COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

ENFERMAGEM: aprovação do piso salarial é apenas o ponto de partida para valorizar esta gigante força de trabalho da saúde

A enfermagem está presente em todos os braços do SUS. São trabalhadores que cuidam da nossa saúde a todo instante

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Cinthya Leite

Publicado em 06/05/2022 às 14:41 | Atualizado em 06/05/2022 às 14:56
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Lembro que vem de muito tempo a defesa da lista de reivindicações na pauta dos auxiliares e técnicos em enfermagem da rede pública de saúde, especialmente em Pernambuco. Eles lutam por mais investimentos para a classe, reajuste salarial, melhorias nas condições de trabalho e desenvolvimento profissional. Por isso, a aprovação do projeto de lei que institui piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras representa um momento emblemático para a maior força de trabalho da saúde no País. 

No início de 2020, pouco antes da chegada do coronavírus no Estado, as unidades sob gestão direta da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) somavam mais de 2 mil enfermeiros e 8,5 mil técnicos de enfermagem.

Naquele momento, tão difícil para todos nós, a categoria já estava há dez anos sem reajuste, situação que colocou os vencimentos de uma parte desses profissionais abaixo do salário mínimo. Sim, é um absurdo vermos técnicos e auxiliares sendo contratados por menos que R$ 1.212. Ao final do mês, o valor na conta não chega a R$ 800.

É inaceitável esse descaso com a categoria, que continua com pouca valorização profissional e sem adicionais de insalubridade. 

É triste essa situação de desvalorização vivida por toda a enfermagem, que se tornou personagem principal da dura pandemia de covid-19. São profissionais que se tornaram protagonista pela atuação corajosa, efetiva e ininterrupta dentro dos hospitais.

Ao prestarem uma assistência integral e qualificada para os pacientes durante toda a pandemia, eles também aumentaram a exposição ao coronavírus. De 12 de março de 2020 a 18 de abril de 2022, o Estado de Pernambuco notificou 107.355 casos suspeitos de covid-19 entre profissionais de saúde, considerando toda a rede pública e privada do Estado. Entre eles, 37.433 casos foram confirmados por meio de exames laboratoriais. No topo da lista dos trabalhadores que mais adoeceram, estão os auxiliares e técnicos de enfermagem: 10.029 casos (27% do total), seguidos pelos enfermeiros (5.374 casos - 14,3% do total). 

Os números mostram uma triste realidade. Estamos falando da categoria da saúde que mais adoeceu pelo coronavírus e os que, mesmo se multiplicando e fazendo o melhor para salvar vidas, recebem os menores salários. Além do baixo salário, a enfermagem não tem adicional noturno no serviço público. Muitos são os que estão psicologicamente abalados. 

Enfermagem está em todo o SUS

É inadmissível a falta de reconhecimento da categoria, que continua trabalhando o máximo para conseguir o mínimo. A enfermagem está presente em todos os braços do Sistema Único de Saúde (SUS). É uma categoria com jornadas duplas e até triplas de trabalho. São trabalhadores que cuidam da nossa saúde a todo instante, do pré-natal ao doloroso momento do óbito. 

Para eles, muito ainda precisa ser feito. Aqui continuamos com a missão de ouvir e discutir as demandas de toda essa categoria.

Que a aprovação do projeto de lei que institui piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras seja apenas o ponto de partida para esses profissionais conquistarem mais dignidade no exercício que exercem com tanta sabedoria, amor, empatia e maestria.

A causa é mais do que justa. Esperamos que o presidente Jair Bolsonaro reconheça o trabalho dessa classe e sancione o piso salarial da categoria.  

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