SAÚDE DO HOMEM

CÂNCER DE PRÓSTATA: Brasil teve 44 mortes por câncer de próstata por dia em 2021

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 24/10/2022 às 16:12 | Atualizado em 24/10/2022 às 16:44
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Novembro Azul é a campanha de conscientização sobre o câncer de próstata - FOTO: FREEPIKI/BANCO DE IMAGENS
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Medo de descobrir alguma doença e achar que nunca vai adoecer estão entre as principais razões para o homem se esquivar de ir ao médico. E isso se reflete nas estatísticas: em média, eles vivem 7,5 anos a menos que as mulheres.

Para mudar esse cenário e incentivar o cuidado com a saúde de uma forma global, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza mais uma edição da campanha Novembro Azul, que este ano traz a mensagem: Saúde também é papo de homem

"Nosso objetivo é conscientizar os homens sobre a necessidade dos cuidados com a própria saúde de forma rotineira, e não somente quando aparece algum problema", diz o presidente da SBU, Alfredo Félix Canalini. 

"Além da divulgação dos hábitos para se ter uma vida saudável, também informamos que muitas doenças, em sua fase inicial, são totalmente assintomáticas, mas que podem ser diagnosticadas e tratadas mais facilmente com exames periódicos de check-up. O câncer da próstata é o melhor exemplo disso", alerta o médico. 

QUAIS OS PRIMEIROS SINTOMAS DE CÂNCER DE PRÓSTATA? 

O câncer de próstata é o mais incidente no homem (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e o segundo que mais mata (atrás do câncer de pulmão).

Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que de 2019 a 2021 foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor.

Em 2021, 16.055 homens morreram devido à doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia.

Na fase inicial, quando as chances de cura chegam a 90%, o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas.

Os sintomas de câncer de próstata geralmente aparecem em estágios mais avançados da doença, mas muitas vezes se confundem com os sintomas de outras doenças da próstata e do aparelho urinário.  

Quando os sintomas de câncer de próstata aparecem, o tumor geralmente está em uma fase mais avançada, podendo o homem manifestar dificuldade para urinar, micção frequente, disfunção erétil, presença de sangue na urina ou no sêmen e dores pélvicas ou ósseas

"Os números mostram um ligeiro aumento da mortalidade por câncer de próstata em 2021, comparado aos dois anos anteriores. Ainda não sabemos se é um fato isolado ou se poderá ser o reflexo de um aumento em decorrência da pandemia, quando já havia uma preocupação por parte da nossa sociedade, porque muitos tratamentos e acompanhamentos acabaram sendo impactados", analisa a diretora de Comunicação da SBU, Karin Anzolch.

"Os próximos números devem nos ajudar a entender melhor esse cenário", acrescenta. 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022.

CÂNCER DE PRÓSTATA CAUSAS 

Apesar de poder atingir qualquer homem, os principais fatores de risco do câncer de próstata são:

  • Idade (é um câncer raro antes dos 40 anos e aumenta com o envelhecimento)
  • Histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio
  • Homens de raça negra
  • Obesidade 

CÂNCER DE PRÓSTATA PREVENÇÃO 

Para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, procurem um urologista para avaliação individualizada.

Aqueles que integram o grupo de risco são orientados a começar seus exames mais cedo, a partir dos 45 anos.

Após os 75 anos, a recomendação é que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação.

"Essas orientações quanto à idade valem quando não houver sintomas. Se houver, a procura pelo urologista deve ser feita o mais breve possível", destaca Karin Anzolch. 

"Vale lembrar que os sintomas não são exclusivos de câncer de próstata, nem mesmo de outras doenças da próstata, mas que, por não serem normais, sempre devem ser avaliados porque podem indicar problemas que também podem ter impacto importante na saúde do homem", acrescenta a médica. 

