Sem conseguir abrir 20 novos leitos de UTI, Pernambuco tem 71 crianças com doença respiratória em fila de espera por vaga no SUS
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 87% dos leitos de UTI públicos estão ocupados com bebês e crianças que apresentam doenças respiratórias graves
Em Pernambuco, os casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) continuam com alta incidência em crianças e são provocados especialmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Há 15 dias, especialistas relatavam que o Estado havia alcançado o pico dessas doenças na infância. Passadas duas semanas, as unidades de terapia intensiva (UTI) pediátricas e neonatais permanecem superlotadas nas unidades da rede pública e nos hospitais privados.
Atualmente, a ocupação geral dos leitos para bebês e crianças com quadros respiratórios em Pernambuco está em 79%, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Das vagas com pacientes, 68% são em enfermaria e 87% em UTI.
Neste momento, há 57 solicitações ativas para leitos de UTI pediátrica e 14 para UTI neonatal (que dá assistência a recém-nascidos até 28 dias). Com isso, 71 bebês e crianças aguardam uma vaga de UTI em leito da rede pública em Pernambuco.
Também há 16 solicitações por vagas em enfermaria, cuja oferta, de acordo com a SES, é hoje maior que a demanda.
"Até o fim desta quarta-feira (1º), oito leitos de enfermaria para este público estão sendo abertos no Hospital Correia Picanço (no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife). Sobre os 20 leitos de terapia intensiva (UTI) previstos nos hospitais Memorial Guararapes (10) e Jesus Pequenino (10), a SES-PE esclarece que eles ainda não foram colocados em operação, porque as unidades estão enfrentando dificuldades para fechar as equipes", explica, em nota, a SES.
A pasta destaca que "o quadro de escassez de pediatras, intensivistas pediátricos e neonatais é uma realidade em todo o País, tanto na rede pública como na privada". A SES ainda acrescenta que Pernambuco é o principal polo formador de profissionais de saúde do Nordeste e um dos principais do País. Ainda assim, anualmente "são formados, na média dos últimos dois anos, apenas dois intensivistas pediátricos, menos de nove neonatologistas e pouco mais de 30 pediatras".
A Central de Regulação de Leitos registrou, na semana epidemiológica 21, que corresponde ao período entre 22 e 28 de maio, 210 solicitações por leitos de UTI para crianças. Na semana anterior (SE 20), foram 228 solicitações. Em comparação com a semana 21 de 2021, quando foram 59 solicitações, houve um aumento de 255%.
Em relação à positividade, nas crianças até 5 anos, o vírus sincicial respiratório (VSR) corresponde a 40% dos quadros; o rinovírus a 16%; a covid-19 a 1%.