Estudo realizado pela Revista Neurology, um dos mais mais importantes periódicos científicos do mundo, comprovou que a covid-19 provocou sequelas neurológicas em pacientes que adquiriram a doença.
O estudo que analisa covid e sequelas neurológicas foi publicado pela Academia Americana de Neurologia. No Brasil, o Hospital Alfa, de Pernambuco, participou das pesquisas a respeito do tema.
Segundo o estudo, o artigo é resultado de uma pesquisa que acompanhou, em 2021, um total de 4.060 mil pacientes que foram diagnosticados com covid e apresentaram, ao mesmo tempo, sequelas neurológicas.
Além do Alfa, no Recife, o projeto reuniu outras 36 instituições de saúde da França, Espanha, México, Colômbia e Estados Unidos.
De acordo com o artigo, dos 4.060 pacientes admitidos com Covid-19 nas instituições avaliadas, um total de 374, ou 9,2%, apresentaram encefalopatia aguda antes ou durante a internação na UTI. Desse total, 199, o que representa 57,7%, tiveram um resultado ruim no seguimento de 90 dias.
A encefalopatia é uma complicação das doenças hepáticas. Essa complicação pode resultar na perturbação da função cerebral.
Também pode provocar mobilidade reduzida e até coma hepático.
A encefalopatia é causada pelas toxinas provenientes da alimentação. Ela ocorre porque o fígado não consegue eliminar essas toxinas. O sangue que vem do sistema digestivo é desviado do seu caminho normal e vai direto para a circulação geral, sem antes passar pelo fígado.
“A proposta do estudo surgiu após uma série de discussões de casos com profissionais da Universidade de Versailles. A ideia era tentarmos avaliar a prevalência de acometimento neurológico junto com a Covid-19 e, principalmente, se esse fato traria algum desfecho diferente para esses pacientes”, explicou o intensivista pernambucano Manoel José Alves da Costa, do Hospital Alfa, e que participou da pesquisa.
A equipe do Alfa acompanhou cerca de 20 pacientes internados em uma das unidades de Terapia Intensiva do serviço e manteve essa avaliação mais próxima após a alta hospitalar, até por um período de 90 dias.
“Neste período, percebemos que o acometimento neurológico nos pacientes com diagnóstico positivo da Covid-19 não era tão comum. No entanto, nos que apresentavam essa características, havia uma maior taxa de morbidade”, completa Manoel.