PRESSÃO ALTA E USO DO CELULAR: risco de HIPERTENSÃO é 12% maior em quem usa CELULAR por 30 minutos ou mais por semana, revela estudo

Pesquisadores analisaram a associação entre a frequência do uso do telefone celular para fazer ou receber chamadas e o diagnóstico de hipertensão
Cinthya Leite
Publicado em 30/05/2023 às 12:05
Uso do celular por períodos mais longos aumentou o risco de hipertensão, revelou estudo Foto: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS


Sobrepeso, consumo excessivo de sal, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e estresse despontam entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da pressão alta. Agora, mais uma condição desponta nessa lista: o uso do celular

Um estudo publicado este mês, na revista científica European Heart Journal - Digital Health, revela que falar ao celular por pelo menos 30 minutos por semana está associado a um aumento de 12% no risco de hipertensão, em comparação com pessoas que utilizam o aparelho por menos tempo. 

"Essa descoberta traz à tona a importância de examinar a relação entre o uso do celular e a saúde cardiovascular. Com quase três quartos da população global possuindo um telefone celular, é crucial entender como esse dispositivo tão presente em nosso cotidiano pode estar relacionado a um risco aumentado de hipertensão", diz o médico cardiologista Audes Feitosa, um dos coordenadores do Serviço de Hipertensão de Pernambuco (SHIP). 

Ele comenta que os celulares emitem baixos níveis de energia de radiofrequência, que podem estar associados ao aumento da pressão arterial após exposição de curto prazo, segundo os pesquisadores do estudo da European Heart Journal - Digital Health. 

Estudos anteriores investigaram essa associação, mas os resultados foram inconsistentes, possivelmente devido à inclusão de diferentes atividades no uso do celular, como mensagens de texto, jogos e vídeos. 

FREEPIK/BANCO DE IMAGENS - Estudo ainda mostra que o uso do recurso de viva-voz não apresentou uma associação significativa com o diagnóstico de hipertensão

"Nesse novo estudo, os pesquisadores analisaram a associação entre a frequência do uso do telefone celular para fazer ou receber chamadas e o diagnóstico de hipertensão em uma amostra de 212.046 participantes do UK Biobank (grande estudo de biobanco de longo prazo no Reino Unido que investiga contribuições da predisposição genética e da exposição ambiental para o desenvolvimento de doenças)", destaca Audes. 

Os resultados mostraram que o uso do celular por períodos mais longos aumentou o risco de hipertensão. Confira:

  • Risco de hipertensão foi de 8% para uso do celular por 30 a 59 minutos;
  • Risco de hipertensão foi 13% para uso do celular por 1 a 3 horas;
  • Risco de hipertensão foi de 16% para uso do celular por 4 a 6 horas;
  • Risco de hipertensão foi de 25% para uso do celular por mais de 6 horas, em comparação com menos de 5 minutos por semana.

Por outro lado, o uso do recurso de viva-voz não apresentou uma associação significativa com o diagnóstico de hipertensão.

"Os pesquisadores também destacaram que os participantes que utilizavam o celular por períodos mais longos e apresentavam um maior risco genético de hipertensão eram particularmente suscetíveis, com uma probabilidade 33% maior de desenvolver a doença", salienta Audes Feitosa. 

"Além disso, a associação entre as chamadas telefônicas e o risco de hipertensão não foi afetada pelo sexo dos participantes, o que indica que essa relação é independente da idade e do sexo."

DIVULGAÇÃO - Para o cardiologista Audes Feitosa, os resultados do estudo sugerem a necessidade de utilizar o celular com moderação, limitando o tempo de uso a menos de 30 minutos por semana. "É uma medida para preservar a saúde cardiovascular", orienta

COMO O USO DO CELULAR AUMENTA A PRESSÃO ARTERIAL?

Segundo o cardiologista Audes Feitosa, os mecanismos que explicam os achados do estudo que relaciona o uso do celular à hipertensão estão relacionados a fatores como o aumento da atividade simpática causado pelo movimento de segurar o telefone durante a chamada, o impacto negativo na saúde mental e nos padrões de sono, que podem levar a danos vasculares, e os possíveis efeitos nocivos dos campos eletromagnéticos de radiofrequência emitidos pelos telefones móveis.

"Apesar das limitações do estudo, como a falta de informações sobre outros usos do celular além das chamadas e a homogeneidade da população analisada, os resultados sugerem a necessidade de utilizar o celular com moderação, limitando o tempo de uso a menos de 30 minutos por semana, como uma medida para preservar a saúde cardiovascular", alerta Audes. 

"Devemos considerar os resultados desse estudo como um alerta para a necessidade de um uso equilibrado do celular", frisa o cardiologista Audes Feitosa " -

Vale frisar que os autores do estudo ressaltam a importância de pesquisas adicionais para replicar esses resultados e confirmar a eficácia da redução no tempo das chamadas como uma estratégia de prevenção primária da hipertensão.

"É essencial realizar mais estudos para aprofundar nosso entendimento sobre essa relação e explorar possíveis medidas de proteção para a saúde física e mental diante do uso cada vez mais frequente dos smartphones. Considerando a onipresença dos dispositivos móveis em nossa sociedade atual, é imprescindível que sejam conduzidas pesquisas rigorosas para avaliar os impactos do uso do celular na saúde", destaca. 

Para o cardiologista, esses estudos podem fornecer subsídios para o desenvolvimento de diretrizes e recomendações que promovam o uso consciente e seguro de celulares e smartphones.

"A conscientização sobre os potenciais riscos associados ao uso excessivo do celular para a saúde cardiovascular é fundamental. Enquanto aguardamos novas descobertas científicas, é prudente adotar uma abordagem equilibrada e utilizar o celular com moderação, priorizando a redução do tempo de uso e buscando alternativas para manter uma vida social saudável e ativa."

A era digital trouxe inúmeras conveniências, mas também traz consigo desafios e questões relacionadas à saúde que requerem nossa atenção e ação responsável.

"Devemos considerar os resultados desse estudo como um alerta para a necessidade de um uso equilibrado do celular, reconhecendo os potenciais riscos e adotando medidas para proteger nossa saúde cardiovascular. É fundamental continuar pesquisando e aprofundando nosso conhecimento nessa área para fornecer orientações adequadas e promover um uso seguro e saudável dos dispositivos móveis", finaliza Audes Feitosa. 

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