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CHICUNGUNHA: adolescentes de 12 a 17 anos podem participar de testes com a vacina contra a doença; veja como

Resultados de segurança e manutenção de 6 meses da imunogenicidade em adultos trazem ainda mais segurança para os adolescentes brasileiros que participam do estudo

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Cinthya Leite

Publicado em 15/08/2022 às 11:38 | Atualizado em 15/08/2022 às 12:19
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A chicungunha é uma doença infecciosa causada pelo vírus de mesmo nome e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e a zika. Só em Pernambuco, este ano, foram notificados 28.808 casos suspeitos de chicungunha. Desse total, 20.149 são casos prováveis. E entre as mortes por arboviroses este ano no Estado, três foram causadas por chicungunha e duas por dengue.

A faixa etária de crianças e adolescentes não é imune à doença e pode apresentar as mesmas complicações que adultos e idosos. Por isso, o Instituto Butantan inicia, em Pernambuco, os testes com adolescentes de 12 a 17 anos com a vacina contra chicungunha previamente testada em mais de 4 mil adultos.

"Esta vacina contra chicungunha já foi testada em mais de 4 mil voluntários adultos, nos Estados Unidos, com resultados promissores. E agora estamos entrando numa nova etapa, que é testar a proteção dessa vacina contra chicungunha nos adolescentes de 12 a 17 anos", diz o clínico-geral Carlos Brito, principal investigador do estudo em Pernambuco e coordenador científico do Instituto Autoimume de Pesquisa e Educação Continuada

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"A vacina contra chicungunha já foi testada em mais de 4 mil voluntários adultos, nos Estados Unidos, com resultados promissores", diz o médico e pesquisador Carlos Brito - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

O pesquisador Rafael Dhalia, da Fiocruz Pernambuco, é coordenador dos testes no Estado e garante que a vacina contra chicungunha é segura e imunogênica. "O estudo mostrou que 96% dos voluntários produziram anticorpos protetores contra a doença. Sem dúvida alguma, é um passo importante para acabar com a chicungunha, uma doença debilitante que pode, inclusive, levar ao óbito", destaca Rafael.

 

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"Sem dúvida alguma, esta vacina é um passo importante para acabar com a chicungunha", frisa o pesquisador da Fiocruz Pernambuco Rafael Dhalia - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

O estudo é feito em parceria com o Real Hospital Português e o Instituto Autoimune de Pesquisa e Educação Continuada, que recruta os voluntários de 12 a 17 anos. Podem participar adolescentes dessa faixa etária que não têm comorbidades (doenças crônicas).

A inscrição para os testes é feita pela internet (neste link) ou pelo telefone: 81 3416-7967. Também é possível se inscrever e receber informações pelo WhatsApp: 81 99389-3026 / 81 99317-3027 / 81 98951-7781. Pelo e-mail também: [email protected]

Não podem participar do estudo gestantes, mulheres tentando engravidar ou amamentando; pessoas com condição clínica não controlada, instável ou histórico de artrite e artralgia; pessoas fazendo terapia imunossupressora, como corticoides, ou tratamento por radioterapia. 

Resultados da vacina contra chicungunha do Instituto Butantan 

Em março, o Butantan divulgou os resultados finais do ensaio clínico de fase 3 da vacina contra a chicungunha (VLA1553), desenvolvida em parceria com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva. Mostrou-se que a imunogenicidade alcançada após a vacinação permaneceu por ao menos seis meses, com manutenção da produção de anticorpos durante esse período em 96,3% dos indivíduos avaliados. "Além disso, o imunizante é seguro e causa reações adversas mínimas", informou o Instituto Butantan

O estudo foi conduzido nos Estados Unidos com 4.115 homens e mulheres acima de 18 anos. Em dados divulgados anteriormente, a taxa de soroconversão da vacina foi de 98,5% tanto para adultos quanto para idosos acima de 65 anos, promovendo níveis semelhantes de anticorpos neutralizantes. Passados seis meses da aplicação da vacina, a soroconversão continuou elevada, sendo detectada em 96,3% dos participantes da pesquisa. A duração da imunidade continuará sendo monitorada periodicamente com testes sorológicos durante pelo menos cinco anos.

O indicador é representativo porque os Estados Unidos, onde foi realizado o ensaio clínico, não são uma região endêmica de chicungunha. Ou seja, a presença de anticorpos neutralizantes se manteve alta após a vacinação em um ambiente no qual os voluntários não ficam em contato constante com o vírus – a tendência é que em locais onde a doença é endêmica, a produção de anticorpos seja ainda maior.

Para o gerente de parcerias estratégicas e novos negócios do Butantan, Tiago Rocca, os resultados de segurança e manutenção de seis meses da imunogenicidade em adultos dos Estados Unidos trazem ainda mais segurança para os adolescentes brasileiros que participam do estudo. "Os dados trazem uma confiança maior de que estamos no caminho certo e teremos uma vacina em breve", afirma.

Sintomas da chicungunha 

Os sintomas da chicungunha incluem febre acima de 38,5°C, de início repentino, e dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dor de cabeça, nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos são assintomáticos.

A circulação do vírus foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2014 e ele já está presente em mais de 120 países.

Como a transmissão ocorre por mosquitos, é fundamental reforçar as medidas de eliminação dos criadouros de mosquitos nas residências. As recomendações são as mesmas aplicadas à prevenção da dengue.

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