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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
EFEITO DA PANDEMIA

Covid-19 diminui expectativa de vida em 1,7 ano em Pernambuco, diz estudo

No Brasil, impacto negativo foi de 2,8 anos. Pesquisador da Fiocruz Pernambuco integra equipe do trabalho

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 25/03/2024 às 10:45
Foto mostra um dos pontos de testagem que funcionaram em Pernambuco no auge da pandemia de covid-19
Foto mostra um dos pontos de testagem que funcionaram em Pernambuco no auge da pandemia de covid-19 - DAY SANTOS / JC IMAGEM

A expectativa de vida ao nascer diminuiu 1,6 ano no mundo no período entre 2019 e 2021, o que leva a uma quebra de tendência histórica de aumento contínuo. No Brasil, a queda foi ainda maior, de 2,8 anos.

O estudo também esmiuçou os números de cada Estado brasileiro. Em Pernambuco, por exemplo, a expectativa de vida em 2019 era de 75,7 anos e caiu para 74 anos em 2021, uma diferença negativa de 1,7 ano. Isso significa um índice percentual apenas 6% maior do que o global.

Os dados ratificam o impacto da pandemia da covid-19 sobre a saúde humana ao redor do globo.

A análise faz parte de artigo publicado na revista científica britânica The Lancet e foi obtido a partir de trabalho realizado por um grupo de estudo internacional chamado Global Burden of Diseases (Carga Global das Doenças). O trabalho conta com a participação do epidemiologista Rafael Moreira, pesquisador do departamento de Saúde Coletiva, da Fiocruz Pernambuco. 

Estudo contou com a participação do epidemiologista Rafael Moreira, pesquisador do departamento de Saúde Coletiva, da Fiocruz Pernambuco - FIOCRUZ PE/DIVULGAÇÃO

Os pesquisadores se debruçaram sobre dados de 204 países, além de 811 regiões, Estados e cidades. Globalmente, a expectativa de vida estava em 73,3 anos no ano de 2019. Em 2021, diminuiu para 71,7. No Brasil, a esperança de vida ao nascer era de 76,5 anos em 2019, ficando em 73,7 anos em 2021. A redução nacional foi 75% maior quando se compara com o número mundial.

Entre os 204 países pesquisados, apenas 32 (15,7%) tiveram um aumento na esperança de vida.

"É importante entender as características das regiões que, mesmo com a covid-19, mantiveram a tendência de aumento na expectativa de vida. Entre as que apresentaram redução, é preciso compreender o que motivou a queda ser menor ou maior. Ao entender esses perfis e captar as distinções, poderemos pensar em ações de enfrentamento para futuras pandemias", ressalta Rafael Moreira.

O epidemiologista ainda reitera que a pesquisa é "uma evidência científica de que a covid-19 foi um evento grave de saúde pública". 

Ele salienta que, a partir do artigo publicado na The Lancet, ficou claro que eventos mundiais em saúde pública afetam a esperança de vida de uma população e, a depender do nível socioeconômico e do modelo de enfrentamento de cada região, a problemática pode ser ainda maior para salvar vidas.

"Vários fatores estão envolvidos nessas distinções, mas a pandemia e o manejo dela foram os fatores que
mudaram o curso do progresso do aumento da esperança de vida ao nascer", acrescenta Rafael Moreira.

Mortalidade geral durante a pandemia de covid-19

Estima-se que 131 milhões de pessoas morreram em todo o mundo entre os anos de 2020 e 2021.

Desse total, 15,9 milhões de mortes (12%) foram provocadas diretamente por causa da infecção pelo coronavírus e indiretamente devido a outras mudanças sociais, econômicas ou comportamentais associadas à pandemia.

Mortalidade infantil durante a pandemia de covid-19

Apesar da diminuição global na expectativa de vida, os pesquisadores atestaram que a mortalidade
infantil continuou em queda mesmo no período pandêmico.

Em 2019, foram registradas 5,21 milhões de mortes entre meninos e meninas menores de 5 anos.

Em 2021, foram 4,66 milhões de mortes. Ou seja, foram cerca de 550 mil óbitos a menos.

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