruturais são vistos inclusive na parte externa do Hospital da Restauração (HR) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Pacientes foram transferidos para a ala amarela e para os corredores enquanto o problema era resolvido - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

À espera de notícias dos parentes internados, famílias estão angustiadas na entrada do hospital. A feirante Joelma Martins, 54 anos, e o irmão, o office boy Demétrio Martins, 48, permanecem preocupados sem saber como está a mãe, de 82 anos, internada no setor de trauma do HR desde o sábado (30), após um acidente vascular cerebral.

"Está um caos aqui por causa desta tubulação. Viemos ontem (domingo, dia 1º) falar com a assistente social e não conseguimos. Hoje não estão deixando entrar para ver minha mãe. Ela tem que ter acompanhante para trocar as fraldas, o vestido. Ela tem incontinência urinária e diabetes. Nem sei se ela comeu ainda. Está ao léu. Tem condições não", relatam, ao JC, os irmãos Joelma e Demétrio.

Também no HR, a moradora de Camaragibe (Grande Recife) Sônia Maria Lira, 62 anos, informou que, ao chegar para visitar o marido, soube que o teto havia caído e que o setor de trauma fico cheio de água.

"Os pacientes ficaram molhados, especialmente os entubados. Tiraram eles da ala vermelha e colocaram de novo lá. Quero agora visitar o meu esposo, que aguarda uma cirurgia, há dois meses, por causa de um problema na coluna. Ele está sobre uma maca, no chão. Não sei se foi atingido por um pedaço de gesso. E nem água tem aqui para os pacientes beberem. Se a gente não traz, eles ficam com sede", diz Sônia.

Por volta das 15h40, o diretor do HR, Miguel Arcanjo, conversou com a imprensa sobre o ocorrido e garantiu que não falta água para os pacientes. Ainda, informou que regularmente é feita manutenção preventiva e corretiva na unidade.

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Miguel Arcanjo, diretor do HR, afirmou que a situação já foi normalizada - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

"Sobre este lado de fora (onde ficam os familiares), como não temos pacientes nele nem assistência, temos uma menor preocupação com essa área", disse o diretor do HR para explicar por que a unidade de saúde permanece com ferragens expostas e forros de gesso caídos na área externa.

Descaso e insegurança 

Inaugurado há 52 anos, o HR recebe pessoas de todo o Estado de Pernambuco. É a maior emergência pública do Norte e Nordeste do Brasil, além de ser referência no atendimento de casos de queimaduras graves, intoxicação, agressões, acidentes de trânsito e neurocirurgia.

Mas infelizmente, além do descaso, os pacientes e acompanhantes relatam superlotação, demora no atendimento e na realização de exames no HR.

Outro ponto preocupante é que o hospital tem vivenciado ainda dias de insegurança. Recentemente funcionários têm denunciado roubos dentro da unidade. Há pouco mais de um mês, trabalhadores relataram que um homem entrou facilmente nas salas e quartos de repouso do hospital para roubar objetos e dinheiro das equipes de saúde.

Questionada sobre a situações relatadas no HR, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) responde, em nota, que "o serviço social é o elo entre acompanhantes e/ou família com os pacientes internados no hospital. Os acompanhantes de usuários internados nos leitos de enfermaria recebem informações diretamente da equipe médica. Nos locais em que não é permitida a presença do acompanhante, como a unidade de trauma, UTI (unidade de terapia intensiva) e sala de recuperação, os familiares contam com horários definidos pelo serviço social para que as informações sobre a evolução clínica sejam repassadas".

A pasta acrescenta que, quando não é possível a presença de familiares, o serviço social também disponibiliza número telefônico para que a família possa ter informações. Em relação à higiene corporal e demais cuidados com os pacientes, a SES informou que a "equipe multiprofissional segue o protocolo recomendado de acordo com o quadro clínico, com todas as ações realizadas de forma contínua".

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