Após semanas em situação crítica por causa da explosão de casos de adoecimento por vírus respiratórios, o Brasil apresenta cenário de manutenção da melhora nas internações de síndrome respiratória aguda grave (srag), especialmente por influenza A (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR).
Esse panorama foi divulgado nesta quinta-feira (13/6) pelo o Boletim InfoGripe da Fiocruz. /Referente à semana epidemiológica 23, de 2 a 8 de junho, o estudo tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 10 de junho.
No panorama nacional, observa-se um quadro de estabilização ou de queda no número de novos registros na maior parte dos Estados. As exceções são as regiões Norte e Sul, que ainda mostram aumento, além do estado de Minas Gerais.
Ao analisar o agregado do País, há sinal de queda nas internações de srag na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de estabilização na de curto prazo (últimas três semanas).
O estudo ressalta ainda que, em função da situação atual do Rio Grande do Sul, os dados das semanas recentes devem ser analisados com cautela em razão de eventuais impactos na capacidade de atendimento e registro eletrônicos de novos casos de srag no Estado.
Na região Norte, onde ainda há ritmo de crescimento, o alerta fica para o VSR, especialmente nas crianças pequenas. Já o Sul, apesar de ter apresentado sinal recente de interrupção, voltou a trazer aumento no número de novos casos semanais tanto do VSR nas crianças pequenas quanto da influenza A nos idosos. Já em Minas Gerais, o crescimento se apresenta principalmente na população de idade mais avançada.
Pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes comenta sobre o estado mineiro. "Ainda não temos clareza nos dados laboratoriais, no entanto, pelo cenário do restante do país, tudo leva a crer que se trate de ocorrências associadas ao vírus influenza A", afirma Gomes.
Em relação à covid-19, há estabilidade em patamares relativamente baixos no número de novos registros no quadro nacional, com exceção do Ceará e alguns outros estados da região Nordeste, mas que ainda não indicam retomada clara neste momento.
Contudo, a pesquisadora do InfoGripe e do Procc/Fiocruz Tatiana Portella faz um alerta para a população de idade avançada. "Mesmo que o vírus da covid-19 esteja circulando em baixa proporção no País, ele continua sendo uma das principais causas de óbito por vírus de transmissão respiratória entre os idosos", destaca.
Diante desse quadro, os pesquisadores relembram a necessidade da vacinação tanto da covid-19 quanto da influenza A, em especial aos grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com comorbidades.
Além disso, o uso de boas máscaras (PFF2, N95, KN95) é recomendado em caso do surgimento de sintomas de síndromes gripais e na ida a postos médicos, ajudando na não transmissão das doenças.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (22,3%), influenza B (0,5%), vírus sincicial respiratório (54,6%) e coronavírus/covid-19 (4,9%).
Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (46,4%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (23,7%) e coronavírus/covid-19 (22,4%).