Tema ainda é tabu: mais de 70% mulheres do Norte e Nordeste consideram que saúde íntima impacta na autoconfiança
Levantamento mostra que quase 30% das entrevistadas sentem vergonha em comprar remédios para saúde íntima e 11% não conversam com ninguém sobre o tema
Uma pesquisa do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), encomendada pela marca Gino-Canesten, revela que mais de 70% das mulheres que vivem no Norte e Nordeste do Brasil afirmam que, quando a saúde íntima está em dia, elas se sentem melhores e mais confiantes.
O levantamento foi realizado neste ano e entrevistou mil mulheres internautas das duas regiões, com idade entre 16 e 60 anos, das classes A, B e C.
Os receios e os hábitos das mulheres, assim como o conhecimento delas sobre saúde íntima, foram investigados. Entre os resultados, um se destaca: o tema ainda é considerado um tabu para boa parte delas, pois mais da metade das entrevistadas sentem vergonha ou um certo desconforto em falar sobre a própria saúde íntima.
A pesquisa em parceria com o Ipec faz parte da estratégia da marca Gino-Canesten de desenvolver uma campanha de consicentização sobre saúde íntima para mulheres e pessoas com vagina, focada nas regiões Norte e Nordeste.
"Por meio da educação, buscamos empoderar as pessoas a cuidarem melhor de sua saúde, e contribuir para que nossos consumidores possam se libertar da vergonha e do desconforto, para uma saúde íntima e sexual livre de tabus", afirma a diretora de Marketing da Bayer Consumer Health no Brasil, Cristina Hegg.
Veja outros achados da pesquisa:
- 28% das entrevistadas sentem vergonha ou desconforto em comprar medicamentos para a saúde íntima
- 23% sentem vergonha de falar ou ouvir a palavra "vulva"
- 39% sentem vergonha da palavra "PPK", ao se referirem à região íntima
- 33% das entrevistadas só vão ao ginecologista em alguma necessidade pontual. Entre as mulheres que não vão ao ginecologista com regularidade, cerca de 10% afirmam que sentem vergonha
- 58% dizem que o médico ginecologista é a pessoa com quem elas costumam conversar sobre saúde íntima
- 47% preferem conversar sobre o tema com as amigas
- 11% delas afirmaram não conversar com ninguém sobre o assunto, dado que reforça a importância de normalizar cada vez mais esse debate, para que ninguém tenha vergonha de se conhecer e saber mais sobre a própria saúde
Outro resultado relevante da pesquisa: cerca de metade das entrevistadas (48%) afirmam que se sentem apenas parcialmente informadas sobre sua saúde íntima.
Com relação aos meios em que buscam informações sobre o tema, a pesquisa apontou que a internet e as redes sociais são a fonte mais comum, e os consultórios médicos são o segundo meio mais procurado (ambos com mais de 60% das respondentes) – dado que também traz um alerta, visto que muitas não costumam se consultar com frequência.
Saúde íntima: 60% das mulheres do Norte e Nordeste já tiveram infecções como candidíase ou vaginose
A pesquisa mostrou ainda que 3/5 das respondentes já tiveram infecções como candidíase ou vaginose, sendo a candidíase a mais comum.
Com uma incidência bem menor (14%), a vaginose bacteriana também é desconhecida por boa parte das mulheres: 40% delas afirmaram nunca terem ouvido falar da infecção.
Além disso, 15% afirmaram que não saberiam identificar um corrimento normal de um causado por uma infecção, e 14% que não conhecem muito bem o cheiro da própria vagina, dificultando a identificação de um problema de saúde.
Percebida geralmente a partir de mudanças no odor e na cor do corrimento vaginal, a vaginose acontece quando o pH da flora vaginal está em desequilíbrio.
A vaginose é uma infecção simples de ser tratada. Porém, quando percebemos sintomas que não sabemos identificar, esse desconhecimento pode gerar ansiedade e medo, bem como a demora pela busca de um diagnóstico e tratamento adequados.
Segundo a ginecologista e terapeuta sexual Ludmila Andrade, é importante conhecer e observar as secreções diárias. "Um dos principais sintomas da vaginose é corrimento acinzentado, com um odor forte (que se assemelha a peixe podre), uma piora durante a relação sexual e durante o periodo menstrual, além do grande incomodo na região", explica Ludmila.
"Já a candidíase tem como principais sintomas um corrimento esbranquiçado meio esverdeado (semelhante a leite coalhado), além de causar coceira e ardência vagina."
A médica também reforça que os tratamentos para ambas as infecções (candidíase e vaginose) são distintos, mas são simples e de curta duração.
"Para a candidíase, geralmente são usados tratamentos antifúngicos à base de clotrimazol, como cremes vaginais que são aplicados ao longo de três a sete dias, por exemplo, ou comprimidos vaginais que necessitam apenas uma aplicação", diz Ludmila.
"Para tratar a vaginose, o recomendado normalmente é o uso de antibióticos em forma de comprimido ou de creme vaginal, por cerca de sete a catorze dias (de acordo com a orientação do médico). Contudo, já existem no mercado opções de produto para a saúde que ajudam a reequilibrar o pH e a flora vaginal, com tratamento dos sintomas", acrescenta a médica.