Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
Existem vários fatores que afetam a qualidade do sono todas as noites, entre eles, a escolha do travesseiro. Dormir com uma almofada que não seja adequada pode levar a dores de cabeça e na coluna cervical, especialmente no pescoço e nos ombros. Por isso, saber determinar qual é o melhor produto é essencial para acordar revigorado e sem incômodos pelo corpo.
Diante de tantas opções, como saber qual a melhor? A primeira orientação é escolher o modelo do travesseiro de acordo com a posição que mais gosta de dormir. Não existe nenhuma evidência científica de que dormir de barriga para cima, de barriga para baixo ou de lado seja melhor ou pior para a coluna – essa escolha é muito particular de cada pessoa.
Então, quando estiver preparado para adormecer, a dica é passar alguns minutos deitado de costas, de lado e de bruços para descobrir qual dessas posições parece ser mais confortável.
"É importante saber a posição que a pessoa dorme antes de comprar um travesseiro. Se ela dorme de lado, o tamanho adequado do travesseiro deve ser da altura entre a orelha e a parte lateral do ombro. Assim, vai alinhar com a coluna cervical de forma confortável", diz o ortopedista Luciano Miller, cirurgião da coluna do Hospital Israelita Albert Einstein.
"Se pessoa dorme de barriga para cima ou de bruços, precisará de um travesseiro um pouco mais baixo, razoavelmente plano, para fazer o alinhamento correto."
O médico acrescenta que existem alguns trabalhos que mostram que a escolha correta do travesseiro é fundamental para a diminuição da dor cervical. Ele diz que o paciente que tem uma dor cervical crônica, mais relacionada à postura, pode sentir dores no trapézio, nos ombros ou na nuca e, se não houver alterações musculares ou compressão de nervos, a escolha correta do travesseiro ajuda bastante na diminuição da dor.
"Para pacientes que têm graus elevados de comprometimento da coluna por compressão de nervos ou de discos, somente a escolha correta do travesseiro não vai fazer tanta diferença. Mas se a dor estiver somente relacionada à postura, esses pacientes se beneficiam muito com o travesseiro correto", afirma o cirurgião.
É importante escolher o modelo em uma loja física para poder experimentá-lo e definir qual a pessoa se adapta melhor.
Também é válido avaliar a estrutura e o material: se é feito de plumas, de algodão, se é viscoelástico, se é multicamadas, se é sintético, entre outras opções. O médico explica que não existe um melhor do que o outro – a escolha é pessoal.
"Por isso, recomendamos experimentar antes de comprar. Se ele tiver uma estrutura muito mole, por exemplo, por mais que ele tenha a altura adequada no momento da compra, ele pode afundar demais quando a pessoa deita e a coluna cervical não vai conseguir se manter alinhada", orienta. Isso porque a cabeça de um adulto pesa de três a cinco quilos, então, a estrutura do travesseiro precisa suportar esse peso.
Segundo Miller, os travesseiros que têm mais aceitação geralmente são os viscoelásticos, por serem mais maleáveis e se moldarem melhor à cabeça. Os multicamadas (que possuem opções de regulagem de altura) também são recomendados porque permitem que a pessoa encontre a altura ideal e vá se adequando conforme o tempo e a posição em que ela dorme.
Já no caso de opções de modelos feitos de espuma mais dura ou de mola ensacada, o ortopedista diz que é preciso escolher a medida da altura correta porque eles deformam menos e, se forem muito altos, podem ser ruins para a pessoa dormir.
Quando é a hora de trocar de travesseiro?
Depois de escolher o modelo que melhor se adequa às necessidades pessoais, é preciso ficar atento à durabilidade do travesseiro – as estruturas costumam durar de três a cinco anos.
Depois desse período, é recomendado comprar um novo. Um dos sinais de que é hora de trocar é quando a pessoa consegue dobrá-lo ao meio ou precisa ficar arrumando o travesseiro com as mãos para conseguir apoiar a cabeça corretamente.
"Depois desse período, vale a pena trocar de travesseiro porque após um tempo, com o uso, a estrutura original não se mantém e vai perdendo o benefício. Se a pessoa percebe que o travesseiro está deformando e não retorna à posição original, já pode pensar em comprar um novo", reforça o ortopedista.
Além da questão da dor cervical, outro fator que importa na escolha do modelo de travesseiro está relacionado a possíveis alergias.
"Quando a pessoa dorme, pode sair secreção dos olhos, do nariz e da boca. Quando transpira, o suor vai para o travesseiro, que acaba se transformando em um grande depósito de ácaros. Com os anos, uma porcentagem do peso dos travesseiros é de ácaros. Por isso, é bom escolher o modelo mais adequado e trocar na hora certa", alerta.
Impacto na qualidade do sono também
Um bom travesseiro também tem impacto direto na qualidade do sono. O alinhamento correto da coluna vai ajudar a relaxar a musculatura e, consequentemente, a noite de sono será melhor.
"Qualquer item que esteja sobre a cama vai interferir na qualidade do sono. Pode ser o travesseiro, o cobertor, a densidade do colchão. Mas, falando especificamente do travesseiro, é importante que a pessoa use um que permita ficar numa posição neutra e confortável (com a coluna alinhada)", diz a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ela explicou que é importante escolher o modelo adequado porque, quanto mais profundo for o sono, menor a capacidade da pessoa reagir a momentos de incômodo, como uma possível dor no pescoço.
"Se a pessoa dorme com um travesseiro que a incomoda só um pouco ou quase nada, ou que não a coloca numa posição muito confortável, ou que a deixa com a cabeça muito caída, pode ser que durante o sono ela não sinta. Mas, ao acordar, vai sentir o efeito daquela posição que não estava muito agradável. Imagine isso acontecendo ao longo do tempo."
A neurologista complementa que isso vai gerar dores e incômodos e, muitas vezes, a pessoa nem percebe de onde está vindo. "E pode ser que venha do travesseiro", alerta a neurologista.