Doença falciforme: conheça mitos e verdades

A condição afeta as hemácias, deixando-as com formato de foice. Isso causa complicações graves ao paciente e só pode ser adquirida geneticamente

Publicado em 02/10/2024 às 11:56 | Atualizado em 02/10/2024 às 12:07

A doença falciforme é uma doença genética e hereditária caracterizada pela mutação dos glóbulos vermelhos, fazendo com que as hemácias adquiram um formato de foice. Esse distúrbio causa ao paciente crises de dor, anemia severa e até danos aos órgãos. 

Segundo o Programa Nacional de Triagem Neonatal, do Ministério da Saúde, cerca de 3,5 mil bebês nascem com doença falciforme todos os anos no Brasil. Sem tratamento, as complicações podem ser fatais nos primeiros anos de vida.

A doença falciforme está diretamente associada a redução da expectativa de vida dos pacientes que a possuem. Segundo um estudo, publicado na Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e realizado com base nos dados das certidões de óbito registradas no país entre 2015 e 2019, a doença provoca uma redução de 37 anos na expectativa de vida: de 69 anos na população geral para 32 anos nas pessoas com a doença.

Embora não tenha exatamente uma cura, o diagnóstico precoce é essencial para garantir tratamento adequado e qualidade de vida aos pacientes. Cerca de 60 mil pessoas vivem com doença falciforme no Brasil, e muitos boatos acerca da condição circulam entre a população. Confira a seguir alguns mitos e verdades sobre doença falciforme

O principal meio de diagnóstico é o teste do pezinho 

Verdade. O diagnóstico precoce é a chave para garantir o tratamento adequado e bem-estar do paciente. A doença deve ser diagnosticada nos primeiros momentos de vida através do teste do pezinho. 

É crucial que a população esteja informada sobre as dificuldades vividas por pessoas com doença falciforme, uma condição que gera várias complicações tanto a curto quanto a longo prazo. A triagem neonatal é o principal passo para enfrentar esse desafio, pois permite a detecção precoce e o encaminhamento adequado dos pacientes a centros especializados.

Nessas unidades, os pacientes podem receber acompanhamento contínuo, realizar exames e ter acesso aos cuidados necessários. Esse processo é fundamental para garantir uma qualidade de vida melhor, já que a maioria dos pacientes convive com a doença por toda a vida.

A doença falciforme tem cura 

Depende. Os pacientes podem passar por tratamentos como hidroxiureia, antibióticos e transfusões de sangue, que podem minimizar efeitos da doença falciforme, oferecendo maior bem-estar no dia a dia.

A cura só é possível em alguns casos, a partir do transplante de medula óssea, entretanto, os pacientes transplantados ainda devem ser acompanhados continuamente por um médico.

É uma anemia, mas o excesso de ferro no sangue é uma ameaça 

Verdade. Atualmente, transfusões de sangue são amplamente utilizadas no tratamento de pacientes, mas podem causar acúmulo de ferro no organismo, o que pode danificar órgãos vitais, como coração e fígado.

A terapia de quelação, que usa agentes para remover o excesso de ferro, é o tratamento padrão, mas nem sempre é indicada devido a contraindicações ou intolerância. Como alternativa, novas abordagens terapêuticas estão sendo desenvolvidas para eliminar o ferro de forma mais segura e eficaz, visando minimizar os danos causados pela sobrecarga crônica.

Doença falciforme pode evoluir para câncer 

Mito. Apesar de estar relacionada a fatores genéticos do sangue, a doença falciforme não se desenvolve em câncer, a menos que haja predisposição para isso.

Enquanto a doença falciforme e a talassemia afetam os glóbulos vermelhos, doenças como a leucemia atingem principalmente os glóbulos brancos.

A doença afeta somente pessoas negras 

Mito. Embora a doença falciforme seja mais comum em pessoas afrodescendentes, devido à sua origem no gene HbS, de origem africana, a miscigenação racial em um mundo globalizado faz com que ela possa surgir em indivíduos de qualquer etnia.

Doença falciforme só pode ser transmitida geneticamente 

Verdade. A doença falciforme só pode ser transmitida geneticamente, de uma geração para outra, por meio de herança mendeliana. Não há risco de contágio por contato entre indivíduos.

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