CÂNCER DE PRÓSTATA EXAMES

Os exames iniciais para detecção precoce do câncer de próstata compreendem a dosagem de PSA e o toque retal

CÂNCER DE PRÓSTATA CIRURGIA

Ao contrário do que a maioria dos homens pensa, nem todos os casos de câncer de próstata precisam ser operados.

"Após uma biópsia confirmando que existe câncer na próstata, os tumores são hoje classificados em cinco grandes grupos denominados ISUP 1-5", explica o supervisor da Disciplina de Câncer de Próstata da SBU, Marcus Vinícius Sadi. 

"Para a maioria dos tumores 1 e alguns 2, o início do tratamento pode incluir somente uma vigilância controlada, que será feita pelo urologista com exames clínicos, laboratoriais e de imagem, sem que isso promova perda de tempo no tratamento ou menor chance de cura em caso de progressão da doença." 

O urologista acrescenta que há vários critérios a serem individualmente considerados para esses casos.  

CÂNCER DE PRÓSTATA CAUSA DISFUNÇÃO ERÉTIL? 

Outra preocupação dos homens após o diagnóstico de um tumor na próstata é a disfunção erétil. Será que todos os homens ficam impotentes após a cirurgia? A resposta é "não".

De fato, existem alterações da função sexual, mas a maioria dos pacientes operados tem a função erétil preservada, embora possa levar alguns meses para obter-se essa recuperação.

A ejaculação, entretanto, fica permanentemente ausente.

"Existem vários critérios que podem antecipar uma maior chance de recuperar a função erétil e, entre os mais importantes, estão idade mais jovem, tumores pequenos ao diagnóstico, presença de atividade sexual habitual antes do tratamento do tumor, ausência de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e, obviamente, um cirurgião capacitado”, destaca Sadi. 

CÂNCER DE PRÓSTATA TRATAMENTO 

As opções de tratamento do câncer de próstata variam de acordo com o estágio da doença e com as condições clínicas e desejo do paciente.

Entre elas, estão cirurgia, radioterapia, vigilância ativa, hormonioterapia, quimioterapia e radiofármacos

Para o tratamento cirúrgico, atualmente estão disponíveis três abordagens: cirurgia aberta convencional, cirurgia videolaparoscópica e cirurgia videolaparoscópica em plataforma robótica. As três apresentam o mesmo resultado em termos de resultado oncológico final.

Embora a cirurgia pela via aberta (chamada prostatovesiculectomia radical) continue sendo uma boa opção na maior parte das localidades, estão ganhando cada vez mais espaço as cirurgias laparoscópica e robótica - esta última é uma variação da anterior.

CIRURGIA ROBÓTICA PRÓSTATA

A cirurgia robótica tem sido amplamente empregada em vários centros do mundo, inclusive no Brasil, para o tratamento do câncer de próstata.

A recuperação, de modo geral, é mais rápida, a precisão do cirurgião é maior, há menos sangramento e o paciente sente menos dor no pós-operatório. 

"Nos casos iniciais, é comum que a cirurgia seja o único tratamento indicado, sem a necessidade de complementação com quimio ou radioterapia, por exemplo. Essa é uma pergunta e uma preocupação frequente dos pacientes", ressalta Karin.

CÂNCER DE PRÓSTATA AVANÇADO 

Mas já começam a despontar outras alternativas promissoras. Segundo Marcus Vinícius Sadi, para os tumores mais avançados, já existem várias novas alternativas em uso. Novos medicamentos hormonais e quimioterapia, isolados ou em combinações, novas técnicas de imagem, como ressonância magnética ou PET scan PSMA para melhor identificar os tumores pré-cirurgia ou os locais de falha após a cirurgia, avanços nas técnicas de radioterapia e tratamento endovenoso com novas moléculas radioterápicas estão entre alguns dos avanços que produziram um enorme aumento de sobrevida, com qualidade de vida, para esses pacientes. 

A radioterapia é um dos tratamentos que podem ser indicados em casos que o câncer é localizado apenas na próstata, em estágio inicial, como tratamento único ou em combinação com cirurgia ou com hormonioterapia.

 

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