VARÍOLA DOS MACACOS: Brasil tem primeiro caso de transmissão de homem para cachorro

A principal suspeita é de que a transmissão para o filhote, que não teve a raça identificada, aconteceu por meio do dono, que recebeu diagnóstico de varíola dos macacos no início do mês
Amanda Azevedo
Publicado em 25/08/2022 às 21:02
Varíola dos macacos foi identificada em um cachorro de 5 meses que vive em Juiz de Fora (MG) Foto: ILUSTRATIVA/DEV ANAND/PEXELS


O Brasil registrou, nesta semana, o primeiro caso de um animal de estimação infectado pelo monkeypox, vírus que causa a varíola dos macacos.

A contaminação foi identificada em um cachorro de 5 meses que vive em Juiz de Fora (MG).

A principal suspeita é de que a transmissão para o filhote, que não teve a raça identificada, aconteceu por meio do dono, que recebeu diagnóstico de varíola dos macacos no início do mês. Ambos estão bem, segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais.

O caso foi identificado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) na última segunda-feira (22), que informou a situação para o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs Minas). Em nota divulgada nesta quarta, 24, o Ministério da Saúde também confirmou o caso.

Os primeiros sintomas da infecção no animal foram prurido (coceira), lesões na pele, pústula e crostas localizadas no dorso e no pescoço.

O cachorro começou a apresentar os sinais da varíola dos macacos no último dia 13, cinco dias depois do dono, já adoecido e apresentando sintomas desde 3 de agosto, ir a uma unidade de saúde buscar atendimento.

Com o diagnóstico confirmado, o paciente foi orientado pela equipe de saúde de Juiz de Fora a manter o filhote isolado e que, na necessidade de algum contato próximo (para alimentação e higienização) com o animal, ele utilizasse luvas, máscara, blusa de manga comprida, calça para cobrir a pele, e que a área de contato fosse higienizada com água sanitária.

A transmissão da varíola dos macacos pode acontecer por meio do contato direto com erupções cutâneas, crostas ou fluidos corporais de pacientes infectados; contato físico íntimo (beijo, abraços ou sexo); e também por secreções respiratórias e gotículas em situações de contatos prolongados.

De acordo com a informação da Regional de Saúde, tanto o dono quanto o filhote passam bem. A recomendação é que o isolamento seja praticado por até 21 dias depois da aparição dos sintomas, ou até que o paciente se recupere totalmente.

De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (25), o Brasil registra, até o momento, 4.144 casos positivos de varíola dos macacos no País e uma morte causada pela doença. Com 2.640 casos confirmados, São Paulo é o Estado com o maior número de diagnósticos.

Em Minas Gerais, onde o caso de transmissão animal foi relatado e onde único óbito pelo monkeypox no Brasil foi registrado, são 228 casos positivos de acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Estado, também divulgado nesta quinta.

Terceiro caso de cachorro com varíola dos macacos no mundo

Até então não havia evidência documentada de transmissão da varíola dos macacos do ser humano para animais no Brasil. No mundo, só há dois relatos do tipo até o momento: um nos Estados Unidos, e outro na França, onde foi identificado o primeiro caso.

O episódio, que chegou a ser publicado na revista científica Lancet, levou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos a atualizar seu site para incluir os cães entre os dez animais suscetíveis a ser contaminado pelo monkeypox.

Como cuidar do animal com varíola dos macacos

Se o animal for exposto à varíola dos macacos, as recomendações de cuidado são:

  • - Separar o animal doente de outros para evitar o contato direto, por pelo menos 21 dias após o adoecimento ou até se recuperar totalmente;
  • - Utilizar água corrente ou soro fisiológico molhado na gaze para limpar feridas para evitar infecção;
  • - Usar equipamentos de proteção individual (EPI), como avental, óculos, luvas e máscaras, blusa de manga comprida e calça se precisar ter contato com o animal;
  • - Lavar as mãos após o contato e descartar os resíduos médicos (gaze) de forma segura e que não seja acessível para outros animais, sobretudo roedores;
  • - Utilizar colar pós-operatório e evitar que o animal lamba as erupções na pele ou mucosas;
  • - Usar água sanitária para desinfetar roupas de caminhas, recintos, pratos de alimentos e quaisquer outros itens dos animais infectados, e lavar os objetos depois com água corrente e sabão;
  • - Não utilizar medicamentos, ou praticar algum tratamento, sem prévia consulta de médico veterinário;
  • - Evitar o contato com pessoas imunosuprimidas, grávidas, pessoas que tenham filhos pequenos presentes (menores de 8 anos de idade), ou com histórico de dermatite atópica ou eczema - o público pode estar em risco aumentado de desfechos graves da doença;
  • - Em casos suspeitos, notificar ao Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde locais, imediatamente - canais de comunicação Ministério da Saúde: notifica@saude.gov.br / 0800 644.66.45.
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