Médicos contratados pelo Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), em Santo Amaro, área central do Recife, deliberaram pela paralisação de suas atividades.
No dia 13 de janeiro, em entrevista à jornalista Cinthya Leite, titular desta coluna Saúde e Bem-Estar, do JC, o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, já havia informado que o HCP está passando por um momento crítico em que deixa de oferecer assistência adequada à população, além de não pagar um percentual de incentivo aos médicos, o que é garantido por lei.
A paralisação das atividades dos médicos do HCP, prevista para iniciar num prazo de 30 dias (no próximo dia 8 de março), foi tomada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), realizada pelo Simepe, com a presença de mais de 100 médicos do hospital.
A decisão tomada em regime de votação se dá, segundo o Simepe, diante da falta de uma proposta mínima da superintendência do HCP, que atualmente possui uma dívida com os profissionais médicos. Essa dívida chega ao montante de R$ 12 milhões, sem os valores corrigidos.
A ausência de uma estrutura física adequada no hospital também compõe a pauta de reivindicações.
"Existe uma lei para dar incentivo a médicos que realizam as cirurgias de alta complexidade. Para algumas cirurgias, os médicos devem receber um incentivo de 20%. Por exemplo, se o valor da cirurgia é de R$ 100, eles recebem R$ 120", disse Walber.
Ele destacou que esse tipo de cirurgia representa um total de 75% das cirurgias oncológicas. "No HCP, esses honorários (20%) não estão sendo pagos aos médicos. Fizemos um levantamento com todos os médicos cirurgiões e, há mais de sete anos, eles estão perdendo 20% do salário", denuncia.
"O Hospital de Câncer de Pernambuco nos informou que termina o mês com uma dívida de R$ 1.800.000. Isso só pode acarretar em desassistência à população. Faltam medicações, há exames suspensos, o ar-condicionado não funciona no ambiente de quimioterapia e quatro salas do bloco cirúrgico estão interditadas."
Ainda de acordo com Simepe, os médicos das unidades de terapia intensiva (UTI) do HCP alegam que, se a situação assim continuar, não têm mais condições de trabalhar no hospital a partir do próximo mês. "Eles dão suporte a paciente de 30 leitos de UTI adulto."
Mais de 100 médicos do corpo clínico do Hospital de Câncer de Pernambuco participaram da assembleia, realizada de forma híbrida: presencial na sede do Simepe e virtual, através de uma plataforma de videoconferência. Para o presidente do Simepe, Walber Steffano, a decisão é um reflexo da falta de apresentação de propostas razoáveis e objetivas pelo Hospital de Câncer de Pernambuco.
"Essa deliberação tem o intuito de buscar todas as melhorias necessárias para o trabalho do HCP. Os colegas médicos, em absoluta unanimidade, optaram por fazer a paralisação, em forma de protesto contra as péssimas condições de trabalho e a falta de respeito com a categoria, em relação ao seu trabalho", diz Walber.
"Esperamos que a gestão do HCP tenha sensibilidade e traga propostas de melhorias, tanto para os médicos quanto para a população que usufrui da unidade hospitalar", pontuou Walber.
Nesta terça-feira (7), segundo o Simepe, todas as partes e órgãos de fiscalização e gestão serão notificados, através de ofício, do movimento de paralisação que será iniciado pela categoria no HCP.
"O Simepe segue firme na luta, cobrando os direitos dos médicos do hospital que lutam por atualização dos pagamentos de salários, condições de trabalho dignas e valorização profissional", diz, em nota, o sindicato.
Em nota divulgada em rede social, a direção do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) diz lamentar o fato de a proposta feita ao Simepe, referente à ação ajuizada pelo mesmo, em 12 de novembro de 2022, não tenha sido aceita.
"O HCP esclarece que, apesar do entendimento de seu departamento jurídico considerar indevida a solicitação, o Conselho Administrativo e superintendentes, por liberalidade, mantêm a proposta de incremento de 20% à remuneração, em reconhecimento à importância de seus profissionais."
MÉDICOS DO HOSPITAL DE CÂNCER DE PERNAMBUCO DECIDEM PARAR ATIVIDADES
O QUE DIZ O HOSPITAL DE CÂNCER DE PERNAMBUCO SOBRE A SITUAÇÃO
CONFIRA A NOTA DO HCP NA POSTAGEM ABAIXO: